Pestana,
Dr. Eduardo Antonino
O
Dr. Eduardo Antonino Pestana era natural da freguesia de Câmara de
Lobos onde nasceu no dia 5 de Setembro de 1891, tendo falecido em
Lisboa no dia 9 de Abril de 1963. Era filho de António Pestana e de
Carolina Angélica de Faria Pestana.
Depois
de ter tirado o curso do seminário diocesano do Funchal
(1902-1911), frequenta o Liceu de Jaime Moniz (1911-1912), tira o
curso da faculdade de Letras da Universidade de Lisboa (1912-1917),
o curso da Escola Normal Superior (1917-1919) e o curso da faculdade
de Direito (1913-1919) da mesma Universidade.
Exerceu,
em simultâneo, as funções de professor liceal nas disciplinas de
Português e Latim e as funções de advogado: entre 1920 e 1926 na
cidade do Funchal; entre 1926 e 1927 na cidade da Horta, nos Açores
e entre 1927 e 1930 na cidade de Faro.
De
Maio de 1930 a Fevereiro de 1934, quando era Ministro da Instrução
o Prof. Gustavo Cordeiro Ramos exerceu, em comissão de serviço, o
cargo de Director dos Serviços do Ensino Secundário, tendo
colaborado na reforma deste ensino decretada em 1932 e na organização
dos serviços de saúde escolares, cantinas liceais, correspondência
inter-escolar, orfeões liceais, regime de exames, etc., regressando
posteriormente ao ensino leccionando primeiramente no liceu Gil
Vicente e posteriormente no liceu Pedro Nunes.
Em
1926/1927 deslocou-se à América do Norte onde, nos estados de Nova
Iorque e da Califórnia, estudou a organização dos ensinos primário
e liceal.
Conferencista
notável, fez ouvir a sua fluente palavra a propósito de temas
religiosos, jurídicos e didácticos, tanto no Funchal, como em
Lisboa e em Sá da Bandeira.
Em
1937, a convite da Sociedade Les Amitiés Latines, fez em Casablanca
(Marrocos), no Instituto Maintenon uma conferência subordinada ao
tema L’État Nouveau Portugais.
Ao
longo da sua vida distinguiu-se também como jornalista e escritor,
tendo colaborado em vários jornais e revistas especialmente na
Madeira e em Lisboa. De Setembro de 1931 a Fevereiro de 1932 dirigiu
o Diário da Manhã, tendo sido também colaborador do Jornal
Novidades. De entre a sua vasta obra jornalística, e porque se
refere especificamente a Câmara de Lobos, não podemos deixar de
destacar um seu artigo publicado na edição dos dias 23 e 28 de Março
de 1920 do Diário de Notícias do Funchal onde faz um diagnóstico
e aponta soluções para a situação de pobreza na classe piscatória
da sua terra natal, que se tivessem merecido a atenção da classe
política poderia ter sido alterada radicalmente. Apesar de já
possuir algum desfasamento, decorrente das alterações sócio-económicas
entretanto verificadas, não deixa de ser um texto de leitura
obrigatória para quem tem ou venha a ter responsabilidades na área
social do concelho de Câmara de Lobos.
Escreveu
e publicou entre outras obras: A Igreja Católica e os Operários,
conferência feita em 1916, Ciência da Linguagem, conferência dada
em 1917; Ensino - da sua reforma geral e da nova metodologia do
Latim, tese para o exame de estado na Escola Normal Superior, em
1919; Canto Antigo, Canto Novo, conferência em 1926; A precedência
obrigatória do registo civil e a celebração do casamento
religioso, minuta de recurso para o tribunal da Relação, em 1930;
A questão da pessoa humana, conferência em 1941.
Em
colaboração com o Dr. A. J. de Sá Oliveira publicou Método de
Latim - Comentários de Pedro Eneida de Virgílio e de Bello Gallico
de Júlio César. Com o Dr. Carlos Moreira, publicou Organização
Política e Administrativa da Nação.
Publicou,
ainda juntamente com o seu irmão Dr. Sebastião Pestana, em 1951,
um livro didáctico sobre o Auto da Alma, de Gil Vicente.
Amante
da sua terra, estudou o folclore madeirense e na revista A Língua
Portuguesa publicou largos estudos sobre o linguajar ilhéu.
Estes
estudos viriam a ser já postumamente, editados em dois volumes pela
Câmara Municipal do Funchal: um em 1965 e intitulado Ilha da
Madeira I - Folclore Madeirense e o outro em 1970, intitulado Ilha
da Madeira II - Estudos Madeirenses.
Revelou-se
também o Dr. Eduardo Antonino Pestana como músico, tendo deixado
muitas composições musicais que os orfeões procuraram pela sua
leveza e graciosidade. São da sua autoria as letras e músicas de
canções como: João Dorme; Minha Terra Quem me Dera; Avé-Maria e
o triplico Meio-dia e Anoitecer.
Foi
condecorado com a Ordem da Instrução Pública.
No
dia 23 de Fevereiro de 1966, a Câmara Municipal de Câmara de Lobos
presta-lhe homenagem, dando o seu nome ao antigo largo do Poço,
tendo a sessão solene de descerramento da placa toponímica tido
lugar no dia 26 de Agosto do mesmo ano, num acto que contou com a
presença de Elvira Gersão Pestana, viúva do homenageado e com
quem havia casado em segundas núpcias ,
.
Homenagem a três filhos do concelho de Câmara de Lobos.
Jornal da Madeira, 28 de Agosto
de 1966.
Jornal da Madeira, 27 de Agosto de 1966.
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