Estrada
1 de Julho
Denominação dada à estrada
pertencente à freguesia de Câmara de Lobos que se estende entre a
Rua Padre
António Rodrigues Dinis Henriques, na Caldeira, e a
Estrada do Cabo Girão, nas
proximidades do Miradouro do Cabo Girão, como homenagem à Região Autonomia da Madeira e à sua autonomia.
A sua construção foi feita em duas fases: a primeira envolvendo a
construção de um troço entre a Estrada do Cabo Girão e a Vereda do
Lombo do Facho, inaugurada no dia 7 de Outubro de 1999 [Jornal da Madeira, 7-10-1999]
e toponimicamente individualizada, por deliberação camarária de de 23 de Dezembro de 2004,
como Estrada do Facho; a segunda,
envolvendo a construção de um troço de estrada entre a Vereda do
Lombo do Facho e a Caldeira, nas proximidades do Convento de Nossa
Senhora da Piedade, inaugurado no dia 28 de Setembro de 2009.
Este último troço de estrada tem
uma extensão de 1.150 metros e custou 2,6 milhões de euros e é um acesso
«fundamental» ao miradouro do Cabo Girão.
Ainda que com um traçado supostamente diferente do actual, a ligação
da Caldeira com a Cruz da Caldeira e, consequentemente com o Cabo
Girão, é um velho sonho dos políticos câmara-lobenses e que se começa
a delinear desde, pelo menos, a partir dos finais do primeiro quartel do
século XX. Em Março de 1931 a imprensa refere-se ao facto da Junta
Geral ter mandado proceder ao estudo para a construção de uma
estrada entre a fonte da Ribeira do Vigário, no centro da vila de
Câmara de Lobos e a Cruz da Caldeira [O Jornal, 15-03-1931].
Nesta mesma altura, ao ser
organizada no concelho a Comissão do Partido da União Nacional e ao
ser eleito seu presidente o influente Dr. Soares Henriques,
subdelegado de saúde, logo são nele depositadas esperanças no
sentido de não descurar as
principais necessidades da localidade, como eram a abertura do ramal
dos Quintais nesta Vila [correspondendo hoje à Rua Dr. João Abel de
Freitas], a abertura da estrada entre a ponte do
Vigário e a Cruz da Caldeira e uma sala para a Sub-inspeção de Saúde
[O Jornal 31-03-1931].
Na sua, sessão de 17 de
Agosto de 1934, a Comissão Administrativa da CMCL, delibera
adquirir os terrenos precisos para a abertura e construção da
estrada entre a Vila e a Cruz da Caldeira. Na mesma reunião é
efectuado um pagamento, a Dário Flores, pela confecção das plantas e orçamentos
das obras de alargamento do sítio da Igreja e actualização dos
projectos e orçamentos da estrada de ligação da vila com a Cruz da
Caldeira [Livro de Vereações da CMCL, 17-08-1934].
Um mês depois, são presentes
foram presentes os projectos de construção de uma estrada de ligação
da Vila de Câmara de Lobos com a Cruz da Caldeira, respeitante ao
primeiro lanço na extensão de 434,2 a construir no sítio do Caminho
Grande e Ribeiro de Alforra na importância total de 40.582$41, tendo a Comissão
deliberado que se anunciasse a praça destas obras para o dia
19 do mês de Outubro, afim de serem dadas de arrendamento,
por lanços verbais a quem menor preço oferecer com a base de
licitação de 18.629$89, excluindo-se o calcetamento que se acha
orçado em 21.952$52 [Livro de vereações da CMCL, 28-9-1934].
A 19 de
Outubro de 1934] as obras são adjudicadas a João Nunes Gomes de Faria, casado,
pedreiro, morador no sítio do Rancho, freguesia de Câmara de Lobos
pela importância de 18.495$00 [Livro de Vereações da CMCL, 19-10-1934].
A 9 de Novembro de 1934] viria a ser autorizado um pagamento a Dário Flores pela
modificação do projecto da estrada para a Cruz da Caldeira [Livro de Vereações da CMCL, 9-11-1934].
Em 1937, uma notícia publicada na
imprensa, ao referir que
iria começar
brevemente a construção de um troço de estrada que deveria ligar
Câmara de Lobos com o sítio da Terra Chã e, mais tarde, comunicar com a Cruz da Caldeira, levanta-nos algumas dúvidas sobre
o curso das obras previstas para 1934
[Diário de Noticias de 17 de Agosto de 1937].
Em Junho
de 1945, novas dúvidas surgem relativamente às obras de construção
da ligação entre a Vila de Câmara de Lobos e a Cruz da Caldeira. Com
efeito, segundo a
acta da reunião camarária da CMCL de 6 de Junho de 1945 é referido
que seria do
maior interesse para o concelho de Câmara de Lobos a construção de
uma estrada entre a vila e a Cruz da Caldeira, chegando-se mesmo a
pedir à Junta Geral apoio para efectuar o necessário estudo. Adianta
a mesma acta que esta
estrada viria servir a
zona de maior produção agrícola do concelho e que teria uma extensão de,
aproximadamente, 6 quilómetros, incluindo um ramal que ia ter ao
sítio do Rancho da freguesia de Câmara de Lobos, atravessaria os
sítios de Ribeiro da Alforra e Fonte do Garcia e da Caldeira. O seu
custo aproximado seria de mil e quinhentos contos, com uma
comparticipação de 75% e a sua construção seria feita em lances de 1
quilómetro.
Em
Setembro de 1946, encontrava-se em elaboração o projecto para a construção da estrada
que iria ligar a sede do concelho com a estrada Nacional 23, no sítio
da Cruz da Caldeira, passando pelos sítios do Caminho Grande e
Ribeira da Alforra, Fonte Garcia e Caldeira [Eco do Funchal de 28 de Setembro de 1946].
Dois dias
mais tarde a imprensa confirmava que a
Cruz da Caldeira iria ser servida com uma nova estrada desde a vila
de Câmara de Lobos tendo ficado responsável pelo estudo o Eng.
Fernando Pereira Ribeiro.
Ainda que o projecto inicial
fosse o de ligar a Vila de Câmara de Lobos à Cruz da Caldeira, com
passagem pela Caldeira, a construção desta estrada viria a sofrer
significativos atrasos e acabaria por ter como meta não a Cruz da
Caldeira, mas a Caldeira, percurso que a
22 de Maio de
1997 assumiria o
topónimo de Estrada de Santa
Clara.
Contudo, apesar do projecto ter
parado na Caldeira, o velho sonho dos câmara-lobenses em ligar o
centro da vila à Cruz da Caldeira , através da Caldeira, não
morreria e, a 7 de Outubro de 1999, a quando da inauguração da
ligação entre o Cabo Girão e o Facho, era referido que o arruamento
inaugurado constituía a primeira fase da ligação entre Cabo Girão e
o sítio da Caldeira.
Aliás, o atraso da concretização
desta obra faria com que alguns partidos da oposição, várias vezes
questionassem a Câmara sobre o atraso e, em 2005, a CDU tivesse
mesmo recordado que a população local já esperava por esta estrada
havia mais de 60 anos.
Em 2000 a ligação do Facho ao
Convento da Caldeira surge no programa de obras tanto da Câmara como
do Governo Regional [Jornal da Madeira, 17 de Fevereiro de 2000].
Na
reunião camarária de 13 de Maio de 2004, foi presente e aprovado, o
Programa de Concurso e Caderno de Encargos para a empreitada de
Construção do Caminho Municipal entre o sítio do Facho e Caldeira–
Câmara de Lobos”.
Na sua
reunião de 25 de Novembro de 2004, a Câmara Municipal viria a
comunicar aos interessados a sua intenção de adjudicação à empresa
José Avelino Pinto & Filhos, Lda. e na sua reunião de 6 de Janeiro
de 2005, a Câmara Municipal de Câmara de Lobos deliberou efectuar
essa adjudicação pelo valor de 2 449 936,68 € (dois milhões,
quatrocentos e quarenta e nove mil, novecentos e trinta e seis euros
e sessenta e oito cêntimos).
Contudo, atrasos no início das obras fazem com que alguns partidos
utilizem tal situação para efectuar contestação política. Em 2005 um
dirigente local da CDU garantiria que não iria dar tréguas à
liderança de Arlindo Gomes, caso o autarca optasse por não avançar
com a construção desta estrada. Segundo ele, tanto há quatro
anos como há cerca de um mês e meio, aquando da campanha para as
eleições autárquicas, o actual presidente da Câmara havia
vindo ali para prometer às populações que no próximo ano iam fazer a
estrada, promessas que já se arrastavam havia mais de 60 anos e
haviam sido assumidas por várias equipas
camarárias [Diário de Notícias, 6 de Novembro
de 2005], [Jornal da Madeira, 6 de Novembro
de 2005].
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