Caminho
Dr. João Francisco de Almada
Denominação
dada, por deliberação de 9 de Julho de 1998, da Câmara
Municipal de Câmara de Lobos, ao estreito e íngreme caminho
pedestre que liga a igreja paroquial da Quinta Grande à quinta do
Pomar, na sua extensão entre a igreja e a estrada João Gonçalves
Zarco.
O Caminho Dr. João
Francisco de Almada é a denominação dada, por deliberação
camarária de 9 de Julho de 1998, ao segmento, compreendido entre
a igreja paroquial e a estrada João Gonçalves Zarco, da vereda
que liga a igreja à Quinta do Pomar.
Ainda que se desconheça
a altura da sua abertura, este caminho remontará a um período
muito anterior a 1883, altura em que passou a quinta do Pomar a ficar dotada
de capela, uma vez que se admite, que antes desta data, a quinta já
possuía residência, e com ela, a necessidade de ligação
com o centro de culto, ou seja com a capela de Nossa Senhora dos Remédios,
mais tarde igreja paroquial.
As referências
mais importantes
Ainda que só parte
do trajecto do caminho que liga a igreja da Quinta Grande à Quinta
do Pomar ostente o nome do Dr. João Francisco de Almada, julgo que
mais cedo ou mais tarde, o seu nome acabará por se estender a todo
o caminho. Com efeito, não só a ligação do
Dr. João Francisco de Almada com a freguesia da Quinta Grande se
prende com a Quinta do Pomar, como muito provavelmente a opção
deste caminho para homenagem ao Dr. João Francisco de Almada, teve
em conta o facto dele constituir o acesso àquela que foi sua propriedade.
É aliás
nesta perspectiva que, apesar de no actual troço, nenhuma referência
importante existir, não poderemos deixar de salientar a quinta do
Pomar, dotada de solar e capela com a invocação de Santo
António e que, certamente, num futuro próximo substituirá
a estrada João Gonçalves Zarco como fim do caminho Dr. João
Francisco de Almada.
Os proprietários
da Quinta do Pomar
Em 1794 a Quinta do Pomar
pertencia ao morgado Fernando José Correia Brandão Henriques
de Noronha, 1º visconde de Torre Bela e a sua mulher D. Emília
Henriqueta Sousa Coutinho e que a haviam herdado de sua mãe e sogra
D. Ana Rosa de Vilhena Carvalhal Esmeraldo (1) . Nesse ano é vendida
ao reverendo Francisco Joaquim Gonçalves(2-4).
Em 1883, pertencia a quinta
ao padre António Silvino Gonçalves de Andrade (5), que a
doa, em 1902, a sua sobrinha Ilda Beatriz Pinto Prado, filha de Caetana
Nicolina Gonçalves, 2ª mulher do major Guilherme Quintino Pinto
Prado e casada com o Dr. João Francisco de Almada.
Posteriormente passa a
propriedade do solar e capela para a posse do Dr. Manuel Prado de Almada,
que a doa a sua irmã Maria Pardo de Almada Cardoso, casada com o
Dr. Agostinho Gabriel de Jesus Cardoso, e que, por sua vez, em 1997, a
transmite a dois dos seus filhos: Teresa Maria Prado Almada Cardoso Perry
Vidal e o Dr. António João Prado de Almada Cardoso.
O solar da Quinta do
Pomar
Ao que tudo indica (6),
o solar terá sido, em diferentes épocas, alvo de várias
obras de ampliação, sendo o seu piso, onde se encontra integrada
a capela, contemporânea desta, ou seja, de 1883 e construído
pelo padre António Silvino Gonçalves de Andrade.
Neste solar terá
funcionado, durante vários anos, aquela que terá sido a
primeira escola primária da Quinta Grande.
Em 20 de Julho de 1996
é alvo de um incêndio que a destrói completamente.
A
capela de Santo António
De acordo com a provisão
de bênção(7) datada de 7 de Agosto de 1884, em
resposta a uma petição feita ao Bispo D. Manuel Agostinho
Barreto, pelo Rev. presbítero António Silvino Gonçalves
de Andrade, na altura pároco colado da Igreja de São Sebastião
de Câmara de Lobos,
tendo este construído na sua propriedade
do sítio do Pomar, freguesia da Quinta Grande, concelho de Câmara
de Lobos, uma pequena capela da Invocação de Santo António
de Lisboa, a qual se acha acabada e capaz e decentemente ornada e paramentada
sentiu veemente desejo de nela poder celebrar o Augusto Sacrifício
da Missa para satisfação da sua devoção, de
seus parentes e da população circunvizinha: o que visto e
por confiarmos seguramente das qualidades morais piedosas do Reverendo
suplicante, que saberá manter a dita capela em conveniente estado
de decência e asseio, para a celebração dos Augustos
Mistérios a que é destinada, havemos por bem conceder licença
para que observada em tudo a forma do ritual do Sumo Pontífice Paulo
V, o mesmo Reverendo Pároco suplicante, proceda à bênção
da supramencionada capela, afim de que nela se possa desde então
celebrar missa sem prejuízo dos direitos paroquiais e ficando à
nossa jurisdição ordinária [...].
Autorizada a bênção(8),
esta viria a ser concretizada, aos 4 de Setembro de 1884. De acordo com
auto de bênção , no ano de Nascimento de Nosso Senhor
Jesus Cristo de mil oitocentos e oitenta e quatro, aos quatro do mês
de Setembro, no sítio do Pomar desta freguesia da Quinta Grande,
concelho de Câmara de Lobos, pelas dez horas da manhã o muito
reverendo presbítero António Silvino Gonçalves de
Andrade, vigário colado da igreja matriz deste concelho, em presença
dos abaixo assinados e de muitas outras pessoas, por virtude da respeitável
provisão [...], procedeu à bênção
da nova capela de Santo António de Lisboa, mandada edificar na propriedade
pertencente ao mesmo reverendo vigário e se encontra decentemente
ornada e movida das alfaias e paramentos necessários para a celebração
do Santo Sacrifício da Missa e outros mistérios da nossa
religião [...].
(1) PAREDES,
M. Favila. A Quinta do Pomar na freguesia da Quinta Grande. Revista Islenha.
(2) PAREDES,
M. Favila. A Quinta do Pomar na freguesia da Quinta Grande. Revista Islenha.
(3) O Reverendo
Francisco Joaquim Gonçalves, era filho de Nicolau Gonçalves
de Andrade, natural do Campanário e de Maria de Andrade e
irmão de Manuel Joaquim Gonçalves de Andrade, que foi bispo
de São Paulo.
(4) FREITAS,
M. Pedro. Estrada Bispo Manuel Joaquim Gonçalves de Andrade. Jornal
da Madeira, 13 de Dezembro de 1998.
(5) FREITAS,
M. Pedro. Estrada padre António Silvino Gonçalves de Andrade.
Jornal da Madeira, 30 de Agosto de 1998.
(6) PAREDES,
M. Favila. A Quinta do Pomar na freguesia da Quinta Grande. Revista Islenha.
(7) Livro
de Pastorais e Circulares da freguesia de Quinta Grande, pg. 36v e 37.
(7) Livro
de Pastorais e Circulares da freguesia de Quinta Grande, pg. 36v e 37.