Cemitério da Quinta Grande
O adro da capela da Vera Cruz,
desde tempos remotos serviu de cemitério, o que sempre originou o
eclodir de problemas motivados pelo facto da população o invadir e
nele realizar folguedos, por ocasião de festejos e romarias, sem o
menor respeito pelos mortos.
A 16 de Fevereiro de 1898 tanto o
vigário, como o regedor da Quinta Grande dirigem-se à Câmara,
solicitando o aumento do cemitério que, no seu dizer, se encontrava na
totalidade preenchido. A esta petição a Câmara, responde mandando
elaborar a respectiva planta e organizar um orçamento suplementar para
fazer frente às obras necessárias
Na sessão camarária de 8 de Junho
de 1898 é presente a planta que merece aprovação da Câmara, decisão
essa confirmada em reunião da Comissão Distrital de 20 de Setembro
desse ano, tendo as respectivas obras sido adjudicadas no dia de 3 de
Maio de 1899
[1], a Manuel Gonçalves Lopes da Quinta Grande, pelo
valor de 167.000 reis.
Contudo, apesar de ampliado,
a necessidade de construção de um novo cemitério surge, cerca de 10
anos mais tarde, através do Diário da Madeira de 30 de Outubro de
1913, como uma medida que se impunha, ideia que
depressa haveria de ganhar adeptos e obriga a Câmara a fazer opções
nesse sentido.
Com efeito, na sua edição de 5
de Novembro de 1929 O Jornal informa que havia-se deslocado à
Quinta Grande o Dr. Adolfo de Sousa Brazão, o Dr. João Artur Soares
Henriques, o Dr. Estanislau Pereira e José de Barros Júnior para exame
do local onde iria ser construído o novo cemitério, uma vez que até ao
momento os defuntos continuavam a ser enterrados no adro da capela da
Vera Cruz. Dias mais tarde, O Jornal de 15 de Janeiro de 1930,
dava conta de que haviam estado na Quinta Grande os Srs. Dário Flores
e José da Corte no sentido de elaborarem a planta do novo cemitério.
Apesar de se encontrarem em
curso as iniciativas camarárias no sentido de dotar a Quinta Grande de
um novo cemitério, o correspondente de O Jornal naquela
freguesia, inconformado com a morosidade do processo, numa sua crónica
publicada no dia 19 de Fevereiro de 1930, volta a denunciar a falta de
respeito pelos mortos na Quinta Grande, afirmando, nomeadamente que o
adro da capela da Vera Cruz é que servia de cemitério e quando havia
festividades, era neste local que tinha lugar a respectiva animação.
Além disso, de acordo com José Mendes, regedor da Quinta Grande,
estavam a ser abertas sepulturas de três anos, ainda que se estivessem
a providenciar esforços no sentido da construção de um novo cemitério.
Na sua edição de 27 de Maio de
1930, o Jornal, através do seu correspondente em Câmara de Lobos,
volta uma vez mais a denunciar a falta de respeito pelos mortos, na
Quinta Grande, ao referir que uma vez que era no adro da Capela de
Nossa Senhora da Vera Cruz, onde eram enterrados os mortos e o mesmo
espaço era também onde se fazia a animação, a quando das festividades.
Em 1930, de acordo com O
Jornal, na sua edição de 1 de Julho é novamente referido que se
projectava mudar o cemitério da Quinta Grande desde o adro da Capela
da Vera Cruz para outra localização dada a pouca capacidade do então
existente. Na altura tinha apenas uma área de 161 metros quadrados e,
devido à sua exiguidade estavam a fazerem-se covais antes de terminado
o prazo legal.
No entanto, a situação
mantinha-se no impasse, apesar de, segundo O Jornal de 7 de
Agosto de 1931, ter sido escolhido e aprovado o respectivo terreno.
Relembra, ainda este órgão de
informação que os mortos continuavam a serem enterrados no adro da
capela da Vera Cruz tal como no século XV e onde se bailava e cantava
nos dias de arraial, isto para além de estarem a ser abertos cavais
com três e 4 anos após a última inumação.
Contudo, em vez da construção de
um novo cemitério, a Câmara volta a optar pela ampliação do existente
e, na sessão camarária de 17 de Julho de 1936 foi presente o projecto
de ampliação do cemitério da Quinta Grande, da autoria de Ângelo
Menezes Marques, bem como o respectivo orçamento, tendo a Câmara em 15
de Janeiro de 1937 deliberado iniciar as suas obras por administração
directa. Na sessão de 2 de Abril a Câmara volta a abordar as obras do
cemitério, desta vez para deliberar a sua conclusão, também por
administração directa.
Contudo, o problema do cemitério
da Quinta Grande ainda não havia ficado definitivamente sanado com
estas obras, uma vez que na sessão camarária de 6 de Junho de 1945, do
plano de actividades da Câmara para ano seguinte, constava a
construção de um novo cemitério, sendo de cerca de 100 mil escudos o
seu custo previsível.
Desta necessidade, a Câmara
aliás dá conta à Direcção de Melhoramentos Rurais, ao responder nessa
conformidade, na sessão camarária de 14 de Outubro de 1953, a um
ofício em que esta entidade lhe pedia informações sobre os cemitérios
a melhorar ou a construir no concelho, situação que viria, no entanto,
a não ter qualquer continuidade.
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