Assistência
Assistência é o termo habitualmente utilizado pela população para
se referir aos serviços de Assistência Social, serviço gratuito, de
natureza diversa, prestados aos membros da comunidade social,
atendendo às necessidades daqueles que não dispõem de recursos
suficientes. Daí também carinhoso termo “Meninas da Assistência”
utilizado sobretudo pelos os idosos beneficiários ou que procuram
os serviços de apoio social para se referirem, às funcionárias dos
serviços sociais de assistência, habitualmente desempenhados por
jovens do sexo feminino.
Ainda
que ao Estado caiba o papel mais importante na assistência social, não
raramente encontramos instituições privadas a prestar tal tipo de
acção, umas vezes substituindo-se aos serviços públicos, outras
actuando em parceria.
Em
Câmara de Lobos, tempo houve, nomeadamente até à primeira metade do
século XX, em que a assistência aos pobres era quase que
exclusivamente prestada por instituições privadas, habitualmente
ligadas à igreja.
Em 1942,
a imprensa refere-se à Assistência de Câmara de Lobos, às
Damas de Caridade do Estreito de Câmara de Lobos, à Assistência
do Estreito de Câmara de Lobos e à Assistência do Curral das
Freiras, esta última fundada em Fevereiro ou Março desse ano e
presidida pelo respectivo pároco, como entidades
prestadoras de assistência aos pobres do concelho de Câmara de Lobos
[1],[2].
Para
além destas entidades outras existiram e prestaram relevantes serviços
à população indigente do concelho, nomeadamente a
Associação das
Damas de Caridade de Câmara de Lobos, a Ordem Terceira de São
Francisco, a que esteve ligado, em Câmara de lobos, o padre João
Joaquim de Carvalho, o grande impulsionador da criação do Colégio
da Preservação, as
Conferências de São Vicente de Paulo, a
delegação local da Casa dos Pescadores, etc.
Recentemente outras instituições particulares de solidariedade social
viriam a surgir ligadas as algumas das paróquias existentes no
concelho, onde a dimensão dos problemas sociais era maior ou o papel
social da igreja mereceu melhor atenção por parte dos respectivos
párocos. É assim que surgem o
Centro Social e Paroquial do Carmo,
o Centro Social e Paroquial de Santa Cecília, o
Centro
Social e Paroquial da Encarnação, que realizam os seus objectivos
em parceria com o Estado.
Na
freguesia do Estreito de Câmara de Lobos, a
Fundação D. Jacinta de
Ornelas Pereira, também exerce importante papel na área de
promoção social.
Naturalmente que o Estado, apesar de durante muito tempo se encontrar
alheado de muitos dos problemas sociais que afligiam a população
camara-lobense e, em particular a sua classe piscatória, também fez e
tem vindo a fazer importantes intervenções na resolução de alguns
problemas sociais, quer prestando auxílio financeiro, auxílio em
termos de habitação, de apoio à criança, de apoio à terceira idade,
etc., quer ainda através da implementação de medidas no sentido de
promoção social ou dando significativos apoios a Instituições
Particulares de Solidariedade Social.
Relativamente à implementação de medidas no sentido da promoção
social, ainda que a mais conhecida e mais recente tenha sido o
programa “A Caminho do Futuro”, em 1966 já um outro programa
intitulado de “Programa de Promoção Social Comunitária” sido
ensaiado em Câmara de Lobos, mais propriamente no Ilhéu e que haveria
de levar à construção, em 1967, de um Jardim-de-infância no Ilhéu.
Justificando a opção pelo Ilhéu para a implementação deste projecto,
os seus responsáveis diriam que ele visava ajudar as comunidades de
base, especialmente as mais carenciadas a tomarem consciência das suas
necessidades e recursos potenciais e a despertar nelas o desejo de se
organizarem de modo a poderem desenvolverem-se em ritmo acelerado e
forma orgânica.
Ora, no
Ilhéu vivem dezenas de famílias cuja grande carência é sobejamente
conhecida e cujas situações tenderá certamente a agravarem-se segundo
a lei do círculo vicioso de miséria a menos que uma intervenção
adequada se verifique em tempo oportuno.
O
programa para aquele ilhéu pretende quebrar este círculo vicioso e
para tanto há que actuar em várias frentes: a educação e alimentação
das crianças e adolescentes, o aumento do rendimento e organização
económica familiar, a formação doméstica das mulheres e raparigas; a
higiene pública do meio, incluindo a melhoria das condições
habitacionais, etc.
Contudo
esse programa acabaria por morrer sem ter possibilidade de dar os seus
frutos.
Em 1990
surge um outro programa de promoção social, ao que parece uma
fotocópia da anterior, em papel “couché”, ou pelo menos nela
inspirada, ainda que o Diário de Notícias na sua edição de 21 de
Setembro de 1990, ao anunciar a sua aprovação pelo Governo da
República a considerasse de características inéditas na nossa terra.
Visando
não só o Ilhéu como outras zonas degradadas da freguesia e concelho de
Câmara de Lobos, este programa de luta contra a pobreza, denominado
inicialmente de Aprender a Viver acabaria por ser baptizado de
A Caminho do Futuro e terminaria passados três ou quatro anos
depois.
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