Araújo,
Dr. Alberto Henriques
Era
natural do Funchal, onde nasceu na freguesia de São Pedro, a 3 de
Março de 1903, tendo falecido também no Funchal a 28 de Outubro de
1997. Era filho de João Isidoro de Araújo Figueira, comerciante
natural de Câmara de Lobos e de Virgínia Henriques de Araújo.
Casou com Vera Bettencourt da Câmara, filha do coronel António
Bettencourt da Câmara e de Joana Sultana Abudarham, de quem não
houve geração.
Depois
de receber a instrução primária numa escola particular e de ter
frequentado o Liceu do Funchal, matriculou-se na faculdade de
Direito da Universidade de Coimbra, onde se formou em 1925, com a
classificação de 18 valores.
Enquanto
estudante universitário, chegou a ser presidente da Assembleia
Geral da Associação Académica de Coimbra.
Depois
de ter estagiado em Coimbra regressou ao Funchal, passando a fazer
parte do quadro de advogados desta comarca. Um dos seus primeiros
casos, como advogado, terá sido defesa de João Baptista Gonçalves,
que havia assassinado, junto à capela do Bom Sucesso, no Garachico,
a 22 de Maio de 1927, o padre Joaquim André Passos, capelão cantor
da Sé Catedral e que ali era hábito vir celebrar missa, em virtude
de não lhe ter autorizado o casamento segundo os rituais da igreja,
com uma segunda mulher, estando a primeira ainda viva.
Foi
Director do Diário de Notícias, desde 31 de Março de 1931, até
10 de Maio de 1974, altura em que abandonou o cargo a seu pedido.
Justificando mais tarde os motivos que o levaram a formular o pedido
de demissão das funções que vinha exercendo, o Dr. Alberto de Araújo
afirmaria que logo após o 25
de Abril e em virtude do meu passado político comecei a pensar que
não deveria continuar à frente do Diário. E, tendo reunido os
redactores todos fomos unânimes e de opinião que a minha continuação
na Direcção do jornal poderia prejudicar o Diário de Notícias e
todos quantos ali trabalhavam. Dentro de uma postura de cordialidade
apresentei a minha demissão à empresa [1],
[2].
Durante
24 anos, entre 1945 e 1969 foi deputado pelo Círculo da Madeira à
Assembleia Nacional, tendo feito parte de diversas comissões
parlamentares, nomeadamente da Comissão de Finanças e da Comissão
dos Negócios Estrangeiros, da qual chegou a ser seu secretário,
facto que o fez representar os parlamentares portugueses em
diversas reuniões e trabalhos da NATO, na Europa e nos Estados
Unidos.
Das
lutas travadas em São Bento em prol da Madeira, no seu exercício
de deputado e onde demonstrou invejáveis dotes de orador, haverá
que destacar as obras do Porto do Funchal, a construção do
aeroporto, a renovação da rede de estradas, a rearborização das
serras madeirenses, etc.
Em
1963 foi eleito presidente da Associação Comercial do Funchal,
onde se manteve durante 13 anos e também, presidente, por inerência,
do Conselho de Turismo. Fez ainda parte da Junta Autónoma dos
Portos.
Foi
presidente da Comissão Distrital da Acção Nacional Popular e, em
1972, foi nomeado presidente da sua Comissão Consultiva.
Durante
vários anos foi membro do Conselho de Administração do Reid’s
Hotel e da Madeira Wine Association.
Fez
parte das Delegações da Ordem dos Advogados na Madeira, a que
presidiram os Drs. Manuel Gregório Pestana Júnior e Dr. Frederico
de Freitas.
Foi
agraciado em 1936, pelo Governo Português com o Grau de Oficial da
Ordem de Cristo; pelo Governo Espanhol com a comenda da Ordem de
Isabel a Católica e pelo Governo Francês, com as Palmas Académicas,
em 13 de Maio de 1939 e, em 1955, pelo mesmo Governo com as Insígnias
da Legião de Honra.
A
21 de Agosto de 1992 recebeu a Medalha de Honra da Cidade do
Funchal.
A
16 de Outubro de 1992, numa sessão solene, recebeu a Medalha de
Ouro da Ordem dos Advogados.
No
dia 28 de Janeiro de 1990, é a figura de destaque no programa da
RTP-Madeira, Retratos da Madeira, realizado por Eduardo Geada.
Num
seu escrito, José António Gonçalves destaca ainda os dotes poéticos
de Alberto Henriques de Araújo, através da recordação de dois
poemas seus compostos quando tinha 16 anos e publicados em 1919, no
Diário da Madeira.
[2]
FERNANDES, Nicodemos. Tenho saudades de alguns aspectos
da Madeira antiga, mas admiro a Madeira nova. Diário de Notícias,
15 de Agosto de 1992.
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