Dr.
João Abel de Freitas
O
Dr. João Abel de Freitas, era natural da freguesia de Santa Maria
Maior, concelho e distrito do Funchal, onde nasceu a 27 de Maio de
1893, tendo falecido no Funchal a 10 de Setembro de 1948.
Era
filho de José de Freitas e de Maria Júlia de Jesus Freitas, tendo
sido casado com Maria Inês de Moura Caldeira de Freitas.
Licenciou-se
em 1919, em medicina, pela Escola Médica de Lisboa, tendo-se,
posteriormente , especializado em Urologia pela Escola Médica de
Paris.
Depois
de, em 4 de Setembro de 1926, ter sido nomeado para o cargo de
Director Interino, em 1927 passa a Director do Serviço C de
Cirurgia do Hospital da Santa Casa da Misericórdia do Funchal,
cargo que mantinha à altura da sua morte. Exerceu também o cargo
de Director Clínico da delegação da Cruz Vermelha e serviu o exército
como tenente-médico miliciano na primeira grande guerra.
Para
além da sua actividade no campo da medicina, exerceu vários cargos
políticos: Comissário da polícia da Madeira, em 1922; Governador
Civil substituto, cargo que exerceu durante pouco tempo e para o
qual fora nomeado a 23 de Fevereiro de 1928; presidente da
Delegação de Turismo da Madeira; presidente da Junta Geral do
Funchal, entre 15 de Janeiro de 1935 e 8 de Março de 1947;
Presidente da Junta Autónoma das Obras do Arquipélago da Madeira;
representante da Junta e presidente da Comissão Administrativa dos
Aproveitamentos Hidráulicos e Eléctricos, em 1944.
A
27 de Fevereiro de 1947 [1],
foi nomeado Governador Civil do Funchal, tendo sido empossado no
respectivo cargo a 8 de Março [2].
A
sua acção como presidente da Junta Geral foi de extrema importância
para a Madeira e devido ao seu prestígio conseguiu para esta, junto
do Governo Central, importantes benefícios, facto, que associado ao
seu feitio franco e afável lhe granjeou grande estima e consideração,
não só junto da população como junto de outras estruturas
politico-administrativas e, em particular junto das autarquias.
Disso é aliás exemplo o número quase que infinito de homenagens
que após a sua morte lhe foram prestadas pelas mais variadas
entidades e instituições. No Funchal é dado o seu nome a um
arruamento; em Câmara de Lobos, ainda antes da sua morte, o mesmo
acontece à estrada na altura conhecida por Quintais; em São
Vicente o seu nome é dado à estrada de ligação entre a vila e o
sítio do Laranjal; na Ponta do Sol tanto ao bairro económico da
Madalena do Mar, que na altura, em Outubro de 1948, se encontrava em
fase de conclusão, como a rua também em construção à beira-mar
e que dava acesso ao mesmo bairro passam a ostentar placas com o seu
nome; no Porto da Cruz o nome do Dr. João Abel de Freitas figura
num dos seus principais arruamentos. Segundo Peter Clode, também a
Calheta homenageou-o atribuindo o seu nome a um arruamento. Santana,
Porto Santo e Machico foram outras das localidades que prestaram
homenagem ao Dr. João Abel de Freitas, dando o seu nome a
arruamentos. No dia 27 de Maio de 1949, por iniciativa do Dr. Vasco
dos Reis Gonçalves, presidente da Câmara Municipal de Câmara de
Lobos é-lhe prestada uma importante homenagem póstuma que reuniu
no cemitério de Nossa Senhora das Angústias representações não
só das várias Câmaras Municipais da Madeira, como das autoridades
superiores do Distrito. Na proposta elaborada pelo Dr. Vasco dos
Reis Gonçalves e que originaria esta homenagem, salientava-se os
benefícios que havia prestado à ilha tanto como Presidente da
Junta Geral, como Governador Civil e ainda como médico, consagrando
a sua vida aos superiores interesses da terra que havia sido seu berço,
com sacrifício da sua saúde, dos seus haveres e do bem estar da
sua família, daí se justificar uma homenagem em que tomassem parte
todos os municípios do Distrito, no dia do seu aniversário natalício.
Em
1953, por ocasião da inauguração da Central da Serra de Água,
ocorrida a 3 de Maio, a Comissão Administrativa dos Aproveitamentos
Hidráulicos da Madeira prestam-lhe também homenagem com um baixo
relevo, uma vez que havia sido seu primeiro presidente.
A
28 de Dezembro de 1954 é erigido um monumento com o seu busto no
jardim das traseiras do Palácio de São Lourenço [3],
[4].
Por
ocasião da sua morte um órgão
de informação ao se referir ao Dr. João Abel de Freitas dizia
que: o prestígio do seu nome, o seu valimento e a sua influência
própria nunca os empregou em benefício pessoal. Fez deles
instrumento de defesa dos interesses gerais e colectivos da terra
onde nasceu e à qual dedicava sincero e profundo afecto [...]. Morre não deixando outros bens, que não seja um grande património de
honradez, um exemplo de isenção, uma afirmação viva de devoção
à sua terra.
Ao
longo da sua vida recebeu várias condecorações, entre elas o grau
de Oficial de Academia, atribuída pelo Governo Francês, em 1937,
em resultado da forma como tanto ele com o Dr. João de Almada
receberam, o Cruzeiro Médico Francês que visitou a Madeira em 1932
e em 1936 [i].
[4]
VERíSSIMO, Nelson; SAINZ-TRUEVA, José. João
Abel de Freitas. Esculturas da Região Autónoma da Madeira,
1996, 39-40.
[5]
Diário da Madeira, 4 de Abril de 1937.
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