CÂMARA DE LOBOS - DICIONÁRIO COROGRÁFICO

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Caminho do Cemitério

 

Antigo arruamento da freguesia do Estreito de Câmara de Lobos. Estendia-se entre o Largo do Patim e a Estrada de João Gonçalves Zarco, na zona do Pico do Rato. Hoje, em resultado do seu alargamento, corresponde, em toda a sua extensão à Alameda do Mercado e à Rua dos Lavradores.

A sua denominação foi dada por deliberação camarária de 17 de Outubro de 2002, oficializando aquela que na altura era a denominação popular.

Ainda que difícil de precisar a data da construção deste caminho, que tem continuidade, com outras denominações, até o centro do concelho, admite-se que ela seja muito antiga e possa mesmo remontar à altura do povoamento da freguesia do Estreito. Com efeito, até à construção da actualmente denominada Estrada de João Gonçalves Zarco, este caminho era um dos dois únicos que permitiam o acesso do centro da freguesia do Estreito a Câmara de Lobos. Frequentemente encontramo-lo referido como Caminho de Concelho para a Ribeira da Caixa.

Até 2004, altura em que se iniciaram e concluíram as obras de alargamento foi, com excepção do seu troço inicial, anexo ao cemitério, um caminho pedestre, por ele só transitando pessoas e, antes da Era automóvel, também corsas.

Em 1919 esteve este caminho para ser alargado, por forma a tornar possível o acesso da estrada nacional 23 à igreja do Estreito. Contudo, este trajecto seria abandonado em detrimento do da actual rua Cónego Agostinho Figueira de Faria.

Com efeito, em 1919, a imprensa ao se referir à estrada de acesso entre a estrada nacional 23 e a igreja do Estreito, dizia que existiam dois traçados já estudados: um pelo Pico do Rato orçado em cerca de 10 contos; outro atravessando uma pequena parte do passal vindo a desembocar junto ao açougue no que se gastarão 2 contos. Contudo, o facto do primeiro ser mais longo, mais dispendioso e o segundo muito curto, sem declives e extraordinariamente mais barato, permitiria que a Junta Geral incluísse no seu orçamento os seus custos de uma só vez, o que não aconteceria no 1º traçado, dadas as dificuldades da Junta Geral [1].

Com a construção, em 1922, do novo cemitério, junto a este caminho, cedo se colocou a necessidade do seu alargamento, pelo menos entre o largo do Patim e a entrada do cemitério, obra que só vem a ter lugar em 1928, tendo as respectivas obras se iniciado na segunda feira seguinte ao dia 11 de Novembro [2], [3].

Depois de alargado este segmento de caminho permaneceria em terra batida até Julho do ano seguinte, altura em que se iniciariam as obras de calcetamento [4], ficando o alargamento totalmente concluído, a 13 de Agosto de 1929 [5]. Pese o facto de, na altura ter surgido a sugestão de dar a este caminho o nome de estrada do descanso, isto numa alusão clara à existência do cemitério nas suas proximidades, tal não viria a acontecer [6].

Ainda que o alargamento verificado, em 1928, neste caminho, tivesse constituído um importante melhoramento, a verdade é que ele só se verificou num curto troço e unicamente com o objectivo de tornar mais fácil o acesso ao cemitério, a verdade é que ele terá ficado para aquém das expectativas.

 

 

Na sessão de 2 de Março de 1995 foi aprovado o programa de concurso e caderno de encargos relativos ao projecto de alargamento e correcção de traçado do caminho municipal entre o cemitério do Estreito e o bar Viola.

De acordo com o Boletim Municipal de Dezembro/94-Janeiro/95 a obra de alargamento deste caminho estava prevista no plano de actividades da Câmara Municipal no grupo das obras constantes no Contrato-Programa estabelecido com a Secretaria Regional das Finanças.

A Câmara Municipal de Câmara de Lobos deliberou na sua sessão de 10 de Outubro de 1996 proceder à abertura de concurso para alargamento deste caminho, na sua extensão entre o cemitério e o bar Viola [7].

Para além do Cemitério Municipal do Estreito, neste caminho esteve implantado um armazém vinícola, denominado de Silva Vinhos. Alguns anos depois da sua entrada em funcionamento, este armazém acabaria por ser desactivado e posteriormente, por deliberação camarária de de 20 de Junho de 2002, adquirido pela Câmara Municipal de Câmara de Lobos que o transformou em Mercado Municipal do Estreito que, a partir de 11 de Julho de 2005 virá substituir o primitivamente construído na rua Prof. José Joaquim da Costa.

 

Projecto do novo Mercado do Estreito

 

Para além do Cemitério e do edifício "Silva Vinhos", este arruamento tem ainda uma outra referência,  a Levadinha.

A levadinha é uma levada que tem origem na margem esquerda da ribeira da Quinta de Santo António, na freguesia do Estreito de Câmara de Lobos, nas proximidades da ponte popularmente conhecida pela denominação do Sr. Gregório e situada nas proximidades da união do caminho do Foro com a rua capitão Armando Pinto Correia.

Depois de um curto percurso ao longo da margem Leste da Ribeira, atinge o Damasqueiro, seguindo durante algumas dezenas de metros, paralelamente à estrada João Gonçalves Zarco, para depois se afastar dela e dirigindo-se mais para Leste, onde atinge o caminho do Cemitério.

No ponto de encontro desta levada com o caminho do cemitério existiu, até Junho de 2004, altura em que foi destruído para alargamento do caminho do Cemitério, um fontenário chamado da Levadinha, ainda que não abastecida pela sua água.

Numa parte significativa do seu trajecto a Levadinha constituía a linha divisória entre o extremo Sul do sítio da igreja e o extremo Norte do sítio da Ribeira da Caixa. Constituía também esta levada, depois de cruzar para Leste o caminho do Cemitério, a linha divisória entre o extremo Sul do sítio da Igreja e o extremo Norte do sítio de Pico e Salões.

 


 


[1]      Diário de Noticias de 1 de Janeiro de 1919.

[2]      Diário da Madeira, 4 de Novembro de 1928.

[3]      Na sua edição de 11 de Novembro de 1928, o Diário da Madeira dá conta de que as obras iriam começar na 2ª feira.

[4]      Diário da Madeira, 26 de Julho de 1929.

[5]      Diário da Madeira, 15 de Agosto de 1929.

[6]      Diário da Madeira, 26 de Julho de 1929.

[7]      Boletim Municipal do concelho de Câmara de Lobos, Fevereiro de 1997.

 

 

 

Câmara de Lobos

Dicionário Corográfico
Edição electrónica

Manuel Pedro Freitas

Câmara de Lobos, sua gente, história e cultura