ANDRADE,
Bispo D. Manuel Joaquim Gonçalves de
O Bispo D. Manuel
Joaquim Gonçalves de Andrade era natural da Quinta Grande, onde nasceu a 14
de Março de 1767 no lugar das Amoreiras, numa casa que em 1932
ainda se encontrava de pé, tendo sido baptizado 7
dias depois, a 21 de Março, na igreja paroquial do Campanário,
freguesia a que na altura pertencia a Quinta Grande, e sido crismado
em 1775. Era filho de Nicolau Gonçalves de Andrade, natural do
Campanário e de Maria de Andrade, natural da Ribeira Brava. Era
neto paterno de Francisco Gonçalves e de Maria das Rosas, ambos
naturais do Campanário. Era neto materno de Manuel de Abreu Macedo,
natural da freguesia da Tabúa e de Maria de Andrade, natural da
freguesia da Ribeira Brava.
A influência de alguns familiares sacerdotes,
nomeadamente de um seu irmão, o padre Francisco Joaquim Gonçalves,
poderão ter condicionado a opção eclesiástica que escolheu para
a sua vida. Ingressado no seminário do Funchal, encontramo-lo, em
1794, a frequentar o 5º ano da Universidade de Coimbra, altura em
que, pretendendo ir para o Brasil a convite de D. Mateus de Abreu,
natural do Campanário e, por essa altura, eleito Bispo de São
Paulo, solicita autorização para a sua ordenação sacerdotal no
bispado de Coimbra.
Com efeito, em finais de 1794, Manuel Joaquim
Gonçalves, envia uma petição ao Bispo do Funchal solicitando
autorização para ser ordenado fora do Bispado do Funchal. De
acordo com um dos registos incertos no seu processo biográfico,
diz Manuel Joaquim Gonçalves
natural da freguesia do Campanário deste Bispado do Funchal e
residente no Bispado de Coimbra que tendo frequentado os estudos
naquela Universidade há cinco anos, e estando no último dessa
formatura, acontece que sendo eleito Bispo de São Paulo o Rev.
Mateus de Abreu, em razão de seu patrício e conhecimento que tem
do procedimento do suplicante e dos seus estudos, o quer levar em
sua companhia e deseja que primeiro seja Ordenado para o ocupar no
Ministério, que pretende. Razão porque implora o suplicante a V.
Exa. R.ma como seu verdadeiro Prelado lhe faça a graça
mandar passar suas Reverendas na forma do Estilo para por elas poder
ser Ordenado, seguir o fim de seu destino.
Por alvará de 17 de Novembro de 1794, o Bispo
do Funchal concede licença para proceder ao provimento de Ordens
Menores e Sacras em Coimbra e, em 2 de Janeiro de 1795, são
passadas reverendas, isto é, as demissórias, para as Ordens
Menores.
Depois da sua ordenação, que terá ocorrido
no início de 1795, em Coimbra, Manuel Joaquim Gonçalves, terá ido
para o Brasil, onde, depois de ter sido cónego e durante mais de
vinte anos, vigário-geral da Sé de São Paulo, vem a ser bispo da
diocese desta cidade. A
sua eleição como bispo terá acontecido a 12 de Outubro de 1826,
tendo merecido a confirmação pelo papa Leão XII no mês de Março
do ano seguinte. Foi solenemente sagrado a 18 de Outubro de 1827 e
assumiu a direcção do bispado de São Paulo a 23 de Dezembro do
mesmo ano,.
Sucedeu na cadeira episcopal ao também madeirense, natural do
Campanário, D. Mateus de Abreu Pereira e que fora quem, por volta
de 1794, o havia convidado para ir para o Brasil.
Para além das suas funções eclesiásticas,
teve algumas importantes incursões na política. Foi
vice-presidente da província de São Paulo e na sequência dessas
funções, viria a assumir a sua presidência por quatro vezes,
entre 1829 e 1831. Entre 1831 e 1841 foi, também, por três vezes
deputado,.
Faleceu, em São Paulo, no Brasil, a 26 de
Maio de 1847, repousando os seus restos mortais na cripta da Sé do
estado de São Paulo. De acordo com um texto publicado por Nelson
Veríssimo na Revista do Diário
de Notícias
o seu túmulo, em mármore é encimado pelas armas de fé que
adoptara (escudo partido de Câmara e Andrade) e ostenta ainda um
medalhão em bronze e uma inscrição em Latim do seguinte teor: Dom
Manuel Joaquim Gonçalves de Andrade. Ordenado sacerdote e deixada a
Lusitânia amada lançaste mãos ao trabalho. Recebido que foste com
amor na cidade do Rio de Janeiro, ascendeste à hierarquia
brasileira. Sob os bons auspícios recebeste a sagração episcopal
para guiares o povo de São Paulo. Assinalada merecidamente a tua acção
pastoral e patriótica, repousas neste cemitério. Faleceu a 26 de
Maio de 1847.
Por deliberação de 9 de Julho de 1998, a Câmara
Municipal de Câmara de Lobos, atribui, sob proposta da Junta de
Freguesia da Quinta Grande, o seu nome a um arruamento desta
freguesia, prestando-se assim homenagem a um dos seus mais ilustres
filhos.
LACERDA,
Carlos. A Casa do Meu Avô.
Editora Nova Fronteira, 2ª edição, 1996, Rio de Janeiro,
Brasil, p. 203 e 231. Nesta sua obra, Carlos Lacerda refere que
o bispo Manuel Joaquim Gonçalves de Andrade foi o 6º bispo de
São Paulo e teria sido um dos três filhos de Sebastião
Joaquim Gonçalves e de Ana Joaquina Rosa de Andrade, do Campanário,
dados que apresentam disparidade tanto, relativamente ao seu
assento de nascimento, como ao seu registo biográfico existente
na Câmara Eclesiástica do Funchal.
VERÍSSIMO,
Nelson. Dois Madeirenses
Bispos em São Paulo. Diário de Notícias-Revista, 38/8 a
5/9 de 1998, pg. 13.
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