Estrada Padre António
Rodrigues Dinis Henriques
Arruamento da freguesia da
Quinta Grande que se estende desde a
estrada
professora Alice do Carmo
Pereira, até ao lugar popularmente conhecido por Pedregais, nas
proximidades do Areeiro, onde se encontra implantado o acesso para a
Fajã dos Padres. Inicialmente conhecido por caminho do Areeiro, passa
a 9 de Julho de 1998, por deliberação da Câmara Municipal de Câmara de
Lobos, a denominar-se de estrada Padre António Rodrigues Dinis
Henriques.
Com uma extensão de 1870
metros, a sua inauguração teve lugar a 12 de Julho de 1991, tendo a
sua construção importado em 120 mil contos.
A estrada hoje denominada
de padre António Rodrigues Dinis Henriques, que liga o centro da
freguesia da Quinta Grande à zona do Areeiro, começou a ser
terraplenada por volta de 1982, prolongando-se até 1984,
satisfazendo-se uma aspiração da população no sentido de ver servida
por automóvel uma importante área agrícola.
Em 1978, o estabelecimento desta
ligação da igreja da Quinta Grande ao Areeiro, já havia sido abordada
numa visita efectuada à freguesia, a 7 de Abril desse ano, pelo Dr.
Alberto João Jardim, presidente do Governo Regional da Madeira, tendo
chegado, mesmo, a ficar prometido o envio de uma caterpiller,
para a respectiva terraplanagem.
A pavimentação da estrada
Depois de terraplenada, a estrada
permaneceria em terra durante vários anos. Em 1988, com o objectivo de
ser pavimentada é elaborado o respectivo projecto. Refira-se a este
propósito, que a terraplanagem terá sido feita sem que antes tivesse
sido efectuado qualquer projecto. Aliás, em 1978, a quando da visita
que o Dr. Alberto João Jardim efectuou ao concelho de Câmara de Lobos,
o envio de caterpilleres como forma para abrir estradas e
rapidamente satisfazer os desejos da população era uma prática
frequente e, para além da promessa para a estrada do Areeiro, também
viria a ser prometido o envio de uma caterpiller para abertura
da estrada entre a Pereira e a Fonte Frade, na freguesia do Estreito
de Câmara de Lobos.
Na sua sessão de 27 de Abril de
1989, a Câmara Municipal de Câmara de Lobos coloca em concurso a obra
de construção deste caminho, com a base de licitação de 53.510.803$00.
A sua conclusão verificou-se em
1991, tendo sido inaugurada a 12 de Julho desse ano.
O acesso à Fajã dos Padres
Termina esta estrada num miradouro,
donde se pode visualizar uma magnífica panorâmica sobre a Fajã dos
Padres e onde se encontram instalados dois elevadores privados de
acesso a esta paradisíaca localidade, um a funcionar desde Novembro de
1984 e outro desde Setembro de 1998.
A propósito da comunicação entre a
Quinta Grande e a Fajã dos Padres convirá referir que, em finais de
1904, esta chegou a ser uma importante pretensão da população desta
freguesia. Com efeito, aproveitando um momento eleitoral, a
imprensa, chamava à atenção das autoridades para a necessidade em
ligar, por uma boa estrada a freguesia da Quinta Grande com a Fajã dos
Padres, adiantando que nessa obra não seriam gastos mais do que
1.500$000 reis. Com esta passagem, em meia hora via-se a Fajã dos
Padres e ali com facilidade se embarca para o Funchal e também fácil
se torna conduzir para ali diversos comestíveis e importar outros,
tornando assim esta freguesia um lugarejo de comércio; aliás tudo aqui
fica caro, porque a condução pelo Campanário ou Câmara de Lobos é
muito longe e portanto muito dispendiosa.
A homenagem ao Padre Dinis
Na sua sessão de 9 de Julho de
1998, sob proposta da Junta de Freguesia da Quinta Grande, a Câmara
Municipal de Câmara de Lobos, delibera atribuir o nome do
padre
António Rodrigues Dinis Henriques a este arruamento. Apesar de não ser
natural desta freguesia, durante cerca de 50 anos ali exerceu
responsabilidades de pároco, facto que o fez granjear grande admiração
por parte da sua população.
A ele se deve a ampliação, em 1901,
da igreja paroquial da Quinta Grande e que nesse estado haveria de
permanecer até 1950, altura em que importantes obras de restauro e
ampliação voltam a ter lugar.
Referências mais importantes
A referência mais importante deste
arruamento é a Fajã dos Padres. A acessibilidade à via rápida Funchal
- Ribeira Brava é outra das referências, uma vez que para além desta
estrada ser cruzada pela viaduto da via rápida, é através dela que se
faz o acesso entre a via rápida e a freguesia da Quinta Grande.
A Fajã dos Padres
Relativamente à Fajã dos Padres,
haverá a referir que se encontra situada à beira-mar e faz parte da
freguesia do Campanário, constituindo, na sua maior parte, o limite
sul da freguesia da Quinta Grande, interpondo-se, entre esta e o mar.
Ainda que sendo hoje caricata esta
particularidade, uma vez que, apesar de pertencer à freguesia do
Campanário, nenhuma ligação tem com esta freguesia, é possível que, a
quando da criação, a 24 de Julho de 1848, da freguesia da Quinta
Grande, com base na desanexação de alguns sítios das freguesia do
Campanário e de Câmara de Lobos, fosse mais fácil aos seus habitantes
serem assistidos espiritualmente através da paróquia de São Brás do
que através da paróquia de Nossa Senhora dos Remédios. Com efeito,
apesar da maior proximidade geográfica da Fajã dos Padres
relativamente à sede da paróquia da Quinta Grande, seria muito
provavelmente mais fácil aos seus habitantes irem à igreja do
Campanário, motivo porque esta localidade não seria integrada, ou
melhor, seria retirada da Quinta Grande a quando da sua
transformação em freguesia, apesar de historicamente a ela pertencer.
A origem da Fajã dos Padres
A Fajã dos Padres é um talude
de terra no sopé do Cabo Girão, formada por uma avalanche de tufo
precipitado do cimo por sucessivas derrocadas. De grande fertilidade
por remoção das terras, pois a inferior ocupava a parte superior no
topo da rocha e vice-versa, as escórias e cinzas vulcânicas,
carregadas de alcalinos, fertilizaram sobremaneira esta fazenda
[...]. Por vezes novas quebradas vieram
aumentar o volume agrário e curiosos pleitos se levantaram na
contestação da posse, querendo uns seguir os seus terrenos onde quer
que se achassem e outros tendo acidentalmente recebido, apoiavam-se em
que o direito de propriedade vai na vertical, do solo ao céu.
A plantação das videiras
de sercial e malvasia, pela situação especial do local, produziu os
célebres vinhos da Fajã dos Padres [...]().
Em 1626, foi a Fajã dos Padres
invadida por corsários mouros que profanaram e destruíram uma capela
aí existente, dedicada a Nossa Senhora da Conceição. Desta capela, que
posteriormente terá sido reconstruída pelos padres jesuítas(), poucos
vestígios chegaram aos nossos dias.
Os seus proprietários
Constituindo ao que tudo leva a
crer, uma parte da quinta do Cabo Girão, também denominada, consoante
o seu proprietário, de quinta de Manuel de Noronha, de D. Maria de
Ataíde, de Luís de Noronha, dos Padres, da Companhia, ou ainda da Vera
Cruz e de quinta grande, dada a sua extensão, é de supor que a Fajã
dos Padres tenha tido durante muitos anos, os mesmos proprietários que
a restante propriedade. Assim, depois de João Gonçalves Zarco , que
foi o seu primeiro proprietário, a quinta passa para a posse de seu
filho, João Gonçalves da Câmara, 2º capitão donatário do Funchal, que,
por sua morte, a 26 de Março de 1501 e dando cumprimento ao codicilo
feito no dia anterior, a transmite a seu filho Manuel de Noronha.
Por sua morte, ocorrida por volta de 1535, passa a propriedade para a
posse de Maria de Ataíde, 2ª mulher de Manuel de Noronha e depois
para seu filho Luís de Noronha, que a transmite, por sua vez, também a
seu filho Fernão Gonçalves da Câmara. A 27 de Abril de 1595, Fernão
Gonçalves da Câmara, vende a propriedade aos Jesuítas, na posse de
quem fica até 1759, ano em que foram despojados dos seus bens.
A passagem da propriedade da fajã
pelos padres da Companhia de Jesus, viria a estar na origem da
denominação porque é actualmente conhecida.
Depois de 1759, altura em que passa
para a posse do Estado, a quinta terá sido sujeita a arrendamentos,
até que em 1770 é adquirida, em hasta pública, por João Francisco de
Freitas Esmeraldo, admitindo-se que o mesmo se tenha passado com a
Fajã dos Padres.
Em 1886 a Fajã dos Padres era
propriedade de D. Júlia de França Neto e tinha cerca de 40 habitantes,
a maior parte dos quais exercia como actividade a pesca e dava
obediência, no espiritual, á igreja de S. Brás da freguesia do
Campanário. A fazenda produzia algum vinho, considerado excelente,
cana de açúcar, verduras e árvores de fruto e possuía um porto, tido
como bastante sofrível e alguns barcos de pesca.
Depois de D. Júlia de França Neto,
sucedeu na propriedade da Fajã dos Padres a sua sobrinha Eugénia de
França Neto Dória, filha de João de Atouguia de França Neto e mulher
do coronel Manuel de França Dória.
Em 1921, Eugénia de França Neto
Dória, vende a propriedade a Joaquim Carlos de Mendonça, casado com
Maria Isabel Vilhena de Mendonça. Em Maio de 1941 a posse da
propriedade passa para alguns dos filhos do casal, que por sua vez, a
19 de Outubro de 1964, a integram numa sociedade denominada de
Sociedade Agrícola da Fajã dos Padres.
A importância turística da Fajã
dos Padres
Antes conhecida sobretudo pela
qualidade dos vinhos que produzia, a Fajã dos Padres, tal como no
passado, continua a ser alvo de uma grande aposta agrícola, por parte
dos seus actuais proprietários, agora já não, propriamente nos vinhos,
mas sobretudo na produção de frutos tropicais. Nos últimos anos, a
exploração das suas potencialidades turísticas tem também vindo a
ganhar importância crescente. Com efeito, desde Maio de 1997, a Fajã
está dotada de um restaurante e neste momento, encontra-se, em fase de
projecto, a recuperação das várias casas de habitação existentes no
local, por forma a permitir uma melhor rentabilização turística, onde
a oferta de um ambiente natural e integrando uma fácil acessibilidade
ao mar, uma proximidade com a vida rural e um espaço de isolamento e
sossego, de características ímpares, constituem os principais
ingredientes.
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