CAMACHO,
Cónego Manuel Francisco
Era
natural da freguesia do Curral das Freiras, onde nasceu a 2 de
Agosto de 1877, tendo falecido no Funchal, no dia 14 de Dezembro
de 1970, aos 93 anos de idade. Era filho de
José Militão
Camacho e de Maria do Monte.
Em
1897, já depois de ter feito alguns estudos secundários,
ingressou no Seminário do Funchal, tendo-se ordenado presbítero
a 2 de Outubro de 1904. Nesse mesmo ano é nomeado escrivão do
Juízo Eclesiástico, cargo que exerceu até 1917.
A
5 de Março é nomeado cura de Santa Maria Maior,
responsabilidades em que se mantém até 1912. No dia 1 de
Outubro deste ano, num período particularmente difícil para a
igreja católica, motivado pela separação entre o estado e a
igreja, foi nomeado vice-reitor do seminário do Funchal,
manifestando nesse cargo elevada prudência aliada a uma grande
firmeza.
A
1 de Outubro de 1917 é nomeado pároco de S. Jorge. No dia 28
de Agosto, seis dias depois da criação do Arciprestado de S.
Jorge, é nomeado seu
primeiro arcipreste.
Por
provisão de 17 de Outubro de 1922, é transferido para a vila
da Ponta do Sol, onde se mantém até 1924. No dia 24 de Janeiro
de 1924 é nomeado cónego capitular da Sé, tendo tomado posse
do lugar a 1 de Fevereiro do mesmo ano. Por Provisão de 1 de
Fevereiro de 1924 é nomeado vigário geral da Diocese, sendo
nessa altura elevado à dignidade de prelado doméstico de Sua
Santidade Pio XI, com o título de monsenhor.
Nesse
mesmo ano, assume as funções de juiz do Tribunal Eclesiástico
e de Reitor da igreja de S. João Evangelista.
Após o falecimento do bispo D. António Manuel Pereira
Ribeiro, ocorrido a 22 de Março de 1957, foi eleito vigário
capitular Sede Episcoli Vacante pelo cabido da Sé do Funchal,
tendo governado nessa qualidade até ao dia 8 de Dezembro de
1957, altura em que entrou em funções o novo prelado D. David
de Sousa.
A
acção desenvolvida por monsenhor cónego Manuel Francisco
Camacho na Diocese foi muito vasta e abrangeu diversos campos de
actividade: entre 1907 e 1917 foi capelão da capela da Vitória,
em São Martinho; entre 1923 e 1927 prestou assistência
religiosa no Hospital da Santa Casa da Misericórdia; entre 1927
e 1947 foi capelão da Casa-mãe da Congregação das Irmãs de
Nossa Senhora das Vitórias; foi durante vários anos assistente
eclesiástico da Juventude Católica; colaborou na imprensa católica
do Funchal, datando de 1904 os seus primeiros escritos, tendo
sido director e editor do Boletim Eclesiástico do Funchal,
entre 1 de Março de 1912 e 1 de Junho de 1918; foi provedor da
Santa Casa da Misericódia durante vários períodos de 1928 a
1935 e de 1954 a 1958; foi tesoureiro da Comissão de Assistência
aos Indigentes da Madeira entre 1937 a 1960; foi presidente da
Comissão responsável pela Direcção do Museu Diocesano de
Arte Sacra, cargo que exerceu desde a fundação do museu até
à sua morte. Foi devido ao seu esforço e denotado espírito de
sacrifício que se conseguiu transferir o hospital desde a
avenida da Arriaga, para os Marmeleiros [1],
[2].
Para
além da sua actividade religiosa, social e cultural, haverá a
registar ainda uma breve passagem pela política, através da
sua nomeação para vogal da comissão administrativa da Câmara
Municipal de Câmara de Lobos, para o triénio de 1905-1907,
cargo para que foi empossado em 2 de Janeiro de 1905 [3],
mas cujo mandato, não chegou a terminar.
Jornal da Madeira, 27 de Julho de 1952.