Capela das Almas da Paróquia de Nossa
Senhora da Encarnação
A capela com a invocação
às Almas, existente na freguesia do Estreito de Câmara de
Lobos, encontra-se situada no sítio da Vargem e foi mandada
construir em finais de 1766, princípios de 1767 pelo
Alferes Pascoal Pestana
Ennes .
Depois de erecta e vistoriada a
capela foi benzida em data que se desconhece, mas que deverá
ter sido próxima do dia 22 de Junho de 1767, data da
Provisão dando
autorização para nela se celebrar .
Pascoal Pestana Ennes era natural
do Estreito de Câmara de Lobos, onde terá nascido por volta
de 1700. Faleceu a 5 de Outubro de 1772
[1],
tendo sido sepultado na sua capela com a invocação das Almas
e de que ele fôra seu instituidor.
Era filho de Francisco Pestana e de Mariana de Faria.
Casou-se, na freguesia do Estreito de Câmara de Lobos a 17
de Agosto de 1768, quando contava já com cerca de 70 anos,
com Teresa Maria Pinto, nascida a 23 de Julho de 1727 e
falecida no Funchal a 8 de Junho de 1818 e sepultada na
capela das Almas, filha de Gaspar Pinto da Silva e de
Antónia Gonçalves. Deste casamento nasceria um único filho,
que no livro de registo de óbitos de Pascoal Pestana Ennes
surge com o nome de João Alberto, mas que corresponde ao
coronel de milícias João Gualberto Pinto, a quem nomeia seu
herdeiro universal.
No
seu testamento pio, faz referência aos nomes de suas
falecidas tias: Ana Faria e Domingas Faria, bem como a um
seu tio de nome Tomás de Sousa.
Desta forma, sucede a Pascoal Pestana Ennes, na posse da
capela das Almas seu filho, o coronel de milícias João
Gualberto Pinto (1769-1833), que dada a sua profissão de militar
tinha residência mais ou menos permanente em Lisboa, ainda
que se deslocando frequentemente à Madeira.
João Gualberto Pinto (1769-1833) era natural da freguesia do
Estreito de Câmara de Lobos onde nasceu ao sítio da Vargem a
5 de Julho de 1769 tendo-se baptizado a 12 do mesmo mês e
faleceu a 29 de Novembro de 1833. Viveu maritmalmente, ainda
que sem nunca se casar, com Luísa Margarida do Monte, de
quem teve quatro filhos: João Gualberto Pinto (1816-1899),
nascido a 26 de Janeiro de 1816 e baptizado na Sé do
Funchal, tendo sido colega de Almeida Garrett; Constâncio
Pestana Pinto, nascido a 11 de Fevereiro de 1821 e baptizado
em Santa Isabel, em Lisboa; Maria Teresa Pinto, nascida a 4
de Novembro de 1822 no Oceano Atlântico, entre Lisboa e
Funchal e baptizada em Santa Luzia, motivo porque também é
conhecida por das ondas do mar, e Francisco Pinto da
Silva, nascido a 24 de Dezembro de 1818, baptizado na
paróquia de Santa Luzia, tendo-se depois fixado em Lisboa.
Por morte do coronel João Gualberto Pinto (1769-1833),
passou a capela a pertencer a seu filho primogénito, o
capitão João Gualberto Pinto (1816-1899), que de acordo com
a escritura ante-nupcial de 16 de Setembro de 1867 lavrada a
fls. 26 do Livro 1º do notas do tabelião Freitas Henriques,
de Câmara de Lobos, viria a casar aos 55 anos de idade com
Maria Apolónia Barbeito, de 54 anos de idade, nascida na
freguesia da Calheta e falecida a 17 de Novembro de 1889.
Era filha de João Barbeito e de Maria Nascimento e viúva de
João de Freitas, de quem havia tido quatro ou cinco filhos.
De acordo com testamento feito pelo coronel João Gualberto
Pinto (1769-1833) a 11 de Junho de 1827 e registado no Livro
de Notas nº 122 a fls.78vº do Tabelião Januário Francisco da
Costa, a capela da invocação das Almas dentro e pegado à
casa da residência da quinta da Várgea do Estreito de Câmara
de Lobos se acha completa de todos os precisos [...],
a qual deixa aos [...] seus quatro filhos, para que
possam nela ser sepultados, querendo, ou algum de seus
descendentes, sendo administrada pelo herdeiro João
Gualberto Pinto que a tomará a seu cuidado, conservando a
alampada de prata com a firma dele inventariante e tem de
peso trinta e seis marcos e quarenta e cinco oitavas de
prata a qual jamais se tirará da dita capela, e na falta do
dito herdeiro passará a mesma obrigação a quem passar a dita
casa.
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Da relação do capitão João Gualberto Pinto (1816-1899) com
Maria Apolónia Barbeito viria a nascer Amélia Teresa Pinto a
quem viria a transmitir a propriedade da casa e
administração da capela.
Amélia Teresa Pinto Gonçalves casou na freguesia do
Estreito de Câmara de Lobos, no ano de 1867 com Isidoro Gonçalves
Figueira Júnior, filho de Isidoro Gonçalves Figueira e de Luísa Júlia de Freitas
[2], tendo
tido oito filhos:
1. Frederico Gonçalves
Figueira, natural da freguesia do Estreito de Câmara de
Lobos, onde nasceu a 18 de Julho de 1868 (L. Reg. Bap.
Estreito, fls. 28vº.) e onde faleceu a 3 de Abril de 1944.
Apesar de não ter casado, supõe-se que tenha tido filhos
naturais e perfilhou:
2.
Maria Aldora Figueira, nascida a 29 de Dezembro de
1906, na freguesia de São Pedro, no Funchal (registada na
igreja de São Pedro a 4 de Agosto de 1907 sob o nº. 190,
fls. 97) e perfilhada a 29 de Outubro de 1915
(Conservatória do Registo Civil do Funchal, assento nº. 11).
Maria Aldora casou a 30 de Abril de 1945 na igreja de Santa
Luzia com Eduardo Justino de Matos, de quem não houve
descendência.
1. António Gonçalves Figueira. Tudo leva a crer
quem em Março de 1895 António Gonçalves Figueira se
encontrava estabelecido como comerciante em Buenos Aires -
Argentina, altura em que adquire a seu tio paterno João
Isidoro Gonçalves uma herança que este havia recebido em
consequência da morte de seus irmão Francisco Teodoro
Gonçalves Figueira.
1.
Amélia Teresa
Gonçalves (Barros). Casou com Jordão Ludgero Drummond de
Barros, natural do Estreito de Câmara de Lobos, onde nasceu,
no sítio da Ribeira Fernanda, por volta de 1868. Era filho
de Gregório Naziaziano Drumond de Barros e de Ana Baptista
Jambaro e provavelmente neto paterno
do tenente José Drumond de Freitas Henriques e de
Josefa Maria Júlia de Barros, casados em 1815,
naturais do Estreito de Câmara de Lobos, onde residiam ao
sítio da Ribeira Fernanda . Amélia Teresa Gonçalves Barros e
Jordão Ludgero Drumond de Barros terão tido
pelo menos
três filhos:
2.
Gregório Geraldo Drumond de Barros. De
acordo com o Diário de Notícias de 8 de Agosto de 1923,
por esta altura tinha frequentado a instrução primária e
feito exame de admissão ao liceu, tendo ficado aprovado.
Terá emigrado para o Brasil ou para África, onde terá
casado.
2. Pascoal Justino Drumond de Barros
que, de acordo com o Diário da Madeira de 23 de Julho de
1940, estava por essa altura noivo de Georgina Pestana Reis,
irmã de Manuel Pestana Reis, deputado e director do Correio
da Manhã, mas com quem nunca terá chegado a casar, uma vez
que terá falecido solteiro e sem descendência. Sempre teve
residência no sítio da Ribeira Fernanda, onde provavelmente
terá nascido e onde terão tido residência seus
pais.
2.
Jordão Paulo Drumond de Barros, que casou e teve
descendentes.
1.
Maria da Conceição Gonçalves. Nasceu na
freguesia do Estreito de Câmara de Lobos a 6 de Dezembro de
1877 e faleceu no Funchal em 1962.
1.
Carlota
Maria Gonçalves. Faleceu solteira no Rio de Janeiro.
1.
Alfredo Isidoro Gonçalves. Natural da freguesia do
Estreito de Câmara de Lobos onde nasceu em 1882, tendo
falecido no Funchal a 20 de Março de 1965.
1.
Isidoro Gonçalves
Figueira. Casou com Augusta da Conceição Gonçalves.
1.
José Isidoro Gonçalves Figueira.
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Amélia Teresa Pinto
Gonçalves |
Carlota Maria
Gonçalves |
José Gonçalves Figueira |
Por morte de Amélia Teresa Pinto Gonçalves, a capela viria, por doação, a ficar na posse de
duas das suas filhas: Maria da Conceição Gonçalves e Carlota
Maria Gonçalves que por sua vez a doaram ao seu irmão mais
novo, José Isidoro Gonçalves Figueira.
Por morte de José Isidoro Gonçalves Figueira ficou a capela
a pertencer aos seus filhos: Maria Isabel dos Reis Pestana;
Antonino Isidoro Gonçalves; Amélia Teresa dos Reis Figueira
de Andrade; Avelino Isidro Gonçalves; José Alberto da
Conceição Gonçalves; Miguel Gregório Gonçalves, já falecido,
e a Cecília dos Anjos Figueira Ferraz Simões, todos os
outros radicados no Brasil.
Próximo ao ano 2000, foi
esta capela doada à paróquia de Nossa Senhora da Encarnação,
sob cuja jurisdição eclesiástica estava.
Possui esta capela um lampadário de prata que, em
consequência de falta de condições de preservação, foi
colocado transitoriamente à guarda do museu de arte sacra.
Ainda que, ao que tudo leva a
crer, mantendo a sua traça primitiva, esta capela terá sido
ao longo dos anos alvo de obras de manutenção e restauro. Em
Abril de 1928 terá passando por diversos melhoramentos entre
eles das pinturas e dourados pelo hábil artista José
Fernandes Camacho
[3].