Grupo
Desportivo do Estreito
 (...)
Por escritura
de 24 de Julho de 1980, exarada a p. 30 do livro de notas nº
389 - A do Cartório Notarial de Câmara de Lobos, foi constituída
uma associação com a denominação de Grupo Desportivo
do Estreito, cuja sede fica situada no lugar de Igreja, freguesia do Estreito
de Câmara de Lobos, concelho de Câmara de Lobos, tendo por
fim a promoção cultural, desportiva e recreativa dos seus
associados (...).

 O Estreito, aliás
como outras freguesias do concelho, contrariamente à
vila de Câmara de Lobos, nunca teve grandes tradições desportivas,
o que não quererá dizer que a prática do desporto
nomeadamente do futebol e ténis de mesa não existisse. Só
que, há alguns anos atrás, mais precisamente na década
de 60/ 70, «jogar à bola» era um passatempo mal aceite
por um largo sector da população, pois, para além
de ser considerado, de certo modo, sinónimo de vadiagem, contra
si, tinha o facto da sua prática, em recintos tidos como sagrados,
nomeadamente o adro da igreja e do antigo cemitério, ferir sentimentos
religiosos, o que algumas vezes levou mesmo ao estabelecimento de uma espécie
de «guerra santa» e a confrontos físicos, particularmente
após o 25 de Abril de 1974, altura em que para além de vadios,
são também conotados como comunistas, aqueles que mais não
queriam do que passar algum do seu tempo livre. Ora tudo isto teve necessariamente
repercussões nefastas no desenvolvimento desportivo e cultural do
Estreito.
Apesar de oficialmente,
o dia 24 de Julho de 1980 ser a data aceite como a da sua fundação,
o Grupo Desportivo do Estreito, tem origem um pouco mais cedo, precisamente
em 1979, através da criação da Associação
Recreativa e Cultural Estreitense, que pouco tempo depois mudaria, então
de denominação.
Enumerar os seus fundadores
não é tarefa fácil, por quanto não existem
documentos comprovativos, contendo o nome de todos eles e por outro lado,
sócios houve que após o interesse inicial acabariam por desistir
e outros que só aparecem posteriormente, já na fase final
do processo de fundação. De qualquer modo não andaremos
longe da verdade, se, baseando-nos nos outorgantes da escritura notarial
do G.D.E., e em informações verbais apontarmos como principais
fundadores João da Silva, Agostinho Luís da Silva Freitas,
José Agostinho Costa Freitas, José Manuel de Barros
e João Agostinho Rodrigues Gomes . Será justo também
realçar o papel da Junta de Freguesia do Estreito, na altura presidida
por João da Silva, como «motor» de todo este processo.
Ao longo anos, a existência
do Grupo Desportivo do Estreito não tem sido fácil e várias
vezes foi mesmo ameaçada , o que facilmente se compreenderá
pela inexistência de uma sede adequada e pela falta de tradições
desportivas no Estreito, bem como pelas características, de certo
modo hostis, do ambiente, que num passado não muito distante envolvia
a prática do desporto e que pelo menos parcialmente serão
responsáveis pela indiferença de uma parte da população
perante o desporto, como pelas carências financeiras e em dirigentes
desportivos.
De qualquer modo, mesmo
com todas estas condicionantes, os vários corpos gerentes, chefiados
por João Mário Figueira, João Pinto Figueira, Manuel
Pedro da Silva Freitas, João Luís Azinhais Abreu dos Santos,
João Gualberto Ferreira e actualmente Alcides da Luz Teixeira Nóbrega,
que ao longo dos anos têm dirigido o G.D.E, souberam imprimir-lhe
uma dinâmica tal que neste momento o transformou num dos maiores
clubes da Madeira.
A sede do GDE Prevista desde 1982, a
sede do Grupo Desportivo do Estreito foi construída no lugar do
Damasqueiro, no local antes
ocupado pelo matadouro municipal, tendo a sua inauguração
tido lugar no dia 22 de Julho de 1994.

Encontrando-se
inactivo e sem utilização, o antigo matadouro, passa a partir de 1982,
a ser cobiçado pelo Grupo Desportivo do Estreito para aí instalar a
sua sede social, tendo merecido, nesse sentido, parecer favorável, por
parte da Câmara.
Todo o processo
conducente à transformação do velho matadouro em sede do Grupo
Desportivo do Estreito, tem início em 21 de Julho de 1982 com a
petição por parte da, então, Direcção do G.D.E. à Câmara Municipal de
Câmara de Lobos, para instalar a sua sede num primeiro andar a
construir no antigo matadouro da freguesia. A 5 de Agosto do mesmo
ano, a Câmara delibera favoravelmente esse pedido.
Contudo, ao ser
apresentado o projecto da sede para aprovação, instala-se um longo
processo burocrático que se estenderia desde 15 de Dezembro de 1982
até 13 de Dezembro de 1983. Finalmente aprovado, novo problema se
levanta, a falta de meios financeiros para pôr em prática o projecto.
Então nova petição é feita, em 17 de Setembro de 1984, à Câmara, no
sentido da utilização, a titulo provisório das instalações já
existentes, após se proceder às necessárias obras de adaptação, o que
três dias depois merece deliberação favorável.
Aproximadamente
um ano depois, a Direcção cessava funções e tudo continuava na mesma.
A nova
Direcção, eleita em 28 de Julho de 1985, dadas as dificuldades
financeiras, incompatíveis com a prossecução de quaisquer obras e a
necessidade, urgente, de um espaço que funcionasse como sede, opta por
adiar o problema do antigo matadouro, para mais tarde. Em alternativa,
é, então, pedida à Câmara Municipal de Câmara de Lobos, a titulo
provisório a utilização de uma antiga sala de aulas, situada sob a
biblioteca do Estreito e que, a 31 de Outubro, lhe é cedida.
Cerca de dois
anos depois, já quase no fim do seu mandato, a Direcção julga ser o
momento ideal para reiniciar todo o processo relativo à sede e volta,
então, a insistir junto da Câmara Municipal no sentido desta assumir a
concretização das deliberações anteriormente tomadas, introduzindo,
contudo, mais uma alteração, ou seja, insistindo na necessidade de
ocupação de todo o edifício e não de um só piso como estava previsto.
Contudo, novas
eleições surgem e novos corpos gerentes assumem, em 26 de Maio de
1987, os destinos do G.D.E.. Uma vez mais se empenham na concretização
do velho sonho mas a sina já estava traçada e terminam o seu mandato
sem que mais um passo, em termos reais, fosse dado. O mesmo se viria a
verificar com os seus sucessores, eleitos no dia 17 de Junho de 1988.
Entretanto o
Grupo Desportivo do Estreito, após o crescimento verificado na época
de 1986/87 ia consolidando as suas estruturas e aquilo que havia sido
ao longo dos anos considerado como que um sonho, um desejo sempre
ultrapassável por este ou aquele remedeio, foi a pouco e pouco
ganhando estatutos de necessidade, e tanto maior quanto mais anos
passavam.
Em 1989 essa
necessidade reflecte-se, mesmo, na criação de um cargo dentro da
direcção e cujo objectivo seria o de acelerar e conduzir todo o
processo de construção da sede do Grupo Desportivo do Estreito.
Contudo, a
cedência do local, por parte da Câmara, ao Grupo Desportivo do
Estreito para aí construir a sua sede social levantaria algumas
dúvidas sobre a legalidade de tal acto, por poder ser susceptível de
colocar em causa o objectivo da primitiva transmissão de propriedade,
uma vez que se quebravam as condições e finalidade a que tinha
obedecido essa cedência. Para além disso, o facto de haver uma pequena
área de terreno circundante ao matadouro necessária à implantação da
sede do Grupo Desportivo do Estreito e propriedade de José Isidoro
Gonçalves de Faria, viria a tornar o problema da construção da sede do
clube ainda mais complexa. No entanto, e porque nunca havia sido
realizada qualquer escritura relativamente à cedência do terreno à
Câmara, mas sim uma declaração de cedência, o problema seria
ultrapassado por uma nova doação do terreno em causa, por parte de
José Isidoro Gonçalves Faria, desta vez ao Grupo Desportivo do
Estreito, anulando-se por mútuo acordo, por não cumprir os objectivos
inicialmente traçados, a primitiva cedência à Câmara Municipal de
Câmara de Lobos. O acto público e solene de cedência do terreno teve
lugar no dia 18 de Janeiro de 1993, nas instalações da Junta de
Freguesia.
Na posse de
todo o terreno, o Grupo Desportivo do Estreito dá início às obras de
construção da sua sede, que viria a ser inaugurada a 22 de Junho de
1994.

Depois da sede, construiu o Grupo
Desportivo do Estreito um ringue de patinagem, em espaço pertencente
à Escola Básica do 2º e 3º Ciclos do Estreito de
Câmara de Lobos, mediante a celebração de um protocolo
entre ao clube e a Secretaria Regional da Educação e cuja
inauguração teve lugar a 3 de Junho de 1996. Também
na sequência de idêntico protocolo, construiu o Grupo Desportivo
do Estreito uma piscina, no mesmo estabelecimento de ensino, cuja inauguração
teve lugar no dia 24 de Maio de 1997.
Modalidades
O Grupo Desportivo do Estreito,
desenvolve actualmente a prática de ténis-de-mesa, badminton,
hóquei-em-Patins, atletismo, natação, andebol,
ginástica, karaté e todo-o-terreno.
No tempo perdeu-se a prática do
futebol e voleibol.
Futebol
O Grupo Desportivo do Estreito
estreou-se com o futebol sénior, ingressando nos campeonatos regionais
através da sua participação no campeonato regional de promoção, onde
viria a se sagrar campeão e, como consequência, acederia ao campeonato
regional da 3ª divisão.
Na época de 1986/87 iniciaria a sua
participaria nos campeonatos regionais de iniciados, com duas equipas,
uma constituída por atletas mais idosos e destinada a, no ano
seguinte, passar para o escalão de Juvenis e outra, constituída por
atletas mais jovens e destinada a, no ano seguinte, se manter no mesmo
escalão.
Voleibol
Desde cedo
foi objectivo do Estreito criar e desenvolver outras modalidades para
além do Futebol. Contudo dificuldades de vária ordem dificultaram a
concretização desse desejo, só concretizado seis anos após a sua
fundação.
De todas as
modalidades criadas para além do futebol, que inaugurou a participação
do Grupo Desportivo do Estreito nos meandros do desporto, o voleibol
foi provavelmente aquela em que primeiramente se pensou. Nessa opção
terá certamente influído a presença da Escola Preparatória do Estreito
e a criação de um seu clube, o Clube da Escola Preparatória do
Estreito com forte vocação para o voleibol. Aliás assistiu-se mesmo
logo nos primórdios da sua criação a uma vontade por parte dos
dirigentes de então do Grupo Desportivo do Estreito para a
transferência desta modalidade para esta colectividade. Contudo na
altura isso não terá sido possível.
Na época de
1985/86 ao assumir a presidência da Direcção do Grupo Desportivo do
Estreito, Manuel Pedro Freitas iniciou contactos com os responsáveis
pelo Clube da Escola no sentido da transferência da modalidade. Nesse
ano, por questões técnicas, não a foi possível efectuar, o que viria
só a acontecer no ano seguinte.
Na época de 1986/87 finalmente o Voleibol para a ser, tal como o ténis
de mesa e o atletismo, uma modalidade do G.D.E. Com ela vêm também
para o G.D.E. os técnicos do Clube da Escola e que estariam em grande
parte na base do valor qualitativo e quantitativo que algumas das
actividades do G.D.E. viriam a ganhar a partir daí.
Ténis de mesa
A prática
do ténis de mesa no Estreito é relativamente antiga. Talvez tenha
sido, mesmo, uma das primeiras formas de desporto, no sentido actual
do termo, a ser praticado nesta freguesia. A sua prática deveu-se
sobretudo à JAC (Juventude Agrária Católica), que possuía uma mesa de
ténis de mesa numa sala anexa à igreja.
O número de
praticantes e a sua prática sofreu ao longo dos tempos oscilações
dependentes, estas, do maior ou menor dinamismo dos dirigentes daquela
organização católica e do papel mais ou menos permissivo do pároco da
ocasião.
Nos finais
da década de 60 princípios da de 70 o número de praticantes e o seu
nível poder-se-á dizer que era importante, havendo mesmo a disputa de
torneios envolvendo representações do Estreito e de Câmara de Lobos.
Contudo na
tarde do dia 10 de Novembro de 1974, em consequência de uma homilia
proferida numa das missas da manhã, pelo reverendo padre Manuel Pita e
em cujo teor se depreendia um incitamento à violência e à destruição,
um bando de delinquentes embriagados cumpririam à risca as ordens
dadas. Deslocando-se à sala onde a mesa estava instalada,
transportaram-na até ao largo do patim e aí atearam-lhe fogo. Foi uma
autêntica festa! Não faltou quem oferecesse gasolina e fagulha para
acelerar a sua destruição.
Com a
queima da mesa, morria, também, o ténis de mesa no Estreito e durante
cerca de 12 anos esta modalidade desportiva assim permaneceu sem dar
sinais de vida.
Em Agosto
de l985, ao assumir a presidência da Direcção do Grupo Desportivo do
Estreito Manuel Pedro S. Freitas e um dos praticantes na altura da
queima da mesa, haveria de prometer a si mesmo fazer ressuscitar esta
forma de desporto.
Contudo
problemas relacionados com instalações e verba necessária à aquisição
das respectivas mesas, atrasaram o desejo de quem um dia viu queimar,
sem nada poder fazer, a mesa onde tantas horas passava os seus tempos
livres.
Em 1987
finalmente ressuscitava o ténis de mesa no Estreito. A Direcção
Regional dos Desportos oferece duas mesas, ainda que usadas e que
Manuel Pedro S. Freitas foi, pessoalmente, buscá-las, uma a sede da
Associação Desportiva de Machico e outra à sede da A.C.M. Mais tarde,
uma terceira mesa viria a ser oferecida pela Casa do Povo de Câmara de
Lobos.
Por outro
lado, apesar de alguma dificuldade inicial acabaria por nos ser cedido
um espaço para a prática desta modalidade desportiva, na Escola
Primária do Estreito.
A partir daqui
o ténis de mesa viria a ganhar importante relevo de entre as várias
modalidades praticadas na colectividade, sendo nos últimos anos, sob a
presidência de Alcides Nóbrega, a que que mais títulos e projecção
tanto regional, como nacional e internacional tem dado ao Grupo
Desportivo do Estreito.
Ainda que
muitos atletas tenham atingido grande protagonismo nesta modalidade
dois deles merecem destaque pelos títulos, tanto regionais, como
nacionais e internacionais, alcançados: Ana Cristina Pereira Pestana
Freitas e Marcus Freitas.
Hóquei em patins
O hóquei-em-patins surgiu no Grupo
Desportivo do Estreito na época 92/93 com 17 atletas inscritos no
escalão de Infantis. Nesta época realizou-se o I Torneio de Hóquei em
Patins “Os Cerejinhas”.
Na época seguinte, 1993/94, o Grupo
Desportivo do Estreito continuou com a equipa de Infantis e formou as
equipas dos escalões de Iniciados e de Juvenis, aumentando o número de
atletas inscritos para 28 elementos.
Com um total de 33 atletas
inscritos, o clube apresentou-se na época de 1994/95, com duas
equipas: Infantis e Iniciados.
Na época de 1995/96, o Grupo
Desportivo do Estreito, com 46 atletas inscritos, apresentar-se-ia
com 4 equipas: Infantis, Iniciados, Juvenis e Seniores, tendo obtido o
1º lugar na Classificação geral do Campeonato Regional da Madeira no
escalão Sénior e 1ª Participação do clube a nível Nacional, III
Divisão.
Época 1996/1997, o número de
atletas inscritos subiu para 77, representados em quatro equipas,
tendo a equipa sénior obtido o 3º lugar no Campeonato Nacional da III
Divisão Nacional.
Na época 1997/1998, às quatro
equipas então existentes, juntou-se uma outra, a de juniores. A equipa
sénior conquista o 1º lugar do Campeonato Nacional da III Divisão e o
2º lugar na fase final da III Divisão Nacional, classificações que lhe
dão acesso à II Divisão Nacional. A nível regional, a equipa
conquistou o lugar cimeiro da classificação final do Campeonato da
Madeira.
Na época 1998/1999, assiste-se a
importantes vitórias tanto pela sua equipa de infantis: 1º
classificado no Torneio de Abertura; 1º classificado no Campeonato
Regional e 1º Classificado no Torneio de Encerramento. Também a equipa
sénior haveria de obter importantes resultados: 1º lugar no Campeonato
da Madeira; 1º lugar no Torneio de Abertura e 2º lugar no Campeonato
Nacional da II Divisão.
Na época 1999/2000, o Grupo
Desportivo do Estreito apresentou-se com duas equipas de Infantis, uma
de Iniciados, uma de Juvenis, uma de Juniores e uma de Seniores. A
nível regional, a equipa de infantis obteria o 1º lugar no Torneio de
Abertura e no Campeonato Regional de Infantis e a equipa de juniores
seria a 1ª classificada na Taça Associação de Patinagem da Madeira. A
nível Nacional, a equipa de infantis classificar-se-ia no 1º lugar no
Torneio da Cidade de Moura e a 4ª posição na fase final Nacional de
Infantis. A equipa júnior obteria o 3º lugar, na II divisão nacional.
Na época 2000/2001, o Grupo
Desportivo do Estreito, participaria nos respectivos campeonatos com
duas equipas no escalão de Infantis, uma no escalão de iniciados,
juvenis e seniores, tendo as equipas de infantis e iniciados, obtido
importantes resultados nos campeonatos regionais. Mais modestos viriam
a ser os conseguidos pelo escalão sénior: 8º lugar na II Divisão
Nacional – Zona Sul.
Desde que iniciou a sua actividade
no hóquei-em-patins, o Grupo Desportivo do Estreito viria a organizar,
no fim de cada temporada um torneio aberto à participação de outras
equipas, nomeadamente do continente e denominado de Torneio de
Hóquei-em-Patins "OS CEREJINHAS", torneio esse que obteria na
época de 1995/1996, na 4ª edição, o estatuto de internacional, isto
devido à participação de equipas provenientes do estrangeiro.
Na época de 1998/1999, tem lugar um
outro torneio, denominado "I Torneio das Vindimas".
Todo o terreno
Na época de 1989/90, foi criada no
Grupo Desportivo do Estreito uma secção de automobilismo que, sob a
chefia de Alberto Rosário, tem vindo a desenvolver importantes
actividades no TT, isto no todo o terreno, criando em 1990, uma prova
de TT denominada de "Ronda dos
Castanheiros".
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