Paróquia
da Quinta Grande
CRIAÇÃO,
ORAGO E SEDE
A paróquia da Quinta
Grande foi criada a 24 de Julho de 1848, tendo por sede a Capela de Nossa
Senhora dos Remédios e por orago Nossa Senhora dos Remédios.
Integra os sítios da Vera Cruz, Fontes, Lombo, Quinta, Igreja, Aviceiro, Ribeira
do Escrivão, Cruz da Caldeira, Facho e Fontaínhas e em 2004 possuía uma
população de cerca de quatro mil pessoas.
CAPELAS
Na área da paróquia da Quinta Grande encontram-se a
Capela da Vera Cruz, a
Capela de Nossa Senhora de
Fátima e ainda a
Capela de Santo
António.
OS CURAS
DA PARÓQUIA DA QUINTA GRANDE
Foi primeiro cura da Quinta
Grande, o padre Felisberto de Gouveia, que assumiu funções
em Fevereiro de 1820. Tendo em conta a Provisão de criação
do Curato, o padre Felisberto pertenceria na altura à Colegiada
de Machico. A ele seguir-se-ia nos destinos do Curato da capela de Nossa
Senhora dos Remédios:
Manuel Joaquim de Sousa Gouveia, que
assumiu funções em Fevereiro de 1821; Manuel Alberto Mendes,
que assumiu funções em Fevereiro de 1823; João
Miguel de Freitas, que assumiu funções em Fevereiro de
1827; Clemente Figueira de Ornelas, que assumiu funções
em Outubro de 1828; Manuel de Santa Maria, que assumiu funções
em Outubro de 1834; António Pádua Pereira que assumiu
funções em Setembro de 1836; Leandro José Froes,
que assumiu funções em Novembro de 1838 e Manuel Joaquim
Serrão (1793-?) que assumiu funções em Outubro
de 1838, tendo em Novembro de 1848, já depois da elevação
da Quinta Grande a paróquia autónoma assumido funções
como Vigário Encomendado.
OS VIGÁRIOS
DA PARÓQUIA DA QUINTA GRANDE
Ao Padre Manuel Joaquim
Serrão seguir-se-iam como vigários encomendados
António
Silvino Gonçalves de Andrade
(1822-1902) que viria a assumir
funções a partir de Outubro de 1849. Nesta freguesia esteve
8 anos, tendo construído em 1883 uma capela em honra de Santo António,
na sua Quinta do Pomar. Durante algum tempo, o padre António Silvino
Gonçalves de Andrade ocupou a cadeira do poder na Câmara Municipal
de Câmara de Lobos, onde foi seu presidente. A ele seguiu-se
afrente dos destinos da paróquia, António Feliciano de
Freitas (1821-1892) que foi nomeado a 30 de Setembro de 1856 e assumiu
funções em Outubro de 1856;
José Isidoro Gonçalves
Figueira (1834-1891) que assumiu funções em Setembro
de 1858;
João Fernandes de Freitas, que assumiu funções
em Dezembro de 1858; Agostinho Teodoro Pita (1800-1878) que foi
nomeado vigário colado a 6 de Julho de 1862, tendo assumido funções
em Outubro, tendo sido o primeiro Vigário Colado que a paróquia
da Quinta Grande teve.
Ao padre Agostinho Teodoro
Pita sucedeu
António Rodrigues Dinis Henriques
(1833-1922), natural de Câmara de Lobos, e que para ali fora nomeado
a 30 de Junho de 1866 como vice-vigário e depois vigário,
passando a vigário colado a 15 de Abril de 1879 e onde permaneceu
até Julho de 1912. Deve-se ao Padre António Rodrigues Dinis
as grandes obras de ampliação da igreja que tiveram lugar
nos anos de 1900 e 1901. Substituiu-o nas funções eclesiásticas
o padre Eugénio Rodrigues Teixeira, (1885-1925), natural
do Porto da Cruz e que ali terá permanecido até Maio de 1917.
Com o Padre Eugénio
Teixeira ter-se-á passado um episódio que exprime alguns
aspectos das relações entre o povo e o seu pároco
e que nem sempre eram as melhores. Segundo o Jornal da Madeira de 18 de
Fevereiro de 1925, em Fevereiro de 1915 ele [o Padre Eugénio]
resolveu despedir o sacristão por ser ébrio e consultado
o superior, nomeou outro que não agradou ao povo, insubordinando-se
este por isso e faltando-lhe ao respeito. Ele então sem discussões
abandonou a paróquia e apresentou-se ao cónego Monteiro,
que era então Governador do Bispado a pedir providências.
Imediatamente [a 22 de Fevereiro de 1915] a bondosa autoridade expediu
a ordem seguinte [ao Padre. António da Silva Figueira, Cura
do Campanário]:" Sirva-se V. Exa. no próximo domingo ir
à igreja paroquial da Quinta Grande e nela celebrar a missa conventual
e administrar os sacramentos que nessa ocasião lhe pedirem. Na ocasião
da explicação do Evangelho anunciará ao povo que em
vista das queixas que tenho da sua insubordinação e rebelião
contra o respectivo pároco, querendo tudo para governar e mandar
na igreja até ao próprio pároco, não pode continuar
a permanecer padre algum ali. As insolências praticadas há
poucos dias contra o seu pároco e contra o sacristão superiormente
nomeado, são de tal ordem que não podem ficar impunes. O
Reverendo pároco recusa-se a voltar para aí e não
o posso obrigar a dirigir um povo que em vez de lhe obedecer lhe falta
ao respeito e o quer governar.
Nem tenho sacerdote
que em tais condições queira aceitar a paroquialidade de
tal freguesia visto que este povo não quer respeitar o seu pároco
ficará sem ele até que se compenetre dos seus deveres, se
comprometa a respeitar e a obedecer ao seu pastor.
Na missa V. Rev. consumirá
as sagradas partículas e ao retirar-se entregará ao Sr. José
Gonçalves do sítio das Fontes por ser pessoa da minha confiança
as chaves da igreja.
Em vista disto, uma comissão
de homens foi ao Funchal dar uma satisfação ao Padre Eugénio
que voltou outra vez para aqui, sendo-lhe feita uma manifestação
de desagravo.
Ao padre Eugénio
Rodrigues Teixeira, seguiu-se nos destinos da paróquia da Quinta
Grande o padre Augusto Prazeres Santos, natural de Santo António,
onde nasceu a 17 de Abril de 1884 e que viria a falecer na Quinta Grande
no dia 17 de Fevereiro de 1947. Foi nomeado para vigário da Quinta
Grande a 10 de Maio de 1917 e durante grande parte da sua estadia nesta
freguesia terá sido muito provavelmente o correspondente local de
O Jornal, e se não o foi, encontramo-lo, pelo menos algumas vezes
a defender nas páginas desta publicação os interesses
da sua população. Sobre a Quinta Grande, na edição
de O Jornal de 17 de Dezembro de 1932 o padre Augusto Prazeres Santos,
refere que esta freguesia "é servida em toda a sua largura
pela nova estrada e também pela velha, ainda que votada ao abandono;
não tem caminhos municipais: tem apenas atalhos descuidados. Tem
por junto, dois intermitentes marcos fontenários; tem uma escola
oficial mista; não tem telefone e porquê? tem uma muralha
a querer cair sobre o adro.
Assim vão vivendo
os seus 1.200 habitantes, cada um na sua casa, pois ninguém mora
em casa de aluguer, cada família com a sua fazendinha para plantar
umas couves, umas batatas, um triguinho e pouco mais, porque tem pouca
água e assim o comunismo já não tem nada que ensinar
por aqui, porque não há grandes proprietários, nem
sequer burgueses — tudo pobres trabalhadores.
E assim vivem abandonados
pelos homens mas auxiliados pela Divina Providência e por Nossa Senhora
dos Remédios, padroeira desta freguesia [...]".
Por morte de Augusto Prazeres
dos Santos, seria nomeado para o substituir
António
Rodrigues Ferreira natural do Arco da Calheta onde nasceu a 17
de Novembro de 1915 e que em Março de 1947 viria a assumir funções.
A ele se deve a ampliação da Igreja, verificada em 1950,
bem como a realização de importantes obras na casa paroquial
e capela da Vera Cruz. Tal como o seu antecessor, encontramo-lo, por várias
vezes na imprensa a defender os interesses da população.
A 27 de Julho de 1952, numa entrevista ao Jornal da Madeira, depois de
admitir que nem tudo eram rosas na sua paróquia, mostrava preocupação
pelo facto da Quinta Grande ser a única freguesia na Madeira que
não usufruía de um único telefone, que não
possuía carro de aluguer exclusivo, que a água potável
era insuficiente e a pouca que havia era muitas vezes imprópria
para consumo e que as duas únicas escolas então existentes,
não satisfaziam as necessidades da população, o mesmo
acontecendo relativamente ao médico que só visitava aquela
freguesia uma vez por semana.
Sucedeu-lhe à frente
dos destinos da paróquia, o padre
António José de Freitas, natural de Machico, que assumiu funções
em Janeiro de 1962 e a quem se seguiria
Manuel
de Nóbrega, natural do Curral das Freiras, que assumiu funções
a 3 de Agosto de 1964. A Manuel de Nóbrega deve-se a construção
da actual capela de Nossa Senhora de Fátima, substituindo desta
forma a que em 1931 havia sido mandada edificar pelo padre missionário
Agostinho Vieira, bem como novas obras na capela da Vera Cruz.
Eduardo
Freitas Nascimento, natural de Santana, onde nasceu a 9 de Outubro
de 1929, viria a suceder a Manuel de Nóbrega, tendo assumido funções
em 2 de Agosto de 1992, dando posteriormente lugar ao padre
José
Anastácio de Gouveia Alves, que assumiria
responsabilidades nesta paróquia a 3 de Outubro de 1992. Relativamente ao padre
Anastácio para além do trabalho que desenvolveu junto da juventude local e que
levou mesmo à construção de um salão paroquial, não deixa de ser curioso o seu
interesse pelo desenvolvimento da freguesia. Colaborando umas vezes e outras
assumindo um papel de maior relevo, o padre Anastácio tem-se revelado um
elemento de inegável importância na localidade constatando-se, que quer num
passado relativamente recente quer agora, os responsáveis autárquicos locais,
não deixam de o consultar ou lhe pedir uma opinião no seu trabalho em prole da
freguesia. Afinal de contas, na Quinta Grande, os recursos humanos ainda
continuam bastante reduzidos, o que obriga a uma grande congregação de esforços
e, tal como noutros tempos, o pároco continua a ser, quer se aceite, quer não,
um elemento imprescindível a esta freguesia, não só no espiritual, como no
temporal.
No decurso do ano 2000,
foi o padre José Anastácio de Gouveia Alves substituído, não sem alguma
controvérsia, pelo padre
José
Manuel Faria.
Posteriormente, o padre José Manuel Faria viria a
abandonar, não só a paróquia, como a vida sacerdotal.
A 23 de Setembro de 2001, o pároco da
paróquia do Carmo, o
padre Adelino Macedo Costa, é nomeado pároco da Quinta Grande cargo que
haveria de exercer em conjunto com o da paróquia do Carmo. A 28 de Setembro de
2002, o padre Adelino Macedo Costa, sai da paróquia do Carmo para assumir a do
Campanário, mantendo-se contudo também à frente da paróquia da Quinta Grande.
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