Adega
Experimental do Estreito de Câmara de Lobos
Situa-se no
sítio de Jesus Maria José, no lugar da Bela Vista, na freguesia de
Câmara de Lobos, nas proximidades do limite entre esta freguesia e a
do Estreito.
Dotada com
equipamento de lagar e armazenagem, esta adega foi mandada construir
pela Junta Geral do Distrito Autónomo do Funchal, para efeitos de
ensaios de vinificação colectiva e aperfeiçoamento das técnicas de
fabrico de vinho, na zona vinícola (concelho de Câmara de Lobos e
sobretudo freguesia deste nome e do Estreito) que até à altura
mantinha a característica de maior produtora de mostos de boa
qualidade - a partir da casta Tinta ou Negra
Mole
[1].
Orçada em 500 mil escudos, a sua
construção inicialmente prevista para se iniciar em 1957
[2],
viria a ser adiada para o ano seguinte
[3],
tendo ficado concluída em 1959. Nela existiam de mais importante 10
depósitos subterrâneos, para armazenagem de vinhos, com uma capacidade
total de cerca de 170.000 litros, - um esmagador-esgotador, um
esgotador, uma prensa hidráulica e uma prensa manual. Tinha esta adega
ainda um pequeno laboratório e dispunha de muito espaço para cascaria,
o que permitiria aumentar muito a sua capacidade de armazenagem.
No dia 6 de Setembro de 1961,
estando a decorrer, desde 29 de Agosto de 1961
[4],
os trabalhos de vinificação, o presidente da Junta Geral, na altura o
coronel Homem da Costa quis fazer na presença de alguns viticultores e
entidades ligadas ao fabrico do vinho generoso uma demonstração do
funcionamento da adega. Na altura seria ainda prometido que a
edificação de adegas iria prosseguir noutras localidades
[5].
A
aparelhagem consta de um esmagador-esgotador, no qual são vasadas as
uvas e donde sai grande parte do mosto. O bagaço passa directamente a
um segundo esgotador (que é a máquina que recentemente foi adquirida)
onde deixa nova percentagem de mosto. Depois de passar por estas duas
máquinas o bagaço é submetido à pressão de 250 quilos/m2, dando-se o
total aproveitamento do mosto, sem, no entanto, a grainha ficar
esmagada, facto que prejudicaria grandemente o aroma do vinho. Existe
ainda urna prensa manual, onde pode ser esmagado o bagaço dos
proprietários que queiram que seja produzida «água-pé».
Sob o lagar
existem depósitos para mosto com a capacidade de mais de 600 pipas,
isto é, mais de 300.000 litros, para os quais é directamente
canalizada a mosto saído dos esgotadores e da prensa.
A
aparelhagem tem possibilidade de trabalhar uma tonelada de uvas em dez
minutos, o que corresponde a várias vezes a produção de um lagar
vulgar
[6].
Assistiram à
demonstração além dos muitos produtores, os Srs. Engº. José Adolfo
Pinto Eliseu, director da C. A. A. H. M., Eng. Luís Gomes Ribeiro,
delegado da Junta Nacional do Vinho, Engº. Baeta Camacho, delegado do
Grémio das Frutas, Engº. Maurílio Ferraz, director da Estação Agrária
da Junta Geral, Agostinho Pereira de Gouveia, presidente do Grémio da
Lavoura e José Herculano Baptista, tesoureiro da Junta Geral
[7].
Em 1963, a
quando da realização das festas das vindimas, na freguesia do Estreito
de Câmara de Lobos,
foi
servido vinho branco e tinto regional, produzido na Adega Experimental
de Câmara de Lobos.
Em meados de
Junho de 2002, na sequência da na resolução do conselho de Governo,
publicada a 22 de Maio de 2002, tiveram início as obras de instalação,
num terreno anexo, de um parque de cubas em aço inox, destinadas com
capacidade para armazenar um milhão de litros de vinho, encontrando-se
as obras em fase de acabamento em Agosto do mesmo ano.
Em Agosto, o parque de cubas para
armazenamento de vinho, encontrava-se, em Agosto, já em fase de
acabamento
[8].
Estas obras surgiram da necessidade
de aumentar a capacidade
de armazenamento de vinho da Madeira.
Com efeito,
perante a existência de vinho de colheitas anteriores por escoar
(fruto da proibição da exportação de vinho a granel), perante o facto
de se estar a atingir o limite da capacidade de armazenamento do vinho
"Madeira" e, ainda o aproximar da nova colheita, haveria que tomar
medidas preventivas.
Aquando do lançamento da
primeira pedra para a construção do parque, o Governo Regional
assumiu que a criação destas estruturas não constituía uma resolução
rápida do problema do escoamento do Vinho Madeira, considerando que
com o fim do vinho a granel, o efeito de fazer sair o vinho
engarrafado seria uma tarefa que não se consegue nos primeiros três
meses9].
Este empreendimento, constituído
por mais de vinte estruturas com capacidades distinguidas em 100, 50,
25, 10, e 5 mil litros e importando em 475 mil euros visava criar
condições para aumentar, em 10% a capacidade de armazenamento da
Região Autónoma da Madeira. Algumas delas seriam disponibilizadas para
produção de vinho “Madeira” ou vinho tinto, funcionando o parque de
cubas em complementaridade com o de São Vicente. Tratava-se de um
investimento essencial para um sector estratégico e em crescimento,
aumentando a qualidade, a produtividade e o rendimento dos
agricultores. Além disso, beneficiaria as empresas e, em última
instância, a economia ao nível regional
[10].
Este parque de cubas, chamado de
“Parque de Cubas da Adega da Bela Vista” viria a ser inaugurado no dia
22 de Novembro de 2002
[11].
Em Abril do ano seguinte, a
colocação de cubas neste parque ficaria concluída com a transferência
de 7 cubas que se encontravam no Instituto do Vinho da Madeira
[12].
A instalação deste parque ficaria
contudo manchada pela reclamação da empresa fornecedora das novas
cubas, a “Metalúrgica Progresso de Vale de Cambra, S.A.” que, em Junho
de 2003, ou seja quase um ano depois da sua inauguração instauraria
uma acção declarativa contra a Região Autónoma da Madeira (RAM)
reclamando o pagamento de uma dívida de 391.948,83 euros (mais de 78
mil contos), acrescida de juros.
Relativamente à necessidade de
aumento da capacidade de armazenamento, convirá referir a crise
verificada na colheita de 1991, em que não foi sem alguma dificuldade
e necessidade de intervenção do Governo Regional, que se processou o
escoamento das uvas produzidas e a que não terá sido alheia, a
deliberação ocorrida a 4 Junho do ano seguinte no sentido de
apetrechamento das adegas vinícolas de São Vicente e Câmara de Lobos
[13].
[10] Diário de Notícias, 22 de Novembro de
2002
[11] Diário de Notícias, 23 de Novembro de
2002.
[12] Diário de Notícias, 26 de Abril de 2003
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