CÂMARA DE LOBOS - DICIONÁRIO COROGRÁFICO

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Fajã das Galinhas

 

 

Panorâmica geral da Fajã das Galinhas

Pormenor da Fajã das Galinhas

Pormenor da Fajã das Galinhas

 

É um dos sítios em que administrativamente se encontra divida a freguesia do Estreito de Câmara de Lobos [1]. Devido ao isolamento, a que sempre esteve votada, o seu crescimento populacional fez-se muito à custa de casamentos consanguíneos, facto que explica a enorme quantidade de pessoas que têm por apelido o nome de “Santos” e traços fisionómicos semelhantes.

Ainda que em 1971 tivesse havido uma primeira iniciativa de construir uma estrada entre o Castelejo e a Fajã das Galinhas, [2] e na sua reunião de 18 de Janeiro de 1979, a CMCL tivesse deliberado convidar o Eng. Jorge Jardim Fernandes para elaborar o projecto da estrada Castelejo - Fajã das Galinhas, só 1993, com a deliberação do Governo Regional no sentido de construir uma pequena estrada que permitisse o acesso a automóvel [3], [4], iniciar-se-ia um novo ciclo de vida e de desenvolvimento para a sua população e que se viria a concretizar a 9 de Setembro de 1999 [5], [6],com a inauguração da estrada José Avelino Pinto, denominação atribuída, a este arruamento, por deliberação do Governo Regional da Madeira de 4 de Junho de 1998 [7].

Em finais de Setembro, princípios de Outubro de 1996, foi a sua construção adjudicada pelo valor de 311 mil contos [8].

Constituída por terrenos íngremes, mas férteis, a agricultura, e nomeadamente a horticultura, destacando-se de entre os produtos, pela sua qualidade, o pepino, sempre constituiu a principal actividade da sua população, situação que se tem vindo a modificar nos últimos anos, em consequência da melhoria da sua acessibilidade e onde ganham importância os serviços e a construção civil.

Devido ao seu isolamento, fácil será compreender, as dificuldades de assistência médica, obrigando a que os doentes que dela necessitassem tivessem de recorrer ao centro da freguesia, muitas vezes, devido à sua debilidade, com o recurso ao transporte em rede, com os consequentes custos. Fácil será também compreender que só muito tardiamente teve a sua população direito a usufruir de escola, situação que obrigava as crianças a um grande absentismo escolar ou a dificuldades acrescidas, para os que frequentassem a escola mais próxima, situada fora da Fajã das Galinhas, devido à perigosidade do percurso pedestre que tinham de percorrer [9], [10].

A escola primária terá chegado pela primeira vez a esta localidade, em finais de 1954, princípios de 1955. Com efeito, na sua reunião de 10 de Março de 1954, a Câmara escolhe, entre três salas disponíveis para escola, uma tomando-a de arrendamento pela quantia de 250$00 [11]. Contudo, só em finais de Outubro é que a sala se apresentava com condições para ministrar aulas e é assinado o respectivo contrato de arrendamento [12]. Em Dezembro de 1954 as aulas ainda não haviam tido início [13].

Chegou a ter uma telescola e o telefone só passou a estar acessível de forma universal a partir de 1990 ou 1991[14]


 


[1]    Livro de recenseamento eleitoral da freguesia do Estreito de Câmara de Lobos, correspondente ao ano de 1858.

[2]   Reunião da CMCL de 13 de Outubro de 1971.

[3]   Deliberação do Governo Regional da Madeira de 16 de Setembro de 1993.

[4]  Na sua edição de 17 de Setembro de 1993, o Jornal da Madeira dá conta de que o Governo Regional havia decidido abrir uma pequena estrada de ligação à Fajã das Galinhas, na freguesia do Estreito de Câmara de Lobos.

[5]   Diário de Notícias, 6 de Junho de 1999. Nesta edição do Diário de Notícias é noticiada a forma como decorreu a inauguração da estrada entre a  Ribeira do Cidrão e a Fajã Escura, no Curral das Freiras, ocorrida no dia anterior. Na altura ficaria prometida a estrada de ligação entre a freguesia do Curral das Freiras e a Fajã das Galinhas e sem se comprometer com promessas no ar ficou a ideia a apresentar ao Secretário Regional do Equipamento Social, para quando houver dinheiro, fazer um túnel de ligação entre o Funchal e o Curral das Freiras, por forma a não só encurtar distancias como a ultrapassar os perigos da actual estrada. Orçaria este túnel em cerca de 5 milhões de contos. Relativamente à estrada inaugurada ela possui dois troços distintos, sendo estes a construção da segunda fase do troço da estrada regional 107 entre a Ponte da Ribeira e o Colmeal e ainda a construção do ramal para a Fajã Escura.

[6]   Jornal da Madeira, 10 de Setembro de 1999. Isolamento finalmente acabou. Inaugurada, estrada para a Fajã das Galinhas. Alberto João jardim prestou homenagem pública a José Avelino Pinto, um dos impulsionadores da nova estrada. A Fajã das Galinhas em Câmara de Lobos, um dos sítios mais remotos da Madeira pelo seu difícil acesso, assistiu ontem à inauguração da tão esperada estrada que faz a ligação com o sítio do Castelejo. Um empreendimento que muitos, até há bem pouco tempo, classificaram de "impossível" - devido ao obstáculo que era a orografia da zona - lembrou Alberto João jardim, durante a cerimónia de inauguração da nova via, mas que agora se toma realidade. Caso mesmo para o presidente do Governo Regional ter afirmado que "o mundo finalmente chega à Fajã das Galinhas". Uma estrada que recebe o nome do falecido empreiteiro que impulsionou a obra José Avelino Pinto - "porque a ele também se deve esta estrada". "Ele, juntamente com o senhor secretário regional do Equipamento Social, apesar de muita gente dizer que não se podia fazer a estrada, o senhor secretário e o senhor José Avelino Pinto combinaram entre eles' tentar começar, depois foram os cálculos, depois foram as máquinas e o pessoal do senhor José Avelino Pinto", recordou jardim no seu discurso. Razão suficiente para que a estrada ficasse com o seu nome, mas também a "maior homenagem que podíamos fazer a um grande empresário, que foi um homem do povo", disse Alberto João Jardim. E, por isso, um "exemplo" e um "desafio", segundo apontou, a ser seguido pelas pessoas da Fajã das Galinhas. A estrada ontem inaugurada custou ao Governo Regional cerca de 440 mil contos, ligando o Sítio do Castelejo a esta remota fajã, numa extensão total de 1700 metros de estrada alcatroada. No entanto, e instado a comentar sobre outros possíveis acessos nesta zona, Jardim referiu que  no que toca ao Curral das Freiras, do outro lado das montanhas - encontra-se em estudo um túnel para fazer a sua ligação até ao sítio do Ovil, já perto do Funchal. Uma solução que, na sua opinião, "resolve um problema duplo": rápido acesso até ao Funchal, em cerca de seis minutos e, ao mesmo tempo, rápido acesso à sede do concelho, Câmara de Lobos. "Penso que as pessoas estão inclinadas para essa opção", declarou o presidente do Governo Regional

[7]   Diário de Notícias de 5 de Junho de 1998.

[8]  Livro de vereações da CMCL de 10 de Outubro de 1996. Nesta reunião é deliberado Inteirar das Resoluções  do Governo Regional relativas à Adjudicação da construção do acesso à Fajã das Galinhas, pelo valor de 311 mil contos.

[9]  Nas suas edições do dia 25 de Dezembro de 1991, tanto o Diário de Notícias como o Jornal da Madeira publicam artigos sobre o natal comparando-o com o de outros tempos. Neste mesmo dia, o Jornal da Madeira insere ainda uma reportagem sobre Pedro Paulo, trabalhador estudante residente na Fajã das Galinhas, no Estreito de Câmara de Lobos.

[10]  O Jornal da Madeira de 16 de Outubro de 1993 publica ainda uma reportagem sobre a Fajã das Galinhas.

[11]  Livro de vereações da CMCL de 10 de Março de 1954.

[12] Livro de vereações da CMCL de 27 de Outubro de 1954.

[13]De acordo com o Eco do Funchal de 2 de Dezembro de 1954, estava prevista a instalação de uma escola primária mista.

[14]     Outros dados: Diário de Notícias de 19 de Novembro de 1988. Diário de Notícias. Funchal, 30 de Julho de 1989

 

 

Câmara de Lobos

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Edição electrónica

Manuel Pedro Freitas

Câmara de Lobos, sua gente, história e cultura