Dr. João Francisco
de Almada
O
Dr. João Francisco de Almada, era natural da freguesia de Santana,
onde nasceu a 9 de Julho de 1874. Era filho de João Francisco de
Almada, proprietário e Escrivão de Direito e de Maria Emília
Cardoso de Almada, tendo falecido no Funchal, na sua residência
situada à rua das Mercês, nº31, a 14 de Junho de 1942.
Depois de
frequentar o Liceu do Funchal, matriculou-se na Faculdade de
Medicina de Coimbra, onde se licenciou a 26 de Julho de 1899.
Casou,
na freguesia de São Pedro, a 23 de Outubro de 1907, com Ilda
Beatriz Pinto Prado, filha do major Guilherme Quintino Pinto Prado e
de Caetana Nicolina Gonçalves, de quem houve três filhos: Maria
Prado de Almada, que viria a casar com o Dr. Agostinho Gabriel de
Jesus Cardoso; o Dr. Manuel Prado de Almada e António Manuel Prado
de Almada.
Depois
da sua licenciatura, fixa residência em Santana, onde também
exerce medicina, tendo, por alvará de 17 de Junho de 1905, sido
nomeado sub-delegado de saúde do concelho de Santana [1].
Posteriormente fixa-se, contudo no Funchal, onde a 21 de Outubro de
1905 é nomeado médico municipal da Câmara Municipal do Funchal [2].
Posteriormente vem a assumir grande protagonismo como médico e onde
se destaca de forma particular na luta contra a tuberculose, tendo,
a esse propósito, sido o principal impulsionador da criação na
Madeira, do primeiro dispensário de luta anti-tuberculosa, situado
no Campo da Barca e do Sanatório erigido na Quinta de Santana, no
Monte e que viria, posteriormente, por deliberação de 2 de Julho
de 1942, da Comissão Executiva da A.N.T.[3],
a assumir o seu nome. Por ver realizado ficaria o seu projecto de um
Preventório destinado aos filhos dos tuberculosos pobres.
Durante
cerca de 35 anos foi director clínico do Hospital Princesa D. Amélia[4],
tendo também exercido idênticas funções nos manicómios de Câmara
Pestana e da Casa de Saúde do Trapiche.
Durante
os anos que esteve também à frente do Hospício Princesa D. Amélia
a sua dedicação pelos
doentes, não só durante o tempo em que ali permaneciam, mas depois
de terem de lá saído, era sem limites, estando sempre pronto a
atendê-los e a diligenciar maneira de os proteger e amparar.
[...]O Dr. Almada foi um grande benemérito do Hospício.
Outra benemerência
que lhe ficou devendo a Madeira [...],
foi
a enfermagem religiosa dos dois manicómios
[...]
existentes [...].
Quando
[...]
foi nomeado director clínico do manicómio Câmara Pestana, então
servido por pessoal laico, verificou, com grandes dissabores e
amarguras que aquela instituição não podia satisfazer ao fim para
que fora criada, enquanto o pessoal de enfermagem não fossem os Irmãos
de S. João de Deus, para os homens e as Irmãs do Sagrado Coração,
para as mulheres. Começou então uma campanha nesse sentido e,
dentro de poucos meses, a Junta Geral do Distrito
[...] contratou
com aquelas duas congregações, tomarem conta da Direcção e
enfermagem dos manicómios do Trapiche e de S. Gonçalo.
A sua actividade e
abnegação pelos pobres não conheciam limites e, por isso
[...] o
Dr. Almada, que da sua profissão de médico fez um sacerdócio e não
uma profissão lucrativa, visitava e interessava-se por todas as
casas de caridade do Funchal, como eram a Creche de Santa Clara
[...], o Lactário, o colégio
de S. Luiz e outras instituições [...].
A sua dedicação
pelas Conferências de S. Vicente de Paulo, cujos pobres visitava
sempre que lhe pediam, era igual à que ele prestou sempre à Assistência
Pública de cuja comissão fazia parte
[...],
assim como à Cruz
Vermelha, que serviu com o maior carinho[5].
O
Dr. Almada foi também quem protagonizou a luta pela
mudança do Hospital da Santa Casa da Misericórdia, da acanhada e
pouco saudável casa onde se encontrava, para o belo edifício dos
Marmeleiros [...].Foi
esta campanha mais demorada que o seu espírito de persistência e
tenacidade empreendeu, contra a opinião de quase toda a classe médica
do Funchal e, em especial, das autoridades sanitárias e
hospitalares.
A luta que então
travou, levou anos, mas contra a expectativa de todos, ele conseguiu
triunfar.
Foi agraciado, a
quando da inauguração do Dispensário Distrital da A.N.T. (Assistência
Nacional aos Tuberculosos), no dia 7 de Dezembro de 1933[6],
pela Comissão Administrativa da Câmara Municipal, com o título de
Cidadão Benemérito da Cidade do Funchal. Na acta camarária
alusiva a esta homenagem[7]
refere-se que considerando
que o Ex.mo. sr. Dr. João Francisco de Almada como cidadão
e como médico, tem dado as melhores provas de uma elevada compreensão
dos seus deveres cívicos e profissionais; que foi uma das
personalidades que mais e melhor actuaram para que o Hospital da
Misericórdia fosse transferido para os Marmeleiros,
[...];
que
em várias Casas de Saúde, como o Hospício da Princesa D. Amélia,
os recolhimentos de doidos do Trapiche e Câmara Pestana, tem
evidenciado sempre um grande espírito de caridade; que tem prestado
serviços inestimáveis à assistência pública; considerando ainda
e principalmente que o Exmo. sr. Dr. João Francisco de
Almada é o madeirense que, no Funchal, maior, mais eficaz e
abnegada acção tem desenvolvido na propaganda contra a
tuberculose, muito se lhe devendo na criação do primeiro dispensário
anti-tuberculoso nesta cidade; resolve a Comissão Administrativa da
Câmara do Funchal conferir a este prestantíssimo madeirense, o título
de Cidadão Benemérito da cidade do Funchal
Para
além deste título de benemérito, o Dr. João Francisco de Almada
foi condecorado, em 1937, pelo Governo Francês com o grau de
Oficial da Academia, pelos relevantes serviços prestados àquele país,
na qualidade de presidente da comissão de recepção ao Cruzeiro Médico
Francês que visitou a Madeira em Abril de 1932 e no mesmo mês de
1936 [8],
[9].
Possuía também a Cruz de
Mérito da Cruz Vermelha Portuguesa [10].
Ainda
que as suas relações com a Quinta Grande, fossem quase efémeras e
fruto da sua ligação com a Quinta do Pomar, de que era proprietária
sua esposa, Ilda Beatriz Pinto Prado, o seu nome, mais do que o da
sua esposa ficaria fortemente associada a esta Quinta, facto que
condicionaria à atribuição, a 9 de Julho de 1998, da denominação
de caminho Dr. João Francisco de Almada a parte da vereda pedestre
que liga a quinta à igreja paroquial desta freguesia.
Outras
notas:
A
8 de Dezembro de 1942, por ocasião do aniversário da inauguração
do Sanatório Dr. João de Almada, o Jornal publica uma extensa
reportagem e insere um poema ao Dr. João de Almada.
Jornal
da Madeira de 4 de Fevereiro de 1995 - Revista Magazine publica
uma biografia sobre o Dr. João de Almada Cardoso
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