Rádio Local com emissão em frequência modelada 98.8, licenciada para
o concelho de Câmara de Lobos e que aí teve a sua sede, mais
propriamente na freguesia do Estreito de Câmara de Lobos, entre 2 de
Setembro de 1989, data da sua emissão inaugural e Setembro de
1997,data da sua aquisição pela empresa Diário de Notícias e TSF. Ao
ser adquirida por esta empresa, não só a sua sede e estúdios seriam
transferidos para o Funchal, como a sua denominação viria a ser
alterada o mesmo sucedendo, posteriormente com a sua frequência,
dadas as exigências decorrentes da mudança do equipamento emissor,
para uma localização por forma a ficar dotada de uma maior
cobertura, um processo que havia sido iniciado já antes das
negociações que levariam à transmissão do alvará.
Tida como propriedade do Grupo Desportivo do Estreito, como aliás
consta do próprio alvará de rádio difusão, tal na prática não
correspondia à verdade. Com efeito, na altura da candidatura ao
alvará, a iniciativa da candidatura não pertenceu ao Grupo Desportivo
do Estreito mas a sim a Manuel Pedro da Silva Freitas e João da Silva
Azevedo de Freitas, sendo utilizado o nome Grupo Desportivo do
Estreito, para facilitar a candidatura a troco de uma oferta de 40%
numa sociedade a criar posteriormente, entre o clube e um grupo de
pessoas que teriam por responsabilidade de suportar os custos da
entrada em funcionamento da rádio e no qual se incluíam, para além
Manuel Pedro da Silva Freitas e João da Silva Azevedo de Freitas, João
Gualberto Ferreira, na altura presidente da Direcção do Grupo
Desportivo do Estreito.

Entretanto, no decurso de todo este processo de candidatura
verificam-se alterações da direcção do Grupo Desportivo do Estreito,
facto que obriga tacitamente, uma vez que não existiam documentos
escritos sobre o contrato celebrado com o Grupo Desportivo do Estreito
à aceitação de mais seis sócios, três deles pertencentes à nova
Direcção do G.D.E., ficando a quota dos 60% na futura sociedade
dividida metade para os três sócios tidos como fundadores e metade
distribuída equitativamente pelos novos sócios.

Com base neste contrato foi a rádio instalada, tendo a sua primeira
emissão ido para o ar pelas 17 horas do dia 2 de Setembro de 1989,
desde os seus estúdios instalados numa cave do Centro Comercial do
Estreito e assim funcionou durante oito anos. Contudo, por
dificuldades várias, a sociedade prevista desde o início, para se
constituir, nunca se pode concretizar, facto que terá influenciado
negativamente na consolidação e na evolução do projecto inicial.
Ao longo dos 8 anos de existência, foi seu director Manuel Pedro
Freitas e nunca a rádio teve qualquer funcionário, sendo as suas
emissões asseguradas por colaboradores, na sua maioria, naturais do
Estreito de Câmara de Lobos.
Refira-se a este propósito, que a abertura da rádio foi antecedida por
um curto período de formação feita por dois, na altura funcionários da
RDP, o David Caldeira e o Carlos Melim, sendo o grupo de formandos
constituídos por jovens, na sua maior parte estudantes, o que fez com
que não um dos primeiros slogans, posteriormente assumidos por uma
outra rádio fosse o de “Rádio Girão -Rádio Jovem” ou “Rádio Girão – o
prazer de fazer rádio”, como, os nossos inimigos, quando queriam
denegrir a nossa imagem a chamassem de “Infantário”.
Conotada desde o início com o partido socialista, dado o facto de dois
dos seus principais impulsionadores serem na altura seus militantes, a
rádio Girão, apesar de ter sempre mantido uma linha editorial
independente de qualquer estrutura política, foi sempre vista pelo
poder com alguma reserva. Este facto faria com que, relativamente a
outras rádios similares, fosse prejudicada em termos de subsídios
públicos, tendo esta situação constituído mesmo um dos motivos que
esteve na base da sua venda.
Com efeito, em determinada altura, havendo a possibilidade de ser
celebrada com o Governo Regional um protocolo de que resultaria
significativas vantagens financeiras para a rádio e tendo, a rádio
desde logo mostrado vontade de o assinar, as dificuldades burocráticas
viriam contudo a protelar indefinidamente essa assinatura, facto que
viria inviabilizar a concretização de alguns projectos considerados
imprescindíveis para que depois de alguns anos de amadorismo se
enveredasse para um projecto profissional e no qual estava incluído a
modernização de equipamentos, mudança de localização da antena por
forma a lhe dar maior cobertura, etc.
Ainda que houvesse uma grande aposta na conquista do auditório
camaralobense, a verdade é que, a boa cobertura do Funchal, não só
sempre fizesse com que este alvo sempre constituísse uma aposta da
rádio, como se justificasse um investimento nesse sentido.
Apesar das dificuldades que caracterizavam o seu dia a dia, de nunca
ter dado lucro, a verdade é que, com a ajuda e colaboração de todos,
directores e colaboradores, também nunca foi deficitária, bastando por
isso uma pequena injecção de capital, para que fosse possível, mudar
radicalmente a sua situação e transformá-la num projecto mais
ambicioso, num projecto profissional.
Apesar de tudo, apesar das suas dificuldades financeiras e de nos seus
quadros contar só com colaboradores não profissionais, a rádio Girão
era o paradigma das rádios locais e quer pelo seu tipo de música, quer
pela forma de estar, ao longo da sua curta existência, conseguiu-se
individualizar das restantes e conquistou muitas simpatias quer no
Funchal, quer for a dele, chegando a ser a rádio local mais ouvida e a
terceira a nível regional, depois da RDP e do PEF.
Como forma de ultrapassar algumas das suas dificuldades financeiras,
chegou a rádio Girão a vender horas de emissão a entidades privadas,
uma das quais, foi a Igreja Universal, situação que inicialmente
levantaria alguns problemas dentro da própria rádio, mas que
rapidamente seriam ultrapassadas.
Naturalmente que este contrato, por razões obvias, não sendo do agrado
de nenhum dos dirigentes da rádio, foi uma situação de recurso para
fazer frente a compromissos financeiros e terminaria no momento em que
houvesse condições para tal, o que se previa que acontecesse a quando
da assinatura do acordo do o Governo Regional.
Entretanto, perante os atrasos na assinatura desse protocolo, umas
vezes por culpa da rádio, outras não e a necessidade de efectuar
alguns investimentos para mudar a imagem da rádio e iniciar outro
ciclo de vida surgiria um certo desânimo no seio dos seus
responsáveis.
Este facto criaria condições para que a proposta de aquisição da rádio
pelo Diário de Notícias encontrasse receptividade e o negócio
consumar-se-ia, apesar de alguns dos passos inerentes à revitalização
da rádio já terem sido dados, nomeadamente a autorização da mudança de
localização da antena e de frequência, o que nos permitiria o
relançamento da imagem da rádio, como se de uma rádio nova se tratasse
e em vias de aprovação estava a candidatura feita para apoios à
reconversão tecnológica.