CÂMARA DE LOBOS - DICIONÁRIO COROGRÁFICO

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Discurso do Presidente da Câmara no acto inaugural do novo mercado do Estreito

 

Discurso do Presidente do Governo Regional no acto inaugural do novo mercado do Estreito

Vídeo do acto inaugural do Mercado Municipal do Estreito, transmitido pela RTP-Madeira, no dia 11 de Julho de 2005

 

Mercado Municipal do Estreito de Câmara de Lobos

 

O mercado Municipal do Estreito de Câmara de Lobos, situa-se no centro da freguesia do Estreito, ladeado pela Alameda do Mercado e Rua do Mercado. A sua inauguração teve lugar no dia 11 de Julho de 2005 e veio substituir um outro primitivamente construído na rua Prof. José Joaquim da Costa.

 

 

O primitivo mercado Municipal da freguesia do Estreito, situava-se na rua Prof. José Joaquim da Costa.

Os planos para a construção de um mercado, praça de peixe, talho e matadouro [1], ainda que possam ser muito mais antigos, e acreditamos que o sejam, e até possam remontar à criaçõ do concelho, surgem de forma explicita em 1945, a quando da elaboração de um relatório sobre as obras de maior necessidade para o concelho de Câmara de Lobos, altura em que também é formulado ao capitão Eng. Leal da Silva, o convite para a elaboração do respectivo projecto [2].

A 31 de Dezembro de 1945 é presente à sessão da CMCL, o projecto para a construção de um talho e mercado do peixe a construir no Estreito, sendo deliberado enviar ao Governador do Distrito para aprovação e concessão da necessária comparticipação do Estado [3].

Contudo, a obra não só não é feita nesta altura, como, durante vários anos é votada ao esquecimento. Em Janeiro de 1955, em resposta a uma circular emanada pela Direcção de Urbanização do Funchal [4] e em Agosto do mesmo ano, em resposta a um outro ofício da mesma proveniência, onde se indagava sobre as obras que a Câmara desejaria ver realizadas no ano seguinte [5], a Câmara informa que se tornava necessária a construção de um mercado do peixe na freguesia do Estreito [6].

Contudo, uma vez mais o processo destinado à construção de um mercado do Estreito arrastar-se-ia durante mais alguns anos. A 9 de Setembro de 1959, a Câmara delibera encarregar o eng. Fernando Ribeiro Pereira de elaborar o anteprojecto de uma praça de peixe e talho, na freguesia do Estreito [7], que a 13 de Julho de 1960, é presente em sessão camarária. O processo entretanto segue os seus tramites legais e, na sessão camarária de 12 de Abril de 1961, é presente um ofício da Inspecção de Saúde acompanhando uma cópia do parecer emitido pelo conselho Superior de Higiene sobre o anteprojecto de Construção do Mercado do Estreito, onde são sugeridas algumas alterações.

Na sessão camarária de 25 de Outubro de 1961, é finalmente solicitado ao autor do anteprojecto a elaboração do projecto definitivo.

No entanto, uma vez mais a sua concretização seria adiada, não por falta de meios financeiros ou do incentivo das instâncias que superiormente apoiavam a obra [8], mas porque não havia sido possível chegar a acordo com o proprietário do terreno [9], um dos descendentes de José Fernandes de Azevedo, onde tinha sido localizada a construção. Sendo assim, a abertura do concurso destinado à sua construção viria a ser sucessivamente adiado [10].

Entretanto, na sessão camarária de 26 de Fevereiro de 1964 é presente e aprovado o projecto definitivo de construção do mercado do Estreito elaborado já de acordo com as indicações da Comissão Superior de Higiene e Assistência Social.

Perante o impasse nas negociações para a aquisição dos terrenos necessários à implantação do mercado, a Câmara decide solicitar a declaração de utilidade pública urgente para a sua expropriação, o que acontece a 11 de Março de 1964 [11].

Este pedido camarário acabaria por merecer parecer favorável em Junho de 1964 [12] e logo de seguida viriam a ser iniciados os tramites legais destinados à avaliação dos respectivos terrenos [13], [14].

Resolvido o problema inerente à expropriação  [15], a obra é colocada em concurso [16] e adjudicada, a 24 de Fevereiro de 1965, a Cipriano da Cruz, pela quantia de 217.500$00 [17]. Iniciados pouco tempo depois, os trabalhos de construção terão ficado concluídos em finais de 1967, princípios de 1968 [18].

Dotado de instalações sanitárias e de dois pequenos espaços destinados, um à comercialização de peixe e outro a um talho, este mercado, de forma alguma satisfazia as necessidades da freguesia. Na realidade para além da exiguidade das instalações, não permitia a comercialização de fruta e produtos hortícolas, que continuavam a ser comercializados na margem dos principais arruamentos da freguesia. Aliás, cedo os vendedores de peixe, também deixaram, por falta de condições, de utilizar o espaço que lhes havia sido reservado no mercado, situação que fez com que no pós-25 de Abril de 1974, este fosse precariamente cedido a uma cooperativa de consumo que se havia constituído, denominada de "Colivre".

Em 1977, a Câmara Municipal consciente da falta de condições do edifício do mercado, decide efectuar, a sua ampliação e, a 3 de Novembro de 1977, delibera adquirir, por expropriação os terrenos necessários para o efeito e cujas obras se deveriam iniciar nos primeiros meses de 1978 [19]. Ainda que, em Julho de 1978, o respectivo projecto já se encontrasse elaborado [20, só a 4 de Fevereiro de 1982 é aprovado o programa de concurso e caderno de encargos destinados à construção do mercado do Estreito [21].

A 14 de Novembro de 1982, apesar de já se encontrar havia algum tempo em funcionamento, as obras de ampliação são solenemente inauguradas [22], tendo estado, depois dessa data, em actividade cerca de 23 anos.

Com efeito, no dia 11 de Julho de 2005, viria a ser solenemente inaugurado um novo mercado, junto ao cemitério da freguesia, no local onde antes fora construído e funcionara um armazém de vinhos da empresa "Silva Vinhos, Lda."

A transformação deste armazém de vinhos em mercado viria contudo a condicionar significativas obras não só no edifício como também nos arredores, envolvendo o alargamento do antigo caminho do cemitério, a construção de um novo arruamento, entre o caminho do cemitério e o beco do Ferraz e o alagamento do troço norte beco do Ferraz. Este beco após ter sofrido um primeiro alargamento, na sequência da construção do complexo habitacional e Estalagem Quinta do Estreito, viria agora a ser alvo de um outro, sendo para isso necessário fazer demolição de algumas casas de residência e do edifício onde esteve primitivamente instalada a Biblioteca Municipal do Estreito. Este novo arruamento em conjunto com o troço norte do beco do Ferraz alvo de alargamento passaram a constituir a Rua do Mercado.

 

No edifício do Mercado Municipal do Estreito de Câmara de Lobos viria a ser inaugurado, no dia 18 de Julho de 2008, o Centro Comunitário e Social do Estreito de Câmara de Lobos.



[1]        O matadouro, construído após inúmeras queixas relativamente à forma, como o gado era abatido na via pública, sem qualquer higiene e sob o olhar das crianças, foi inaugurado a 28 de Maio de 1953. Em 22 de Julho de 1994, no local onde antes havia sido construído o matadouro, inaugurar-se-ia a sede definitiva do Grupo Desportivo do Estreito.

[2]        Livro de Vereações da CMCL., acta da reunião de 6 de Junho de 1945.

[3]        Livro de Vereações da CMCL, acta da reunião de 31 de Dezembro de 1945.

[4]        Livro de Vereações da CMCL, acta da reunião de 19 de Janeiro de 1955.

[5]        Livro de Vereações da CMCL, acta da reunião de 24 de Agosto de 1955.

[6]        Livro de Vereações da CMCL, acta de 19 de Janeiro de 1955.

[7]        Livro de Vereações da CMCL, acta de 9 de Setembro de 1959.

[8]        Livro de Vereações da CMCL, acta da reunião de 11 de Setembro de 1963.

[9]        De acordo com a Acta  da CMCL de 9 de Outubro de 1963, tratava-se de João de Azevedo Nunes.

[10]       Livro de Vereações da CMCL, acta da reunião de 28 de Agosto de 1963.

[11]       Livro de Vereações da CMCL, acta da reunião de 11 de Março de 1964.

[12]       Na sessão camarária de 9 de Julho de 1964 foi presente um ofício da Direcção de Urbanização informando que a declaração de utilidade pública e urgência da expropriação da parcela de terreno necessária à obra de construção do mercado do Estreito, vinha publicada no Diário do Governo 149, II Série de 26 de Junho do corrente.

[13]       Livro de vereações da CMCL. Acta de 9 de Julho de 1964.

[14]       Livro de vereações da CMCL. Acta de 11 de Agosto de 1964.

[15]       Livro de Vereações da CMCL, acta de 25 de Novembro de 1964.

[16]       Livro de Vereações da CMCL, acta de 25 de Novembro de 1964.

[17]       Só ao terceiro concurso realizado a 24 de Fevereiro de 1965 é que a obra foi adjudicada. Nos concursos anteriores, realizados a 23 de Dezembro de 1964 e 27 de Janeiro de 1965, não tinham aparecido concorrentes.

[18]       14 de Dezembro de 1966 foi presente um ofício da Direcção de Obras Públicas remetendo a sétima liquidação da obra de construção do Mercado do Estreito. Na reunião da CMCL de 26 de Abril de 1967 foi deliberado aprovar trabalhos a mais e a menos relativos à obra de construção do mercado do Estreito. Na reunião da CMCL de 26 de Junho de 1968 encontra-se já em funcionamento o mercado do Estreito.

[19]       CMCL, sessão camarária de 9 de Dezembro de 1977.

[20]       Na sessão de 20 de Julho de 1978 foi presente um ofício da circunscrição de Urbanização do Funchal enviando três exemplares do projecto de ampliação do mercado do Estreito de Câmara de Lobos e informando que a mesma obra não figura no plano de compromissos da Direcção-Geral do Equipamento Regional e Urbanismo em vigor.

[21]       Livro de Vereações da CMCL, sessão camarária de 4 de Fevereiro de 1982.

[22]       Na sua edição de 16 de Novembro de 1982, o Diário de Notícias dá conta da inauguração ocorrida no Domingo anterior, ou seja no dia 14 de Novembro de 1982, do mercado do Estreito de Câmara de Lobos. Na altura da inauguração este mercado, alvo de obras de ampliação, já estava em pleno funcionamento havia algum tempo, tendo a Câmara gasto 14 mil contos nas obras de asfaltagem dos arruamentos de acesso e na sua ampliação.

Câmara de Lobos

Dicionário Corográfico
Edição electrónica

Manuel Pedro Freitas

Câmara de Lobos, sua gente, história e cultura