Engenhos
Em 1882, de acordo com Joaquim
Pestana
[1] a vila de Câmara de Lobos possuía 4 engenhos de moer
cana-de-açúcar, dos quais o mais importante era o de Tibúrcio Justino
Henriques e junto ao qual existia uma fábrica de destilação de
aguardente. A avaliar por um trabalho elaborado por João Adriano
Ribeiro
[2], é de admitir que esses engenhos possam corresponder
à fábrica da Palmeira, fundada em 1847 por Manuel Martins e João da
Silva; à fábrica da rua da Carreira, fundada em 1854 e pertencente a
Tibúrcio Justino Henriques; a fábrica do Ribeiro Real, fundada em 1857
e pertencente a João Figueira Quintal e a fábrica do sítio de Jesus
Maria José, fundado em 1858, pelos quatro sócios que formavam a firma
Joaquim Figueira e Cª.
Posteriormente, em 1907 um outro
engenho, situado dentro da vila e pertencente a Manuel Justino
Henriques, é licenciado.
O engenho da Palmeira, situava-se
no sítio da Palmeira, logo acima do cemitério, mas sobranceiro à
Ribeira dos Socorridos e terá sido demolido entre 1930 e 1940 para dar
lugar, nesse espaço, a várias habitações. Terá sido seu segundo
proprietário, João Joaquim Gonçalves Henriques e depois de seus
filhos, que em 1901 obtêm um alvará para conservarem a fábrica de
moagem de cana e de destilação de aguardente, ainda que sob certas
condições. Em 1911, este engenho encontrava-se a laborar e pertencia a
Francisco Eduardo de Barros Henriques.
O engenho do Ribeiro Real terá sido
demolido em finais do século XIX, tendo contudo sido aproveitadas
algumas das suas paredes na construção de uma residência, feita por
várias fases e munida de capela, com a invocação de Nossa Senhora da
Boa Morte, cuja data do umbral de entrada data de 1894. Foram
proprietários desta residência e terrenos anexos o Dr. António Silvino
Macedo, depois Manuel Justino Henriques, o padre António Eduardo
Henriques e finalmente o Dr. João Marcelino Pereira.
O engenho de Tibúrcio Justino
Henriques situava-se na rua da Carreira. Em 1911 pertencia a Francisco
Eduardo Henriques e encontrava-se a laborar. Depois desactivado,
viriam as suas instalações a serem ocupadas pela Sociedade de
Serragens da Madeira.
O engenho de Manuel Justino
Henriques situava-se também na rua da Carreira em frente ao que fora
do Tibúrcio Justino Henriques. Em 1911, pertencia ao mesmo Manuel
Justino Henriques e encontrava-se a laborar.
A 13 de Setembro de 1979, numa
altura em que havia vários anos em que já se encontrava desactivado, a
Câmara Municipal de Câmara de Lobos, com o objectivo de construir o
mercado municipal, decide-se pela sua aquisição
[3].
Relativamente ao engenho de Jesus
Maria José desconhece-se neste momento o local exacto da sua
instalação e qual terá sido o seu destino final.
Contudo, Câmara de Lobos, para além
destes terá tido outros engenhos. A toponímia faz referência a um
lugar de Câmara de Lobos, denominado de engenho das Cales, onde o
morgado António Correia teria terrenos e que provavelmente se situaria
na zona de Belém. Na ribeira dos
Socorridos há também referência à existência destas unidades
fabris.
[1] Revista Girão nº 9, pg. 418.
[2] Revista Girão nº8, pag. 261-265.
[3] Na sessão camarária de 13 de Setembro de
1979 foi presente uma carta de Iolanda da Silva Henriques
informando que na qualidade de procuradora de seu irmão Francisco
Renato da Silva Henriques, aceita o preço proposto pela Câmara na
venda do antigo engenho situado na rua da Carreira - Vila de
Câmara de Lobos, na parte que lhe pertence. Foi presente outro
ofício de Dr. João Marcelo Pereira informando que concorda com o
preço proposto pela Câmara para a venda do antigo engenho da vila.
Na mesma sessão, por proposta do presidente, depois de ter
consultado os proprietários de um prédio urbano em que parte serve
de armazém e a outra de engenho, situado à rua da Carreira, vila
de Câmara de Lobos, foi por unanimidade adquirir o mesmo imóvel ao
preço de 2 mil escudos ao metro quadrado.
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