Bombeiros Voluntários de Câmara de Lobos
Fundada a 13 de Agosto de 1949, com a denominação de
Associação do Corpo de Bombeiros Voluntários de Salvação Pública de
Câmara de Lobos, a Associação dos Bombeiros Voluntários de Câmara de
Lobos, foi o culminar de várias tentativas falhadas, levadas a cabo
desde finais do século XIX, no sentido de dotar o concelho de Câmara
de Lobos, de um corpo de bombeiros.

Dadas as
características dos materiais utilizados nas construções, com o
recurso predominante a madeiras e outros materiais inflamáveis, bem
como o tipo de iluminação utilizada antes do advento da electricidade,
os incêndios eram, em tempos mais recuados, não só frequentes como
devastadores.
Sendo assim, é
natural que se registasse, por parte dos políticos, alguma preocupação
no seu combate, ainda que, nalguns casos não tanta como aquela que
seria de esperar. Com efeito, o primeiro corpo de bombeiros
devidamente organizado só surge na Madeira, mais precisamente no
Funchal, em 1889, facto que não só se poderá atribuir a carências de
ordem financeira, como também à aceitação dos incêndios, por parte da
população, como fatalidades que faziam parte do destino.
A aquisição
de uma bomba
No concelho de
Câmara de Lobos, uma das mais
antigas referências à tentativa de organização de um corpo de
bombeiros surge em Abril de 1889
[1],
altura em que a imprensa noticiava que a Câmara Municipal de Câmara de
Lobos havia encarregue Terra Viana, um instrutor dos Bombeiros
Voluntários Madeirenses de adquirir uma bomba da marca Jauch e mais
alguns materiais de incêndios, a fim de ser organizada, na sede do
concelho, uma companhia de bombeiros que seria instruída por um dos
novos elementos do corpo de bombeiros funchalenses. Em 1890 a Câmara
Municipal de Câmara de Lobos adquire a sua primeira bomba contra
incêndios
[2],
[3], bomba essa que, em Novembro de 1891, se encontrava
na Alfândega no Funchal a aguardar despacho
[4].
A
organização de um
Corpo de
Bombeiros
Apesar da
Câmara se encontrar detentora
da bomba, desde Novembro de 1891, só muito mais tarde, em Maio de 1896
é que é deliberado organizar o serviço de incêndios
[5].
Para o efeito, é mandado construir um depósito para água destinado ao
serviço de incêndios, são encomendados os necessários aparelhos e são
nomeados para o corpo de bombeiros, António Gonçalves Fragoeiro,
António dos Santos, Pedro Figueira, Gregório da Paixão Oliveira, José
Gonçalves, Manuel Vieira Pita e como comandante Frederico Augusto da
Silva Braga.
Ainda que se desconhecendo o local
onde terá ficado a bomba armazenada, sabe-se que, em Outubro de 1897,
a Câmara haveria de autorizar o alargamento da porta de uma das várias
lojas existentes no rés-do-chão do edifício dos paços do concelho,
mais precisamente a que ostentava o número 3 e situada na rua Serpa
Pinto, para que, permitindo a entrada da bomba, lhe pudesse servir de
depósito
[6]. No entanto, notícias vindas posteriormente a
público, leva-nos a admitir que esta obra não teria sido realizada
e a bomba teria continuado votada ao abandono, o mesmo provavelmente
acontecendo com o corpo de bombeiros que a Câmara deliberou organizar,
se é que alguma vez foi efectivamente organizado.
Com efeito, não
só encontramos, em 1899, a bomba armazenada numa outra loja do
rés-do-chão do edifício dos paços do concelho, que não a 3, como,
antes em Outubro de 1898 estava-se preparando um nicho para a bomba
de serviço de incêndios que estava condenada ao abandono
[7]
e, no ano seguinte, ou seja, em Janeiro de 1899, justificando também o
mesmo motivo, Duarte Montez, bombeiro voluntário do Funchal, mas
residente em Câmara de Lobos, oferece-se à vereação para organizar,
nesta localidade, uma companhia de bombeiros voluntários e pedindo
para que a Câmara colocasse à sua disposição a bomba e mais material
de incêndio pertencentes ao município
[8],
[9].
Em resposta à proposta de Duarte
Montez, a Câmara depois de agradecer a sua prova humanitária, viria a
colocar à sua disposição a bomba e demais material de incêndio que
possuía. Contudo, não deixa de lamentar o facto de João Baptista
Serrão, arrendatário da loja 10 existente no rés-do-chão do edifício
dos paços do concelho se recusar a entregar a bomba de incêndio da
Câmara que se encontrava lá depositada na ocasião em que tomou conta,
por arrendamento, da respectiva loja, sendo por isso deliberado
proceder executivamente.
Confrontada, por outro lado, com o
facto de não possuir instalações adequadas que servissem de depósito
da bomba de incêndio e quartel para uma nova companhia de bombeiros
que pretendia organizar na vila de Câmara de Lobos, a Câmara haveria
de ultrapassar o problema, rescindindo amigavelmente, para o efeito, o
contrato de arrendamento da loja arrendada a João Baptista Serrão
[10].
Entretanto, o tempo vai passando,
vão-se sucedendo os responsáveis pela autarquia e, com cada um deles,
novas ideias, novos planos, novas prioridades e a criação do corpo de
bombeiros ora vai sendo protelada, ora esquecida.
Em 1918, a Câmara manda proceder ao
conserto da bomba e adquire mangueiras, com o objectivo de colocar
operacional o equipamento de combate a incêndios a fim de poder ser
utilizado quando necessário
[11].
Em 1945, num relatório sobre as
mais importantes obras a realizar no concelho de Câmara de Lobos, era
referida a necessidade de construção de um tanque para abastecer as
bocas de incêndio a construir na vila, não só para o combate a
incêndios, como para lavagem das ruas. Para além desta obra contribuir
para o combate a incêndios, ela viria ainda a permitir, caso se
concretizasse, que a Câmara cobrasse o imposto de incêndios,
arrecadando cerca de cento e cinquenta mil escudos por ano
[12].
A 21 de Agosto de 1946, a Câmara
Municipal de Câmara de Lobos, volta a abordar a temática do combate a
incêndios e, finalmente, dá início à concretização de um sonho que se
arrastava havia mais de meio século, ao deliberar a criação de um
serviço de prevenção e extinção de incêndios, atribuindo para efeitos
de aquisição de material e equipamentos e ainda para instalação dos
respectivos serviços uma verba de duzentos mil escudos
[13].
A esta verba juntar-se-ia depois uma outra atribuída pelo Conselho
Nacional de Serviços de Incêndios
[14].
Em Dezembro do mesmo ano já se encontravam abertas as inscrições para
os bombeiros
[15].
Toda esta movimentação no sentido
da criação da corporação de bombeiros em Câmara de Lobos, viria no
entanto, a sofrer alguns atrasos. Só a 13 de Agosto de 1949,
data da outorga
dos seus estatutos, é que foi efectivamente fundada, com a denominação
de Corpo de Bombeiros de Salvação Pública de Câmara de Lobos, já não
sob a forma de um serviço municipal, como inicialmente a deliberação
de 21 de Agosto de 1946 dava a entender, mas como uma entidade
autónoma e com base no voluntariado. No dia 29 de Outubro os seus
estatutos merecem despacho favorável por parte do Governador Civil do
Distrito. Contudo, o Regulamento previsto no § único do artigo 35º só
viria a ser elaborado em Setembro de 1955 e a merecer a rectificação
por parte do Conselho Nacional dos Serviços de Incêndios, um ano
depois, mais precisamente no dia 28 de Setembro, não sem antes ter
sido sujeito a algumas rectificações impostas, por um parecer emitido
a 28 de Março de 1956.
 |
Dr. Vasco
dos Reis Gnçalves |
 |
João
Crisótomo Caires Gonçalves |
Para além do
Dr. Vasco Reis Gonçalves, principal impulsionador da iniciativa, foram
fundadores do Corpo de Bombeiros de Câmara de Lobos, João Evangelista
Pestana, João de Freitas Gonçalves, Manuel António Teixeira, Manuel
João Correia Júnior, Felisberto Gonçalves de Brito, Aires de Abreu,
Manuel de Abreu, Amaro de Barros, Manuel de Sousa Júnior, António
Agostinho Figueira Pereira, Manuel Gonçalves Pestana, José Guido Pita
Ferreira, João Rufino de Faria, Tiago Teles, Augusto Joaquim Lopes
Júnior, João Crisóstomo Gonçalves, Abel Beltrão de Nóbrega, José
Rafael de Caires e Eduardo Celestino Vieira Caldeira Leal.
No dia 28 de
Dezembro de 1949, após o despacho favorável relativamente aos
estatutos, teve lugar a primeira Assembleia Geral de sócios
fundadores, com a finalidade de elegerem os respectivos corpos
sociais, tendo o Dr. Vasco Reis Gonçalves ocupado
a presidência da Assembleia Geral e
João Crisótomo Caires Gonçalves a presidência da Direcção
[16],[17],
cargos onde se haveriam de manter até 4 de Maio de 1990.
Empossados no dia 2 de Janeiro de
1950, estes corpos directivos começaram logo a trabalhar no sentido de
dotarem a corporação, não só dos meios necessários ao combate a
incêndios como do espaço físico que lhe servisse de instalação e
quartel
[18]. Assim, com a colaboração do Conselho Nacional de
Incêndios são adquiridos os primeiros materiais,
fazendo parte deles uma moto-bomba rebocável da marca Fiat com
um débito de 800 litros por minuto e de 250 metros de mangueira
[19],[20],[21].
Um quintal, situado junto ao edifício onde, então funcionava a secção
de finanças da vila
[22] é, a partir de 1951 reservado para parada e sede
de instrução
[23],[24].
Em ofício presente na sessão
camarária de 14 de Fevereiro de 1951, a Associação de Bombeiros de
Câmara de Lobos solicita à Câmara a cedência de uma sala no edifício
da escola da vila, para aí instalar os seus serviços de secretaria,
bem como uma loja no rés-do-chão do edifício dos paços do concelho
para quartel. Em resposta, a Câmara nega a primeira pretensão, mas
relativamente à segunda, depois de um pedido de parecer à Direcção das
Obras Públicas, delibera favoravelmente. Efectivamente, em Outubro de
1951, na sequência desde pedido, a Câmara Municipal de Câmara de Lobos
disponibiliza umas lojas existentes no rés-do-chão dos paços do
concelho, à rua de Nossa Senhora da Conceição, para aí ser instalado o
quartel dos bombeiros
[25].
Sendo Câmara de Lobos um importante
centro piscatório, e não sendo raras as vezes em que o flagelo dos
naufrágios lhe batiam à porta, a criação do Corpo de Bombeiros cedo
viria a despertar entre os seus impulsionadores da iniciativa, o
desejo pela instalação de uma sessão de socorros a náufragos, numa
iniciativa que se prendia com o apoio à faina da pesca
[26].
Aliás, a este propósito, em 1954
[27],
o capitão do Porto
Funchal defendia, que a vila de Câmara de Lobos, um dos mais
importantes portos piscatórios, fosse dotada de uma secção de socorros
a náufragos, admitindo que essa tarefa deveria ficar a cargo da
Corporação de Bombeiros Voluntários de Câmara de Lobos.
A propósito de socorros a náufragos
refira-se, como curiosidade que Câmara de Lobos, em 1893 havia tido
uma entidade destinada a prestar socorros a náufragos, não na
perspectiva que teria o corpo de bombeiros, mas com fins caritativos,
ou seja, não para salvar vidas, mas para minorar as consequências da
perda de vidas humanas.
De acordo com a primeira acta desta
comissão, foi ela instalada no dia 8 de Maio de 1893, tendo o acto
decorrido na sala da administração do concelho de Câmara de Lobos,
achando-se presente Luís Soares de Sousa Henriques, administrador do
concelho, João António da Veiga, presidente da Câmara Municipal e
António Silvino Gonçalves de Andrade, pároco da freguesia de Câmara de
Lobos e João Jacinto Froes, secretário da administração do concelho. A
criação desta comissão que seria presidida pelo Administrador do
concelho e tendo como vice-presidente da Câmara, foi decidida pelo
então prelado Diocesano, na sua qualidade vice-presidente da
respectiva comissão departamental , dando cumprimento ao regulamento
de 9 de Junho de 1892, publicado para execução da lei de 21 de Abril
do mesmo ano.
Até 23 de Outubro de 1893, altura
em que teve lugar a segunda Assembleia geral desta Comissão, não
consta ter havido quaisquer ocorrências com respeito a náufragos,
salientando-se por outro lado o facto da Câmara não ter incluído
qualquer verba para esse fim, nem existirem quaisquer montantes na
caixa que havia sido colocada na igreja matriz da freguesia de Câmara
de Lobos com o fim de serem ali depositados donativos para socorros a
náufragos.
Primeira
escola
de Bombeiros

Ainda que em
Setembro de 1950 já se tivessem
alistado 20 indivíduos e se previsse para breve o início da instrução
da primeira escola de bombeiros
[28],
esta só deverá ter tido início em finais de 1951, princípios de 1952,
sob a direcção de Fernão Pereira Camacho, dos Bombeiros Voluntários
Madeirenses
[29],
[30].
No dia 27 de Julho de 1952, têm
lugar no sítio da Terra Chã, mais propriamente num edifício que na
década de 30 havia sido alvo de um incêndio e conhecido como Casa
Ardida, os exercícios finais da primeira escola do Corpo de Bombeiros
de Salvação Pública de Câmara de Lobos.
Num acto solene, por essa ocasião
realizado, e presidido pelo Dr. Vasco dos Reis Gonçalves, então
presidente da Câmara Municipal de Câmara de Lobos e um dos
principais impulsionadores da fundação da corporação e presidente da
sua Assembleia Geral, e onde estiveram as mais altas individualidades
do concelho de Câmara de Lobos e das corporações funchalenses
congéneres, receberam distintivos de bombeiros: Manuel Agrela Júnior,
João de Sousa, Francisco de Abreu Júnior, Aníbal Cristóvão Júnior,
Antero Luciano de Freitas, Alvarinho Cândido de Freitas, Luís
Francisco dos Santos, Orlando Euripes de Faria, José Victor de Moura,
Vasco Adelino Faria e João Augusto dos Santos
[31].
Com a realização destes exercícios
finais, entrava assim oficialmente, em plena actividade, com um
efectivo de 12 homens, comandados por António Avelino de Abreu, a
Corporação de Bombeiros de Câmara de Lobos
[32],
[33].
Três dias depois, o Dr. Vasco Reis Gonçalves, é nomeado 1º
Comandante-Médico desta corporação
[34]
e, no dia 2 de Maio de 1953, o Rev. Pe. Abel Ferreira ficava com a
responsabilidade de capelão
[35].
A primeira
viatura
Por ocasião dos exercícios finais do primeiro corpo de bombeiros, a
falta de uma viatura para transporte da sua
moto-bomba e restante material, constituía, no entanto, o maior
obstáculo à eficácia da sua actuação
[36].
Por forma a suplantar esta carência, a Câmara Municipal de Câmara de
Lobos havia já, em 1951, chegado a solicitar uma comparticipação ao
Estado, destinada à aquisição de um Jeep
[37].
Na sua reunião de 21 de Fevereiro de 1952, a Direcção dos Bombeiros
volta a exprimir o desejo de adquirir um Jeep, chegando por esse facto
a solicitar apoio tanto ao Conselho Nacional de Incêndios como à
Direcção Geral de Administração Política e Civil
[38].
Ainda que em Fevereiro de 1953
[39],
a imprensa noticiasse que os bombeiros voluntários de Câmara de Lobos
haviam adquirido, com a colaboração da Câmara Municipal de Câmara de
Lobos e o Conselho Nacional de Incêndios, um Jeep Land-Rover, dotado
de uma bomba fixa, viatura essa que se encontrava na altura, na
Alfândega aguardando despacho, tudo indica que essa aquisição terá
tido outros contornos e enfrentado dificuldades só ultrapassados com o
empenho da Direcção e em particular do seu vice-presidente.
Com efeito, na sua reunião de 14 de
Março de 1953, a direcção dos bombeiros, provavelmente regularizando
contactos verbais anteriores, uma vez que o Jeep destinado à
corporação já se encontrava no Funchal, desde os primeiros dias de
Fevereiro, delibera adquirir um Jeep Land-Rover pela quantia de
85.000$00, quantia que terá sido integralmente adiantada por António
Pinto de Abreu, em nome de quem a viatura ficou averbada até que a
corporação, lhe pudesse efectuar o seu pagamento integral
[40],
[41].
Contudo, um ano depois, quando ainda apenas estavam pagos treze mil
escudos, faltando, por isso, pagar setenta e dois mil escudos, António
Pinto de Abreu, consente que a viatura passe para nome da corporação,
ao serviço de quem sempre ela esteve desde a sua aquisição.

A ampliação
do quartel
Com a dinâmica
que, pouco a pouco, a corporação foi adquirindo, cedo as suas
instalações se tornaram inadequadas, tendo provavelmente a aquisição
do Jeep e a necessidade de lhe criar um espaço próprio, vindo a
acelerar tal situação.
Desta forma, importantes obras de adaptação nas suas primitivas
instalações são efectuadas, transformando-se o antigo quartel num
novo, cuja inauguração teve lugar pelas 11 horas do dia 31 de Maio de
1953
[42]. Ao acto presidido pelo Dr. Vasco Reis Gonçalves,
presidente da Câmara Municipal de Câmara de Lobos e presidente da
Assembleia Geral da Corporação, estiveram presentes, entre outras
individualidades, Alberto Malho, em representação dos Bombeiros
Voluntários Madeirenses, João Ernesto Pereira, administrador do
concelho, Flávio Ferreira Henriques, secretário da Câmara, Vasco
Silva, em representação dos Bombeiros Municipais do Funchal, João
Crisóstomo Gonçalves presidente da Direcção dos Bombeiros de Câmara de
Lobos e Avelino de Abreu, Comandante dos Bombeiros Voluntários de
Câmara de Lobos.
O quartel inaugurado dispunha de
três compartimentos: gabinete do comandante, dormitórios e balneários
e parque de viaturas e materiais. No respeitante a materiais, os
Bombeiros Voluntários de Câmara de Lobos dispunham de um Jeep Land
Rover com bomba fixa com uma potência de 600 litros/minuto e um
reservatório de 300 litros; uma bomba a gasolina ASPI, com capacidade
de 1000 litros/minuto, atrelável à viatura, uma bomba manual picota
primitiva com uma capacidade de 100 litros/minuto; quatro lanços de
escada italiana, dois de ganchos, forquilhas, croques, desforradeiras;
1000 metros de mangueiras, capacetes espias, machados etc.
[43].
Em 1961, a corporação volta a ver
aumentadas as suas instalações através da cedência da loja contígua ao
quartel, na sua Serpa Pinto nº1, onde instalou o dormitório do piquete
nocturno dos seus soldados
[44].
O transporte
de
sinistrados
Se o combate a
incêndios havia constituído a razão da criação da corporação, a
verdade é que o transporte de sinistrados e de doentes não poderia
ficar descorado. Por esse facto, na sua reunião de 28 de Fevereiro de
1955, o então presidente da Direcção queixa-se da necessidade de, a
par de algum material que julga indispensável para o bom desempenho
dos seus serviços, adquirir uma ambulância para socorrer a vários
casos, uma vez que para o efeito estavam a serem utilizadas viaturas
da praça, sem condições para tal. No dia 31 de Abril de 1955, após
análise de duas propostas é deliberado proceder à aquisição de uma
viatura usada, de marca International, pela quantia
de dezoito mil escudos e adaptá-la a ambulância
[45].
Na sua reunião de 31
de Dezembro de
1961, a direcção dos Bombeiros confrontada com a necessidade de
efectuar grandes transformações na viatura adaptada a ambulância, para
que pudesse continuar ao serviço e consequentes custos delibera
colocá-la à venda e adquirir uma nova. Contudo, só em 31 de Julho de
1962 é a ambulância declarada incapaz e consequentemente anunciada a
sua venda. Na ausência de compradores é esta viatura alvo de uma troca
com outra destinada
ao serviço de incêndios, mediante o pagamento de 6.750$00, por parte
da corporação
[46], juntando-se desta forma, no combate a incêndios,
ao Jeep adquirido em 1953. Aliás, também, em 1962, cerca de 10 anos
depois da aquisição da primeira, os bombeiros voluntários de Câmara de
Lobos passam a dispor de uma outra moto-bomba
[47].
Em 30 de Setembro de 1962 é
deliberado abrir concurso para fornecimento de uma ambulância, tendo,
em 31 de Outubro, sido feita a adjudicação de um veículo Opel Olímpia
1700, pelo valor de 95.000$00
[48].
Bombeiros
em
dificuldades
Ainda que, no
início da década de 70, encontremos uma Corporação de Bombeiros
organizada, a revolta militar de 25 de Abril de 1974 e consequentes
alterações político-sociais viriam a empurrá-la para um processo de
quase auto-extinção.
Na realidade,
tratando-se de uma associação frágil, sem grandes meios, totalmente
voluntária, com uma sobrevivência fortemente dependente da Câmara
Municipal e estando os seus dirigentes, de uma forma ou de outra,
ligados quer à Câmara quer ao sistema político destituído pela revolta
militar de 1974, a substituição dos dirigentes autárquicos, na altura
verificada, bem como o receio de hostilidades viriam a criar condições
para um certo desânimo e até nalguns casos auto-afastamento, por parte
daqueles que, com grande esforço e sacrifício pessoal, vinham
mantendo, desde a sua fundação, o projecto dos bombeiros.
A tudo isto,
juntar-se-ia, a necessidade, por parte dos novos dirigentes
autárquicos, de rapidamente fazerem frente a um número sem fim, de
reivindicações e anseios da população, entretanto surgidas, facto que
faria relegar para segundo plano, outras carências, nomeadamente
de menor impacto político ou eleitoral, como era a corporação de
bombeiros.
Em 1980 reflectindo a grave
situação que atravessava, a Associação de Bombeiros Voluntários de
Câmara de Lobos, terá apresentando à Câmara Municipal de Câmara de
Lobos duas soluções que julgava na altura de suficientes para resolver
a crise financeira do corporação
[49].
Contudo, apesar de, em termos
práticos, a Corporação de Bombeiros de Câmara de Lobos, ter no início
da década de 80, deixado de dar uma resposta adequada às exigências
para que fora criada, a verdade é que, viria a conseguir garantir,
ainda que com alguma irregularidade a prestação do serviço de
transporte de doentes.
Por um lado, pese o facto de, em
termos de combate a incêndios, ter perdido muita da sua
operacionalidade, os seus equipamentos continuaram, como que à espera
de melhores dias, a serem alvo de cuidados, cabendo tal tarefa a um
dos elementos da sua primeira escola, de nome João de Sousa e que,
durante alguns anos, constituiu o mais importante símbolo vivo dos
bombeiros camaralobenses. Para além disso, o facto da autarquia, por
volta de 1984 ter procedido à adjudicação das obras destinadas à
construção de um edifício para albergar o mercado e a sede dos
bombeiros, constituía um sinal de que o espírito que levou à criação
dos bombeiros em 1949, apenas havia sofrido um abalo circunstancial.
Ainda relativamente ao transporte
de doentes, importará dizer que em finais da década de 70 princípios
da de 80, a freguesia do Estreito também haveria de passar a dispor de
uma ambulância, destinada ao transporte de doentes
[50].
A
reactivação
dos
bombeiros
Em 1989,
contudo, dão-se os primeiros passos no sentido da reactivação do corpo
de bombeiros de Câmara de Lobos, iniciativa que gerou alguma polémica,
entre os elementos do partido socialista e do partido social-democrata
que, na altura, faziam parte do elenco camarário. Com vista à sua
reactivação, constituiu-se um grupo de trabalho liderado por António
José de Sousa Rocha que começou por efectuar o levantamento de toda a
situação em que se encontravam os bombeiros, nomeadamente em termos de
inventariação do material e a que se seguiria a angariação de novos
sócios e elaboração do respectivo projecto cujo conteúdo é dado
conhecimento ao Serviço de Protecção Civil.
No dia 24 de
Maio de 1990 é convocada uma assembleia geral dos sócios da Associação
de Bombeiros, por forma a eleger uma Direcção que pudesse, em
conformidade com a lei, dar os passos necessários a uma efectiva
reactivação da corporação. António José de Sousa Rocha é eleito
presidente da Direcção, João Crisóstomo Caires Gonçalves, antigo
presidente da Direcção, é eleito presidente da Assembleia Geral e
Aníbal Cristovão de Jesus, bombeiro da primeira escola e antigo
ajudante, é eleito presidente do conselho fiscal.
Em ofício datado de 25 de Julho de
1990, a Associação dos Bombeiros Voluntários de Câmara de Lobos
solicita à Câmara a cedência de instalações sitiadas à rua da
Carreira, nº11, dando a Câmara, dois dias depois parecer favorável,
mediante a celebração posterior de um protocolo
[51],
[52].
Em Setembro de 1990, anuncia-se que
Câmara de Lobos terá Corporação de Bombeiros no primeiro trimestre de
1991
[53],
[54],
[55] tendo lugar no mês seguinte a instrução da 1ª
escola de bombeiros.
No dia 19 de Janeiro de 1991 tem
lugar os exercícios finais do primeiro curso de bombeiros de 3ª classe
[56],
[57],
[58],
[59].
Ainda que preparados para iniciar logo a sua actividade, só a 12 de
Julho de 1991
[60],
[61],[62],
com a inauguração da sua sede é que a Associação de Bombeiros
Voluntários de Câmara de Lobos, se torna reactivada e inicia a sua
actividade. Com esta reactivação, novos meios são colocados ao seu
dispor, passando o corpo de bombeiros a servir a população durante 24
horas por dia, não só no combate a incêndios como no transporte de
doentes, situação que antes nunca havia sido possível fazer.
Partindo de uma situação de
completa ausência de meios de combate a incêndios e transporte de
doentes, dado o estado de degradação em que os então existentes se
encontravam, os novos dirigentes da corporação encetaram um conjunto
de esforços visando o seu apetrechamento e à adequação das actuais
exigências de uma organização deste tipo
[63],
[64],
[65].
No dia 3 de Fevereiro de 1994, o
Governo Regional da Madeira, através da resolução 70/94, presta
homenagem a esta associação declarando-a de instituição de utilidade
pública
[66].
Os meios
dos BVCL
Actualmente, os
Bombeiros Voluntários de Câmara de Lobos possuem uma frota de duas
dezenas de automóveis, entre ambulâncias e unidades de combate ou
apoio no combate a incêndios. Por outro lado, a necessidade de prestar
um serviço permanente à população obrigou a que fosse constituído um
quadro de pessoal permanente de 15 bombeiros, sendo de, cerca de 45, o
número daqueles que são chamados a prestarem serviço voluntário sempre
que as circunstâncias assim o exijam. Possui ainda esta corporação,
uma fanfarra que se apresentou pela primeira vez em público a 16 de
Outubro de 1997 e duas unidades de pessoal especializado, uma no
resgate de montanha e outra em socorros a náufragos.
Socorros
a náufragos
Relativamente
aos socorros a náufragos, concretizando um sonho que vinha desde os
primórdios da criação dos bombeiros, esta unidade terá surgido em
1995, dela fazendo parte, para além de um grupo de bombeiros
especificamente treinados para o efeito, de um bote cedido pelo
SANAS-Madeira, com 4,5 metros de comprimento e que veio substituir um
anterior utilizado no treino dos bombeiros. O investimento necessário
à aquisição desta
embarcação foi suportado pelo SANAS e pelos Bombeiros Voluntários de
Câmara de Lobos (BVCL), no cumprimento de um protocolo assinando havia
dois anos
[67],
[68].
Dirigentes
dos BVCL
Ao longo dos
seus 50 anos de existência, passaram pelos BVCL, como comandantes,
Avelino Pinto de Abreu; Gabriel Gregório do Nascimento Ornelas, que
assumiu tal cargo, em 1991, a quando da reactivação da Corporação e
desde Janeiro de 1999, o Capitão Manuel Rui Nunes.
No que se
refere aos seus Corpos Directivos, foi seu primeiro presidente da
Direcção, João Crisóstomo Caires Gonçalves, tendo-lhe sucedido,
António José de Sousa Rocha, cargo que actualmente ainda ocupa e para
o qual tem vindo a ser reconduzido desde 24 de Maio de 1990.
A presidência
da Assembleia Geral, foi ocupada pelo Dr. Vasco dos Reis Gonçalves,
desde a fundação da Associação, até 24 de Maio de 1990, altura em que
é substituído por João Crisóstomo Caires Gonçalves, que por sua vez,
viria, posteriormente a dar o lugar a José António Freitas, actual
detentor do cargo.
O
aniversário
dos BVCL
Tal como outras
associações, os BVCL também possuem uma data que comemoram como sendo
a da sua fundação. Apesar da efeméride utilizada, o 29 de Outubro de
1949, correspondente ao Despacho da aprovação dos estatutos por parte
de Sua Exa. o Governador Civil do Distrito, não coincidir com a data
utilizada nos primeiros anos de existência da Corporação, não deixa de
ter algum significado, ainda que, neste mesmo ano outras datas também
o tenham.
Em 1957, mais
precisamente no dia 25 de Março, encontramos
a Associação de Bombeiros Voluntários de Câmara de Lobos, a comemorar
o nono aniversário, altura em que a Corporação aproveita para
homenagear o Dr. Vasco dos Reis Gonçalves, presidente do município de
Câmara de Lobos e fundador dos BVCL
[69].
Através da análise desta data comemorativa, é suposto admitir que os
bombeiros teriam sido fundados a 25 de Março de 1948. Não tendo sido
encontradas quaisquer referências a acontecimentos de relevante
importância nesta data, ficamos na dúvida se há erro jornalístico na
referência
bibliográfica, se há desconhecimento de dados da nossa parte ou se,
por outro lado, foi esta data uma data arbitrária.
Para além
desta, outras datas importantes que poderiam ser susceptíveis de ser
utilizadas para referenciar a criação dos bombeiros como: a de 21 de
Agosto de 1946, altura em que a Câmara delibera criar uma Corporação
de Bombeiros, em Câmara de Lobos; a de 13 de Agosto de 1949, data
coincidente com a aprovação dos respectivos estatutos pelos sócios e a
de 28 de Dezembro de 1949, data da eleição dos primeiros Corpos
Gerentes da Associação e em que participaram os sócios fundadores: Dr.
Vasco dos Reis Gonçalves, João Evangelista Pestana, João de Freitas
Gonçalves, Manuel António Teixeira, Manuel João Correia Júnior,
Felisberto Gonçalves de Brito, Aires de Abreu, Manuel de Abreu, Amaro
de Barros, Manuel de Sousa Júnior, António Agostinho Figueira Pereira,
Manuel Gonçalves Pestana, José Guido Pita Ferreira, João Rufino de
Faria, Tiago Teles, Augusto Joaquim Lopes Júnior, João Crisóstomo
Gonçalves, Abel Beltrão de Nóbrega, José Rafael de Caires e Eduardo
Celestino Vieira Caldeira Leal.
De todas as
datas inventariadas e ressalvando o desconhecimento relativamente ao
que terá acontecido com a de 25 de Março de 1948, e que poderá
corresponder a uma das mais importantes ou primeiras reuniões
preparatórias para a constituição da Corporação, parece-me justo
ressalvar a importância da data de 13 de Agosto de 1949, uma vez que é
o dia da aprovação dos estatutos pelos sócios fundadores e, em que, de
acordo com o seu Artigo 59º, os indivíduos que os subscrevem são
considerados sócios efectivos e isentos de pagamento de jóia.
BVCL
celebram
Bodas de
Ouro
De qualquer
forma, seja o dia 13 de Agosto de 1949, seja o dia 29 de Outubro de
1949, actualmente aceite e preconizado pelos actuais corpos
directivos, interessa realçar o facto de, no decurso deste ano de
1999, os Bombeiros Voluntários de Câmara de Lobos poderem celebrar as
suas Bodas de Ouro ao serviço da comunidade camaralobense. O
facto de, na década de 80, terem atravessado um período de alguma
dificuldade, de forma alguma pode ser considerado como tendo sido de
interrupção da sua actividade, ou servir de pretexto para manchar o
seu historial, uma vez que não só manteve um serviço de transporte de
doentes, como o espírito da Corporação, testado através de vários
parâmetros, nunca viria a morrer.
Novo Quartel
No dia 21 de Julho de 2008, situado
na Rua Frei Pedro da Guarda, viria a
ser inaugurado um novo quartel. Instalado num edifício com dois
pisos, tem três zonas de serviços, com uma área total de 2 mil
metros quadrados. Dispõe de recepção, controlo de serviços e
telecomunicações, parque para 22 viaturas, camaratas para os
bombeiros em serviço, balneários, vestiários, refeitório, edifício
para exercício denominado “casa escola”, entre outros. Durante a
inauguração, o presidente do Governo louvou a conjugação de esforços
que tornou possível o investimento de cerca de 600 mil contos (em
moeda antiga) e que vai dotar o segundo maior concelho em população
da Região de infra-estruturas necessárias para que a população
esteja devidamente protegida. Em meados de Agosto, o contingente
poderá ser reforçado, com a entrada de uma nova escola de 40 alunos.
Na sessão Camarária de 23 de Agosto de 1961, é presente um
ofício do jornal "O Bombeiro", solicitando à CMCL a cedência da
sua bomba manual ao museu do Bombeiro, pedido a que a Câmara
acedeu, mas com a condição da bomba regressar ao património
municipal caso se verificasse a extinção do museu. Em 1961, ela
esteve numa exposição de equipamentos antigos dos bombeiros, numa
organização da revista "O Bombeiro".
Campos F., Malho A. O Bombeiro Madeirense e a sua História.
Funchal, 1963, p.31.
Semana Illustrada, 16 de Outubro de 1898.
Diário de Notícias, 4 de Fevereiro de 1899.
Esta deliberação surge na sequência de um telegrama enviado
pelo Governador Civil do Funchal e em que este pretendia saber se
a Câmara Municipal de Câmara de Lobos pretendia assumir o
compromisso referido no § 8º, Artº 708 do Código Administrativo,
redacção dada pelo Decreto nº 35:746 de 12 de Julho de 1946.
O Jornal, 21 de Dezembro de 1946.
Livro de Actas da Direcção p.3v e 4.
Livro de Actas da Direcção p.4; 6v.
Diário de Notícias, 4 de Setembro de 1950. O Concelho Nacional
de Incêndios havia concedido um subsídio de 50 contos, que haviam
sido utilizados na aquisição destes equipamentos.
O edifício em causa situa-se na rua de São João de Deus e nele
esteve até há pouco tempo instalado o Registo Civil
Livro de Actas da Direcção dos BVCL de 21 de Maio de 1951. p.9v
e de 22 de Junho de 1951, p. 10.
O Diário de Notícias, 18 Novembro de 1951 informa
de que os Bombeiros Voluntários de Câmara de Lobos, dentro em
breve iriam possuir um quartel condigno e que para breve se iria
iniciar a sua instrução. Informa ainda que o conselho nacional de
incêndios enviou uma bomba rebocável e que a câmara municipal de
câmara de lobos havia pedido ao estado uma comparticipação para
adquirir um Jeep para transporte da moto-bomba. Também dá
conta que recentemente haviam sido adquiridos para a corporação, 4
escadas de molas em braços de 3 metros, 12 machados de cinto para
bombeiros, em aço com guarda-gume de metal amarelo, mosquetes de
aço, baldes. bivaques croquetes, espias finas miões de latão
cintos de cabedal etc., tendo também já sido feita a encomenda de
fardamento. No dia anterior à publicação desta edição do Diário de
Notícias, o sr. Joaquim Quintino Travassos Lopes, comandante dos
bombeiros voluntários madeirenses e delegado no Funchal, da liga
dos bombeiros portugueses, havia vindo a Câmara de Lobos examinar
o material adquirido, bem como o edifício para o futuro quartel,
numas lojas existentes na rua de nossa senhora da conceição e
cedidas pela Câmara.
Ainda que o Diário de Notícias do dia 16 de Março de 1951
anunciasse que tanto Câmara de Lobos, como Machico, possuindo já
moto-bombas e mangueiras, se preparavam para recrutar indivíduos
entre os 20 e os 25 anos, para serem devidamente instruídos para
bombeiros, o Diário de Notícias de 18 de Novembro de 1951, nesta
altura previa para breve o início da instrução.
Diário de Notícias, 28 de Julho de 1952.
Campos F., Malho A. O Bombeiro Madeirense e a sua História.
Funchal, 1963, p.160-161.
O Eco do Funchal de 3 de Junho de 1957 refere que no dia
anterior haviam realizado exercícios finais, 13 novos bombeiros
voluntários de Câmara de Lobos.
O Dr. Vasco Reis Gonçalves é nomeado na reunião da direcção da
Associação de Bombeiros do dia 30 de Julho de 1951, 1º
comandante-médico por ter, desde o início da fundação manifestado
toda a boa vontade, interesse e dinamismo para que Câmara de Lobos
fosse dotado com uma Corporação de Bombeiros.
Na sua reunião de 2 de Maio de 1953, a Direcção da corporação
de bombeiros delibera nomear o padre Abel de Ferreira, capelão da
associação.
Campos F., Malho A. O Bombeiro Madeirense e a sua História.
Funchal, 1963, p.161.
Na reunião do dia 14 de Março de 1953, dizia-se que a
corporação não possuía verba suficiente para esta aquisição pelo
que foi resolvido pagar no acto da compra a quantia de trinta e
cinco mil escudos e devendo o saldo em dívida de cinquenta mil
escudos, ser pago através de um levantamento dessa importância no
Banco de Portugal sob a responsabilidade dos senhores Presidente e
Vice-Presidente, respectivamente, João Crisóstomo Gonçalves e
António Pinto de Abreu, responsabilidade essa que será desobrigada
pelo recebimento de novos subsídios, ficando o mesmo carro
averbado em nome do obrigado António Pinto de Abreu, até o
pagamento integral do mesmo”. Contudo, na reunião do dia 31 de
Março de 1954, o conteúdo da sua acta mostra que António Pinto de
Abreu é que terá, afinal, adiantado a totalidade da verba em que
importou a aquisição do Jeep, sendo nesta reunião deliberado
efectuar-lhe o pagamento de treze mil escudos por conta do Jeep
ficando em dívida setenta e dois mil escudos. O pagamento desta
verba só viria a ser integralmente satisfeita em Dezembro de 1960,
ou seja, cerca de 16 anos após a aquisição do Jeep.
Ainda que a deliberação da aquisição do Jeep date de 14 de
Março de 1953, o Diário de Notícias de 13 de Fevereiro de 1953,
anunciava já a presença da viatura, na Alfândega, aguardando o seu
despacho.
De acordo com o Jornal da Madeira de 2 de Junho de 1953, para
além da inauguração do quartel dos bombeiros haviam-se também na
altura realizado o exercício final dos novos aspirantes a
bombeiros da Associação de Bombeiros Voluntários de Câmara de
Lobos.
O pedido de cedência destas instalações foi decidido na reunião
de direcção dos bombeiros, a 31 de Janeiro de 1961 , vindo
posteriormente a merecer parecer favorável, por parte da Câmara
Municipal de Câmara de Lobos.
O pagamento da viatura foi feito em duas prestações: uma no
acto da entrega, no valor de oito mil escudos e outra no valor
restante, a ser paga dentro da gerência de 1956. Na reunião onde
se deliberou a aquisição desta viatura, surgem também autorizações
de pagamento de algumas despesas feitas com trabalhos efectuados
na ambulância, o que pressupõe que esta já tivesse na posse da
corporação antes da deliberação. Aliás a mesma situação já havia
acontecido com a aquisição do Jeep.
Livro de Actas , 31 de Agosto de 1962 p.96v.
De acordo com a deliberação do dia 30 de Novembro de 1962, o
pagamento desta ambulância far-se-ia mediante o pagamento de uma
entrada inicial de 25.000$00 e uma letra no valor de 70.000$00,
cujo valor foi assumido pelos membros da direcção.
Na reunião da CMCL de 29 de Janeiro de 1981, foi presente um
ofício da Junta de Freguesia do Estreito de Câmara de Lobos,
informando que a ambulância ao serviço naquela freguesia era
requisitada por tudo e por nada designadamente até para
deslocações com a finalidade de extrair dentes, perguntando, por
isso, se esses serviços ou melhor e todo e qualquer serviço
deveria ser pago ou gratuito. Em resposta, a Câmara deliberou
aplicar a tabela em vigor nos bombeiros, isto é de 80$00 no
arranque e 250 centavos ao quilómetro. Posteriormente, com a
reactivação dos bombeiros, passou esta ambulância para a sua
dependência.
Segundo o
Jornal da
Madeira de 8 Setembro de 1990, o Secretário Regional da
Administração Pública acompanhado do presidente do Serviço
Regional de Protecção Civil deslocara-se a Câmara de Lobos onde
reuniu com o presidente da Câmara em exercício, com os deputados
eleitos pelo concelho e com os membros dos corpos directivos dos
Bombeiros Voluntários de Câmara de Lobos tendo por objectivo a
análise do problema relacionado com a activação do Corpo de
Bombeiros neste concelho. Na altura, o equipamento indispensável
ao início da actividade dos bombeiros estava inventariado em cerca
de 3.500 contos, sem contar com os encargos inerentes à aquisição
de viaturas e calculava-se que no primeiro trimestres de 1991 a
corporação já estaria em actividade.
O Jornal da Madeira de 20 de Janeiro de 1991 refere-se à
exibição de perícias por parte dos Bombeiros de Câmara de Lobos.
O Diário de Notícias de 26 de Janeiro de 1991, anuncia o início
da actividade dos Bombeiros Voluntários de Câmara de Lobos para
Março. O Diário de Notícias de 28 de Janeiro de 1991, pública
afirmações de Bazenga Marques a anunciar a criação de corporações
de bombeiros na Calheta e em Câmara de Lobos.
O Diário de Notícias de 17 Fevereiro de 1991, dá conta que os
bombeiros voluntários de Câmara de Lobos tinham estatutos
aprovados a 29 de Outubro de 1949 e que haviam estado activos
durante 34 anos, após o que se inactivaram, para agora, voltarem a
surgir, apontando o mês de Março para o efeito. Anuncia ainda a
realização de um curso de primeiros socorros com a duração de 30
horas e com inicio no dia seguinte.
Posteriormente outras escolas se seguiriam. O Diário de
Notícias do dia 15 de Março de 1992, noticia o exercício final de
15 novos elementos dos Bombeiros Voluntários de Câmara de Lobos,
realizado no dia anterior.
Diário de Notícias de 5 de Julho de 1991.
Jornal da Madeira, 12 de Julho de 1991.
No dia 13 de Julho de 1991 tanto o Diário de Notícias quanto o
Jornal da Madeira referem-se à inauguração, por Alberto João
Jardim, da nova sede dos Bombeiros Voluntários de Câmara de Lobos,
localizada no edifício do mercado e ainda à cerimónia de graduação
de 20 novos bombeiros desta corporação.
O Jornal da Madeira de 26 de Setembro de 1991 faz referência a
um pronto socorro para os Bombeiros Voluntários de Câmara de
Lobos.
O Diário de Notícias de 27 de Maio de 1991 refere que a preços
simbólicos, carros de bombeiros e ambulância virão do País de
Gales, para a Madeira e provavelmente para os Voluntários de
Câmara de Lobos e Ribeira Brava.
Na sua edição de 5 de Julho de 1991, o Jornal da Madeira dá
conta da transferência de uma viatura dos Bombeiros da Ribeira
Brava para os Bombeiros de Câmara de Lobos, bem como da polémica
gerada em seu redor.
A 23 de Setembro de 1993 a Câmara Municipal de Câmara de Lobos
delibera emitir parecer favorável à declaração de utilidade
pública para a Associação de Bombeiros de Câmara de Lobos. De
acordo com a correspondente deliberação, a Associação de
Bombeiros Voluntários de Câmara de Lobos está criada há mais de 20
anos e vem exercendo a respectiva actividade com eficiência e
resultados positivos comprovados; que a mesma Associação de
Bombeiros satisfaz cumulativamente os requisitos exigidos no nº1
do artigo 2º do Decreto-Lei nº460/77 de 7 de Dezembro e que é a
única Associação de Bombeiros existente no Concelho, prestando
importante apoio às respectivas populações o que a torna
imprescindível.
Na sua sessão de 22 de Julho de 1993 a Câmara Municipal de Câmara
de Lobos celebra, para o efeito, um protocolo entre a Câmara
Municipal de Câmara de Lobos e a Associação Humanitária de
Bombeiros de Câmara de Lobos.
|