Capela de Jesus Maria José
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Capela de Jesus Maria José
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A capela de Jesus Maria José, situa-se no sítio de Jesus Maria José, no caminho de São João,
freguesia de Câmara de Lobos, tendo muito provavelmente, a exemplo
do que aconteceu com outras, o seu orago, Jesus Maria José, ou
Sagrada Família, estando na origem da denominação do sítio onde se
encontra implantada.
Segundo os dados existentes terá sido esta capela mandada edificar
nas sua propriedade, em 1693, por
Sebastião Gonçalves Cordeiro e sua mulher Luzia de Ornelas e, dedicada no ano seguinte, a Jesus Maria José.
Ao seu fundador, que era filho de
Gaspar Gonçalves e de Isabel Martins, terá sucedida na posse
da capela, sua segunda mulher, D. Catarina de Meneses e Vasconcelos,
filha de Matias Calaça de Mendonça e de D. Maria Drumond com
quem Sebastião Gonçalves Cordeiro,
terá casado, em segundas na freguesia de São Pedro, em 1704 (L.º
120, fls. 97V) e que em 1727 consta no livro do tombo da igreja
paroquial de São Sebastião como administradora.
A D. Catarina de Menezes e
Vasconcelos é provável que tenha sucedido seu filho Caetano Cordeiro de
Meneses e Vasconcelos, que casou, em primeiras núpcias,
em Câmara de Lobos, no dia 15 de Agosto de 1732 com D. Vitoria de Mendonça e
Bettencourt, filha de João Homem Furtado e de D. Beatriz de Mendonça
Bettencourt, naturais do Arco da Calheta (L.º 312, fls.19) e, em segundas núpcias, a 8 de Setembro de 1764, na freguesia do
Estreito de Câmara de Lobos, com Maria Madalena Rosa de Barros, filha
de Manuel de Barros Bezerra e de Antónia Macedo (L.º 348, fls.112v).
O facto de desconhecermos a
existência de descendentes, tanto do primeiro casamento como do
segundo levanta-nos alguns problemas, no sentido de sabermos a
sequência de transmissão da propriedade da capela, até pelo menos
1857, altura em pertencia à Fazenda Pública.
Depois admite-se que,
posteriormente tenha sido adquirida pelo Capitão Januário António
Ozório de Menezes e sua mulher Inácia Joaquina de Barros [Inácia
Cândida de Barros] [Casamentos Estreito C. Lobos, L. 350, pg.88v],
que em 1856, estariam ligados tanto à família proprietária da capela
de Nossa Senhora da Nazaré, como à propriedade da capela de Jesus Maria José.
Este, não tendo descendência, através de um seu testamento datado
de 10 de Agosto desse ano nomeia como herdeiros, seus sobrinhos Francisco Nunes Pereira de Barros (1819-1902) e José Isidoro Pereira
de Barros, filhos de sua irmã Vicência Lucinda de Menezes Barros
casada com Francisco Nunes Pereira de Barros (1782-1865).
A se confirmar esta hipótese, em 1867,
com a morte do Capitão Januário António Ozório de Menezes, ocorrida
a 13 de Fevereiro, a capela passa para a posse de seu sobrinho
Francisco Nunes Pereira de Barros, casado com Luísa Maria Teresa
Figueira de Barros.
Outra hipótese é a da capela,
após a morte de Caetano Cordeiro de Meneses ter passado para a posse
da sua segunda mulher Maria Madalena Rosa de Barros.
Apesar de desconhecermos
descendentes do casamento entre Caetano Cordeiro de Meneses e Maria
Madalena Rosa de Barros, sabemos que após a morte de Caetano
Cordeiro de Meneses, Maria Madalena Rosa de Barros casa em segundas
núpcias, mais precisamente no Estreito de Câmara de Lobos, no dia 10
de Fevereiro de 1782 com Mateus Nunes Pereira de quem tem o Capitão
Francisco Nunes Pereira de Barros, que viria a casar com Vicência
Lucina Meneses de Barros, irmã do
capitão Januário António Ozório de Meneses.
Daqui surge a dúvida
relativamente à transmissão da propriedade da capela, para Francisco
Nunes Pereira de Barros (1819-1902), se através do capitão Januário
António Osório de Meneses, se através da descendência de Maria
Madalena Rosa de Barros, ou seja para o seu filho o capitão
Francisco Nunes Pereira de Barros (1782-1865) e deste para o seu
filho Francisco Nunes Pereira de Barros (1819-1902), sobrinho do
capitão Januário António Osório de Meneses.
Aquilo que se sabe é que, directa
ou indirectamente a capela viria a parar às mãos de Francisco Nunes Pereira de Barros
(1819-1902), casado com Luísa Maria Teresa
Figueira de Barros, que depois a transmite a seu filho Francisco
Nunes Pereira de Barros (1863-1942), casado com Alice Georgina
Figueira da Silva.
A este Francisco Nunes Pereira de Barros, seguiu-se como
proprietário da capela e solar sua filha, Alice Salete de Barros
Figueira César, casada com o Dr. João Augusto Figueira César, que,
por sua vez a transmitiria a seu filho João Augusto de Barros
Figueira César, actual proprietário.
O Capitão Francisco Nunes Pereira de Barros (1783-1865) era
natural da freguesia do Estreito de Câmara de Lobos, onde nasceu
a 15 de Outubro de 1783, tendo falecido em Câmara de Lobos no
dia 8 de Agosto de 1865, numa altura em que já era viúvo. Era filho de Mateus Nunes Pereira e de
Maria Madalena de Barros, naturais da freguesia do Estreito de Câmara
de Lobos. Casou
em Câmara de Lobos, no dia 3 de Maio de 1813 com Vicência
Lucina de Menezes de Barros (falecida em Câmara de Lobos, no
sítio do Serrado Galego a 9 de Maio de 1861), filha do morgado Lúcio Francisco
de Barros e de Maria Osória Mendonça e Meneses , de quem teve:
1.
Francisco Nunes Pereira de Barros (1819-1902), natural de
Câmara de Lobos, onde nasceu no sítio do Serrado Galego por
volta de 1819 e onde faleceu no dia 5 de Junho de 1902.
Casou
na igreja do Estreito de Câmara de Lobos, a 25 de Agosto de
1851, com Luísa Maria Teresa Figueira de Barros (falecida a 2 de
Outubro de 1907), filha de Joaquim Figueira da Silva Júnior e de
Maria Teresa Pinto, ambos naturais da freguesia do Estreito de
Câmara de Lobos, de quem teve:
2.
Vicência Lucina de Barros, natural do Estreito de Câmara
de Lobos, onde nasceu, no sítio da Panasqueira, no dia 15 de
Março de 1856, tendo-se baptizado a 8 de Julho do mesmo ano.
Casou, em Câmara de Lobos, no dia 26 de Novembro de 1874, com
João Joaquim
Gonçalves Henriques, filho do tenente António Joaquim de
Freitas Henriques e de Ana Júlia Henriques.
2.
Maria Henriqueta de Barros, que casou em 1869 com António
Joaquim de Freitas Henriques, filho do tenente António Joaquim
de Freitas Henriques e de Ana Júlia Henriques, de quem teve:
Maria Teresa de Barros Henriques, casada em 1908 com João Rodrigues
Serrão, tendo falecido sem deixar geração; Matilde Georgina
Henriques, casada em 1912 com Diogo Martinho de Freitas Júnior,
com geração e Alice Henriqueta Henriques, que casou, em 1920 com
José de Barros Júnior .
2.
Francisco Nunes Pereira de Barros Júnior (1863-1942),
nascido na freguesia de Câmara de Lobos no dia 30 de Janeiro de
1863 e falecido na freguesia do Estreito de Câmara de Lobos no
dia 16 de Janeiro de 1942. Casou na igreja do Estreito de
Câmara de Lobos no dia 23 de Outubro de 1884
[1],
com Alice Georgina Figueira da Silva, filha de José Figueira da Silva
e de Vitorina Olívia Figueira, naturais da freguesia do Estreito de
Câmara de Lobos, onde fixou residência ao sítio da Ribeira Fernanda e
de quem teve três filhos:
3. Alice Salete de Barros
que casou na freguesia de São Pedro, a 30 de Julho de 1917 com o
Dr.
João Augusto Figueira César, filho de Joaquim Figueira César e de
Maria Augusta Figueira, ambos naturais da Freguesia do Estreito de
Câmara de Lobos e de quem teve:
4. Maria,
falecida aos dois anos de idade.
4. Alice Salete de Barros
Figueira César que casou com o Eng. Francisco Figueira Ferraz,
filho de Francisco Figueira Ferraz e de Maria Emília Tavares, de quem
não teve geração.
4. João Augusto de Barros
Figueira César, que casou com Maria Cecília Iria Maltez Espírito
Santo, filha de José Espírito Santo e de Maria Merita Ferreira Maltez,
sem geração.
4. Maria Lurdes de Barros
Figueira César, que casou com Henrique de Moura Coutinho Sá
Fernandes, filho do Dr. Teodorico Fernandes e de Maria Eugénia de
Moura Coutinho.
4. António de Barros
Figueira César, falecido solteiro e sem geração.
3. Maria da Graça Figueira
de Barros que casou em 1926 com Ernesto Alves Pinto Corrêa, filho
de Guilherme Correia e de Inácia Augusta Pinto Correia, de quem teve:
4. Maria Fernanda de
Barros Pinto Correia.
4. Maria Luísa de Barros
Pinto Correia.
3. Francisco Nunes
Pereira de Barros que casou a 3 de Janeiro de 1942, na freguesia
do Estreito de Câmara de Lobos com Filomena Izilda Pestana Rodrigues,
filha de Gregório Rodrigues e de Filomena dos Anjos Pestana, natural
da freguesia do Estreito de Câmara de Lobos e de quem teve:
4. Francisco Nunes Pereira
de Barros, nascido a 20 de Janeiro de 1943.
4. Ana Maria Rodrigues
Pereira de Barros, nascida a 16 de Junho de 1945.
4. Maria Isabel Rodrigues
Pereira de Barros, nascida a 2 de Abril de 1947.
4. Izilda Helena Rodrigues
Pereira de Barros, nascida a 20 de Agosto de 1949.
1.
José Isidoro Pereira de Barros, que faleceu solteiro e
sem descendência.
No início dos anos 40, foi esta capela sujeita a algumas obras de
restauro. Ainda que estas obras se tivessem pautado, na sua
generalidade, pela preservação da sua arquitectura, terá sido,
contudo feita uma pequena ampliação lateral por forma a poder
albergar maior número de fiéis.
As festividades em honra do seu orago, Jesus Maria José, ou mais
precisamente em honra da Sagrada Família, têm lugar no segundo
Domingo de Janeiro e vêm sendo celebradas desde a década de 40,
altura em que a respectiva imagem foi adquirida. Se estas
festividades existiam antes, terão sido em tempos suficientemente
recuados para que a transmissão oral dessa prática se tivesse
perdido, ou não chegasse a ficar registado na memória do seu actual
proprietário. Para além disso, o único símbolo do orago até então
existente era representado pela respectiva pintura gravada no
retábulo, facto que naturalmente seria impeditivo da sua utilização
em procissões como é regra no decurso deste tipo de solenidades.
A tradição do São João
Esta capela apresenta, no entanto, uma característica peculiar e que
explica, o aparecimento de São João não só na toponímia local, como na
origem de alguma confusão a propósito do seu orago.
Com efeito, apesar de não existirem dúvidas de que o seu orago é Jesus
Maria José, esta capela possui uma imagem representativa de São João
Baptista e ali, desde longa data, se celebram grandes festejos em sua
honra, o que atesta a forte devoção da população das redondezas e
explica o facto de São João ter ofuscado completamente o primitivo
orago, até porque durante anos e anos e, até a década de 40, foi a
única festividade celebrada.
Segundo a tradição popular, esta imagem de São João Baptista teria
sido para ali transportada, tal como aconteceu com um sino e uma pia
baptismal, de uma outra capela existente em Câmara de Lobos com a
invocação de São João, ameaçada de ruína na sequência de um aluvião e
onde a celebração dos festejos em sua honra assumiam grande
significado.
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