Pita
Ferreira, Padre Manuel Juvenal
Manuel Juvenal Pita Ferreira, era natural da freguesia de Câmara de
Lobos, onde nasceu a 16 de Abril de 1912, tendo falecido a 9 de
Outubro de 1963, vítima de doença cancerígena. Era filho de Francisco
Ferreira e de Filomena Celeste Pita Ferreira.
Seguiu a vida eclesiástica, tendo sido ordenado sacerdote a 25 de
Agosto de 1935. A 29 de Setembro do mesmo ano foi nomeado Capelão da
Sé Catedral, escrivão do Juízo Eclesiástico e Professor do Seminário.
A 5 de Agosto de 1936 passou a exercer o cargo de Secretário interino
da Câmara Eclesiástica.
Foi também capelão da Capela de Nossa Senhora da Conceição e do Asilo
da Mendicidade, desempenhando a partir de 5 de Abril de 1938 o múnus
de coadjutor da Ribeira Brava, sendo, em 26 de Outubro de 1940
transferido para idêntico cargo na freguesia de São Vicente.
Um ano depois, a 1 de Setembro de 1941, foi colocado como pároco do
Porto Santo onde permaneceu nessas funções até Fevereiro de 1945,
altura em que foi nomeado pároco de São Gonçalo.
Exerceu também o cargo de membro da Comissão Conservadora do Museu de
Arte Sacra da Diocese do Funchal. A este propósito, refere o Jornal da
Madeira de 10 de Outubro de 1963 que sendo conhecedor profundo da arte
eclesiástica, foi convidado a presidir à respectiva comissão
diocesana, tendo sido o inspirador, orientador e até arquitecto de
algumas belas igrejas madeirenses que ficam, na elegância das suas
linhas, elevando hinos ao céu e perpetuando a sua memória e pendor
artístico.
Nos problemas pastorais tinha sempre uma visão objectiva e actual, dum
modo particular no capítulo da catequese às crianças, para quem editou
carinhosamente alguns modelos de catecismos. Mercê das qualidades que
revelou neste campo foi nomeado para Director do Secretariado
Diocesano de catequese, que com ele se fundou[...].
Ainda que a sua obra sacerdotal no campo pastoral, pedagógico e
artístico se revelasse suficiente para imortalizar-lhe a memória, a
sua obra literária, nomeadamente no campo da história, foi sem dúvida
aquela que mais viria a contribuir para essa imortalização.
Segundo uma nota de redacção da revista Das Artes e da História da
Madeira, a sua maior preocupação era documentar todos os seus estudos,
citando, na íntegra, as fontes que julgava fidedignas. Por vezes foi
um tanto ousado nas suas conclusões; mas isso em nada o desmerece,
porque o seu objectivo não era atingir ninguém. Apenas era seu desejo
publicar algumas achegas sobre a história da Madeira a fim de
esclarecer pontos que para ele eram obscuros.
Segundo, o Diário de Notícias de 10 de Agosto de 1963, não era
preocupação do Padre Pita Ferreira fazer história simplesmente, ele ia
em busca da verdade, procurando dar novas interpretações a factos que
já estavam consumados.
Tendo sido um grande entusiasta pela conservação no património
artístico madeirense, colaborou, com muita dedicação, nas exposições
de Ourivesaria Sacra e Esculturas Religiosas que se realizaram no
Funchal nos anos de 1951, 1954, tendo subscrito, juntamente com o Eng.
Luís Peter Clode, os catálogos então editados pela Junta Geral.
Apesar da morte vir surpreendê-lo numa época da vida em que ainda
muito se poderia esperar da sua pena, legou-nos todavia, um conjunto
de obras que o consolidam entre os bons escritos madeirenses.
De entre as várias obras que publicou podemos citar: Notas para a
história da freguesia de Santa Cruz; A Capela do Senhor Jesus e seu
retábulo; A ourivesaria sacra da igreja paroquial de S. Gonçalo; A
oração dos simples (estudo etnográfico); Notas para a história da
Ilha da Madeira - Descobrimento e início do povoamento; O caso de
Machim à face dos documentos; Artistas Madeirenses; A relação de
Francisco Alcoforado; A ordem Seráfila na Madeira e O Infante D.
Fernando, terceiro Santo do arquipélago da Madeira, artigos publicados
na revista Das Artes e da História da Madeira. Para além dstas haverá
ainda a destacar: A época actual e o ideal vicentino (conferência);
Património Artístico da Madeira; Esculturas Religiosas; Santa Missa; O
Natal na Madeira; O mais belo presente da Primeira Comunhão; As
notas para a história da Madeira no Pelourinho; O Arquipélago da
Madeira, Terra do Senhor Infante; O Infante D. Henrique e a Descoberta
e Povoamento do Arquipélago da Madeira; Curso de Iniciação
Catequística (3 volumes); A Sé do Funchal e Tristão das Damas.
Por altura da sua morte aguardava-se a publicação de O Infante D.
Fernando, Terceiro Senhor do Arquipélago da Madeira; Notas para a
História de Santa Cruz e ainda Achegas para a História do Arquipélago
da Madeira, obra que havia dado publicidade em vários artigos
publicados no Jornal da Madeira. Preparava também para publicação uma
obra de grande vulto, A História da Diocese de Funchal, para o que
tinha sido encarregado pelo bispo da Diocese.
A homenagem ao Padre Manuel Juvenal
Pita Ferreira
Na sua reunião de 11 de Novembro de 1964, a Câmara Municipal de Câmara
de Lobos delibera dar o nome do padre Manuel Juvenal Pita Ferreira, à
parte, na altura já terraplenada, da estrada de ligação entre Câmara
de Lobos e Estreito, passando pelo Covão e que se estendia entre a
estrada nacional 101 (junto ao Jardim de São Francisco) e a
Panasqueira, no limite entre as freguesias de Câmara de Lobos e
Estreito.
De acordo com a respectiva deliberação, encontrando-se aberta ao
trânsito a estrada municipal que parte da estrada nacional 101 no
sítio do Espírito Santo e Calçada ao Lombo de São João, desta vila,
cujo traçado remonta há quatro anos e no propósito de interpretar o
sentir unânime de todos os seus munícipes, como preito de homenagem à
memória do dilecto camaralobense, Padre Manuel Juvenal Pita Ferreira,
[...]deliberou [...] por aclamação denominar aquela artéria por Rua do
Padre Manuel Juvenal Pita Ferreira.
No entanto, dois anos haveriam decorrer até que as respectivas
placas toponímicas
fossem colocadas, o que vem a acontecer só a 26 de Agosto de 1966, num
acto, de que fez parte não só uma sessão solene pública nos paços do
concelho, onde também o Dr. Januário Figueira da Silva e o Dr. Eduardo
Antonino Pestana, foram homenageados, como ainda o descerramento das
placas toponímicas.
Ainda que a deliberação de 1964, aparentemente, dê a entender que o
nome do padre Manuel Juvenal Pita Ferreira tenha sido dado a toda a
extensão da estrada em causa, acreditamos, tal como aliás adianta a
notícia do Jornal da Madeira de 27 de Agosto de 1966, que tal só
correspondesse à parte na altura aberta, ou seja, entre o actual
Jardim de São Francisco e a Panasqueira. Para além disso, na ocasião,
só na sua extensão até pouco para além do cemitério é que se
encontrava pavimentada, facto, que terá de certo modo condicionado a
ligação do nome do Padre Pita Ferreira unicamente a este seu curto
trajecto.
Posteriormente, na sua sessão de 18 de Maio de 1995, é então
deliberado definir com exactidão o fim da extensão da rua Padre Pita
Ferreira, fixando-o na Panasqueira, mais precisamente no limite entre
as freguesias de Câmara de Lobos e Estreito, local onde passa a
ostentar o nome de António Prócoro de Macedo Júnior, para na Ponte do
Gato, voltar a mudar a sua denominação para a de Rua João Augusto de
Ornelas.
No Funchal, mais precisamente em
São Gonçalo, no dia 15 de Outubro de 1964, seriam colocadas as
placas toponímicas dando o seu nome ao Largo fronteiro à igreja de
São Gonçalo que ele construiu e serviu.
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