Escola Básica do 1º Ciclo da Marinheira
A
Escola Básica do 1º Ciclo da Marinheira, contrariamente ao que a
sua denominação faz supor, situa-se no sítio das Fontes, na
freguesia do Estreito de Câmara de Lobos, sítio esse que confina a
sul com o da Marinheira e foi inaugurado pelo presidente do Governo
Regional da Madeira, no dia 11 de Junho de 1999.
A
dissonância na denominação desta escola deve-se ao facto do núcleo
escolar da Marinheira, a que pertence, abranger para além deste sítio,
também o das Fontes.
Com
instalações práticas e funcionais, este educativo integra, no
primeiro piso, um corpo de salas vocacionadas para o ensino básico
pré-escolar, alem de uma biblioteca, uma cantina, uma cozinha e um
espaço polivalente com funções de ginásio. Num segundo piso,
concentra-se a área para o ensino básico, composta por seis salas
de aula, estando uma delas vocacionada para o ensino da informática.
Dois outros espaços para pequenos grupos ou gabinetes de estudo,
uma sala de trabalho e uma outra de convívio para os docentes
ajudam a dar corpo a este patamar.
Os
arranjos exteriores incluem ainda a execução de um campo
polidesportivo, zonas de recreio envolventes ao edifício principal,
espaços verdes, acessos vários e zonas de estacionamento.
Com
uma área de construção que ronda os 1.100 metros quadrados, esta
obra esta orçada em cerca de duzentos e cinquenta mil contos [1],
[2].
A
vontade política de construir uma escola primária para o núcleo
escolar da Marinheira data pelo menos de 1966.
Com
efeito, em ofício presente na sessão camarária de 12 de Janeiro
de 1966, a Direcção Geral do Ensino Primário informava que no núcleo
escolar da Marinheira havia sido incluída a construção de um edifício
escolar dotado de seis salas. Nesse sentido, solicitava à Câmara
os seus bons serviços, no sentido de que fosse concedido à Delegação
as necessárias facilidades para a execução urgente da obra.
Nessa
altura, ao que supomos, a Câmara ter-se-á mostrado receptiva à
iniciativa, uma vez que terá oficiado, nesse sentido, à Delegação
dos Edifícios Escolares para que procedesse ao levantamento e
enviasse a respectiva planta do terreno [3],
[4],
[5],
[6],
[7].
Contudo,
o projecto acabaria por não ir em frente e, passados 10 anos, a 19
de Janeiro de 1976, a Câmara
Municipal de Câmara de Lobos delibera adquirir um terreno no sítio
das Fontes, freguesia do Estreito de Câmara de Lobos com uma área
de 540 m2 para implantar o edifício da escola primária da
Marinheira, negócio que só se viria a concretizar em 1978 [8].
Adquirido
o terreno, não na Marinheira, mas no sítio das Fontes, área
abrangida pelo núcleo escolar da Marinheira, em parte da sua área,
viria a ser instalado um pré-fabricado, para funcionamento provisório
da escola. Contudo, por falta de capacidade, acabariam mais tarde os
seus alunos por serem transferidos para o edifício da Escola Básica
do 1º Ciclo do Estreito.
Em
Outubro de 1997, a construção do edifício da Escola Básica da
Marinheira é finalmente adjudicado [9].
Alguns
dias depois do início das respectivas obras e, na tentativa de
evitar que na sua construção fossem cometidos erros idênticos aos
verificados 15 anos antes, a quando da construção da Escola Básica
do 1º Ciclo do Estreito, Manuel Pedro S. Freitas em artigo
publicado no Diário de Notícias de 23 de Maio de 1998, e
intitulado "Recados a Câmara de Lobos - A segurança nas
escolas não é só um caso de polícia" referiria que em
1982 quando a Escola Primária do Estreito foi construída, em vez
de se ter aproveitado o piso ao nível da estrada, optou-se por
levantar uma muralha de betão e implantar a escola a mais de três
metros de altura, sobre um monte de terra. O resultado, foi que
quando se necessitou de espaços, que no Estreito são extremamente
caros, para instalar alguns serviços públicos, nomeadamente o
posto de polícia, se teve de esgravatar uns buracos por debaixo da
escola, quando tudo teria sido melhor e mais barato se os políticos,
15 anos antes tivessem dado ouvidos ao povo.
Com a construção da
Escola Primária da Marinheira, iniciada há alguns dias, o mesmo
erro é cometido e com uma agravante. Não só se está a construir
a escola a 3 metros acima do nível da estrada, desperdiçando um
espaço que poderia ter num futuro próximo milhentas utilidades em
benefício da população, como se levantou a muralha de suporte
quase que em cima da estrada, ou seja, deixando um minúsculo
afastamento que não só é inferior àquilo que habitualmente se
exige aos munícipes, como, fica aquém das condições de segurança
exigidas para uma escola.
Junto de uma escola,
por sinal construída de raiz, destinada a crianças com idades
entre os 6 e os 10 anos de idade, a separá-la da estrada deveria
haver um passeio suficientemente largo por forma a melhor garantir a
sua segurança, tanto mais que o edifício em causa foi implantando
nas proximidades de uma curva cuja visibilidade não é a Ideal.
Aliás, este exemplo
da Marinheira tem outros no concelho, nomeadamente nos acessos à
Escola Básica e Secundária de Câmara de Lobos, em que uma grande
parte dos seus alunos tem de os percorrer a pé, na faixa de
rodagem, como acontece com a movimentada estrada regional.
Julgo que terá de haver mais cuidado com a segurança,
quando se implantam escolas ou então, que se obriguem a que todos,
mas todos, os projectos de novas estradas prevejam pelo menos um
passeio ou uma berma [10].
Cerca
de uma ano depois, o edifício da escola da Marinheira volta a ser
alvo de polémica. Desta vez, porque estando quase concluídas as
obras, surgiram rumores de que, afinal, o imóvel em causa iria ser
ocupado, ainda que transitoriamente, não pelas crianças da
Marinheira e sítios limítrofes, mas sim por alunos do 2º ciclo,
provenientes da Escola Básica do 2º e 3º Ciclos do Carmo, cujas
instalações ainda não estavam concluídas [11].
Este
facto colocaria em alvoroço a população que se recusaria a
aceitar tal decisão.
Ainda
que fontes oficiais, logo dessem um passo atrás e se apressassem a
desmentir a notícia e a rotulassem-na de boato, estas informações
tinham fundamento e surgiriam na sequência da realização de uma
espécie de concurso interno para ocupação de vagas para a nova
escola do Carmo, onde se fazia alusão ao seu funcionamento transitório
na Escola da Marinheira. Por outro lado, numa página da Secretaria
Regional da Educação, existente na Internet e elaborada pelo
Gabinete de Estudos e Planeamento, era referido no plano de
actividades daquela secretaria para o ano lectivo de 1999/2000 que
seria possível antecipar a criação na Escola do Carmo (utilizando
o edifício da Marinheira), ali colocando 16 turmas de 5º e 7º
anos da zona da futura Escola do Carmo. Adiantava ainda a informação
que seriam necessários dois autocarros com capacidade para 100
passageiros para assegurar os transportes necessários.
Depois
de 30 anos à espera de uma escola, no momento em que esta acabava
de ser construída e as pessoas se regozijavam por ver que os seus
filhos com idades entre os 4 e os 10 anos já não teriam de
percorrer longas distâncias para frequentarem a pré e a primária
e enfrentar os perigos dos acidentes de trânsito, esta reacção de
revolta, de descontentamento, não era para menos.
Perante
esta onda de indignação popular e perante as várias informações
contraditórias, não faltariam os aproveitamentos políticos, por
parte de partidos da oposição e os abaixo-assinados, como ainda a
necessidade de deslocação ao local, do Secretário da Educação,
para esclarecer e acalmar a população e reafirmar que esta escola,
contrariamente ao que se dizia, se destinava ao ensino pré-primário
e básico [12], [13].
A
propósito das informações contraditórias e do aproveitamento político
que marcaram toda esta problemática em torno da escola da
Marinheira, Manuel Pedro Freitas, num crónica lida aos microfones
da TSF diria:
tudo isto poderia ter sido evitado, como poderia ter sido evitado o
aproveitamento político, por parte dos partidos da oposição se,
quem tomou esta posição, tivesse em conta que os outros, os vilões,
o zé povinho também pensa, também tem sentimentos, também merece
ser respeitado.
Se
assim tivesse acontecido, não se teria cometido o erro político
que se cometeu, ainda que prontamente corrigido
[...].
Mas
o erro foi cometido e chegou ao conhecimento da população que
prontamente mostrou o seu descontentamento e este descontentamento
foi aproveitado pelo partido Socialista, que mesmo sabendo que o
erro já tinha sido corrigido e uma outra alternativa havia sido
encontrada, não deixou de incentivar a população a fazer um
abaixo-assinado e a reclamar contra um problema que já não
existia.
Contudo,
sobre a escola da Marinheira se houve falta de seriedade e jogo
menos claro por parte do partido socialista, porque levou a população
a lutar contra um problema que já havia sido resolvido, o secretário
Regional da Educação não lhe ficou atrás, uma vez que faltou à
verdade ao afirmar que a ocupação da escola da Marinheira por
alunos de Câmara de Lobos teria sido um boato engendrado pelo PS e
pela CDU, quando fez um concurso interno para ocupação de vagas
para a nova escola do Carmo, onde se fazia alusão ao seu
funcionamento transitório na Escola da Marinheira, e quando admitia
na Internet o funcionamento da escola do Carmo, no edifício da
escola da Marinheira.
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