Centro de Bem-Estar Social
de Câmara de Lobos
O Centro de Bem-Estar
Social da freguesia de Câmara de Lobos esteve instalado num edifício
de três pisos, hoje inexistente, e situado junto à Praça da
Autonomia. É provável que a sua entrada em funcionamento tenha
acontecido em data próxima anterior a Agosto de 1973, uma vez que no
dia 10 de Agosto de 1973, esta infraestrutura que já estaria em
actividade, foi alvo de uma visita, em estilo de inauguração, por
parte do Coronel António Braamcamp Sobral, Governador do Distrito
que se fez acompanhar pelos Srs. Eng. Manuel de Sousa, presidente
substituto da Junta Geral do Distrito, Dr. António Agrela Gomes
Loja, presidente da Câmara Municipal do Funchal, professor Eleutério
Aguiar, deputado da Nação, Dr. Vasco Reis Gonçalves, presidente da
Câmara Municipal de Câmara de Lobos, Eng. Artur Vaz Tomé, presidente
da Comissão Distrital de Assistência, Dr. Carlos França Dória,
representando a Comissão Distrital da Acção Nacional Popular, Dr.
Jorge Luís Acciaiuoli de Freitas, chefe da Divisão Regional do
Serviço Nacional de Emprego e vice-presidente da Comissão Distrital
de Assistência, e de outras entidades, do Funchal e do concelho de
Câmara de Lobos.
No rés-do-chão localizava-se uma vasta sala de convívio, dotada de
receptor de televisão e de um bar para servir refrigerantes e café;
o piso superior estava dotado de uma sala-biblioteca, que servia à
reunião de técnicos que ali trabalhavam e de recepção aos visitantes
e frequentadores (nesta altura 110 raparigas e 97 rapazes — estes em
idade escolar).
No piso mais alto estava instalada uma cozinha, pequena, mas bem
apetrechada, com fogão, frigorífico e esquentador, onde eram
preparadas as merendas para as crianças e ministradas aulas de
culinária às raparigas inscritas no Centro. Ao lado situava-se a
sala de jantar polivalente, como todas as outras, e um outro
compartimento para trabalhos manuais e aula de Economia doméstica.
No discurso de ocasião, o Presidente da Comissão Distrital de
Assistência diria: O aspecto sociológico dos tempos livres
modernos é complexo e diversificado.
Para os países mais progressivos, a época do ócio já chegou, e cada
vez mais, não deixará de adquirir maior importância por um lado vai
aumentando o número daqueles a quem vai afectando; por outro lado a
natureza do próprio se modifica, a sua qualidade afina-se, e
personaliza-se por outro lado ainda as horas e os dias que se podem
consagrar ao ócio aumentam sem cessar.
Cultura, arte, ócio deixaram de ser exclusivo de uma classe social
privilegiada, para converter-se, ultrapassada a fase de
reivindicação, em património da comunidade. Deixará de ser um curto
momento reparador das fadigas do trabalho para passar a ser um
período de criação, de imaginação e também da formação de
personalidade humana.
O problema do ócio desemboca no problema de ensino do ócio. A falta
dele, o ócio converte-se em ociosidade.
Compreende-se, portanto a importância que o bem-estar social
desempenha nas sociedades modernas, mormente, quando o nível das
residências não propicia condições aceitáveis; de habitação.
Este Centro de Bem-estar Social pretende efectivamente, iniciar uma
resposta a esta exigência do nosso tempo.
O nível das suas instalações pensamos poder satisfazer a todas as
classes sociais que mesmo é dizer, sem discriminação social.
O Centro de Bem-estar Social de Câmara de Lobos é, antes de mais, um
centro de convívio, com actividades de recreação, projecções de
filmes e reuniões de massa.
Propõe-se a ocupação de tempos livres, dos jovens,
proporcionando-lhes a utilização, de uma biblioteca, sala de
leitura, televisão, de trabalho e de outras actividades; a formação
familiar (economia doméstica, higiene, cozinha); actividades com
crianças; a constituição de grupos de estudo experimental de
culinária tomando a própria refeição.
A entrada em funcionamento deste Centro de Bem-estar assenta na boa
colaboração e na eficácia em que se vêm desenvolvendo as relações
entre a Comissão Distrital de Assistência e o Instituto da Família e
Acção Social.
Desta colaboração, e no caso vertente, é de mencionar, a lucidez, a
firmeza e a devoção da Técnica Chefe do Serviço Social com funções
de chefia, coordenação e avaliação dos Serviços de Acção Directa, do
Instituto da Família e Acção Social para o Arquipélago da Madeira e
dos Açores a senhora D. Luísa Gersão Lapa, bem como da Técnica Chefe
do Serviço de Acção Directa do I. F. A. S., no Funchal, A. S. Sra.
D. Odete dos Santos.
Este Centro passará a funcionar sob a responsabilidade directa da
Sra. A. S. D. Maria do Espírito Santo Homem de Gouveia e nele
prestarão serviço a Agente de Educação Familiar Maria de Fátima
Lemos, as Animadoras de Comunidade Celina Figueira e Zulmira Gomes
da Silva, Ajudante de Ocupação de Tempos Livres Luís Santos e a
empregada Maria Filomela Faria.
O projecto da adaptação e a execução das respectivas obras correram
sob a responsabilidade e direcção do Eng. Gonçalo Nuno de Araújo.
A decoração é da responsabilidade da Enfermeira D. Olga Machado
Faria. De salientar a colaboração do pessoal do Jardim-de-infância
do Ilhéu.
As remodelações, adaptações e equipamento levadas a efeito pela,
Comissão Distrital de Assistência, constituíram um encargo de cerca
de 200 contos.
O funcionamento deste Centro exigirá uma despesa mensal de cerca de
18 000S00, para tal contribuindo o Instituto da Família e Acção
Social com cerca de 13 200$00 e a Junta Geral com 4 800$00. A
administração pertence à C. D. A.
A riqueza, pensava-se ainda na década de 50, eram um insulto lançado
à pobreza; hoje pensa-se precisamente o contrário: a pobreza é um
insulto lançado à cara dos detentores da riqueza. Pode dizer-se,
portanto, corri toda a propriedade, que é aqui que começa a
redistribuição dos rendimentos.
Relativamente aos equipamentos sociais existentes, em 1973, no
concelho de Câmara de Lobos destacava-se o facto de existirem cinco
dispensários materno-infantis, uma casa de natividade, um
jardim-de-infância para 250 crianças dos 3 aos 6 anos e centros de
bem-estar social no Garachico, Curral das Freiras, Quinta Grande e
Câmara de Lobos, em cuja manutenção era despendida uma verba anual
de cerca de 4 500 contos .
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