Restaurante As Vides


Restaurante
situado na freguesia do Estreito de Câmara de Lobos que, pela
primeira vez, introduziu a espetada confeccionada com carne de vaca,
na restauração madeirense.
Prato
típico madeirense e de comercialização exclusiva por ocasião de
arraiais ou festividades religiosas, a espetada é introduzida na
restauração madeirense nos anos 50, por Francisco da Silva
Freitas, na freguesia do Estreito de Câmara de Lobos.
Começado
por preparar espetada para um circulo de amigos ou conhecidos e em
que, cada espetada era dividida equitativamente por todos, que também
equitativamente a pagavam, cedo esta prática se multiplicou e pouco
a pouco fez atrair até ao pequeno bar de que era proprietário um
cada vez maior número de pessoas, facto que condicionou o
aparecimento de um restaurante.


Ainda que Francisco da Silva Freitas
nunca se tivesse preocupado com a escolha do nome a atribuir ao seu
restaurante, cedo os clientes começaram a referenciá-lo como
“Vides”, facto que está associado ao tipo de material com que
era feito o braseiro para a assar a carne.
Depois do sucesso desta iniciativa, na freguesia do Estreito, a
espetada como prato da restauração madeirense haveria de chegar ao
Funchal, mais propriamente ao Livramento através do restaurante “a
Seta”, acabando, rapidamente por se difundir por toda a Madeira.
Porque a carne de vaca utilizada
na espetada era "fresca" e regional, frequentemente os animais eram
abatidos no próprio restaurante, sendo parte da sua carne utilizada
na confecção de espetada e parte vendida ao público.
A utilização das vides para fazer o braseiro onde a carne era assada
deve-se ao facto destas existirem em grande quantidade, na
localidade, ou não fosse a freguesia do Estreito, uma importante
região vinícola ou melhor, o lagar da Madeira e também ao facto de
ao serem

queimadas não libertarem odor susceptível de alterar o sabor da
carne.
Posteriormente
as vides viriam a ser substituídas por madeira de pinheiro que
apesar de produzirem algum odor, não é suficiente para alterar
significativamente o sabor da carne e tem a vantagem do braseiro
produzido ser mais duradouro do que das vides e por isso
economicamente mais rentável.
O
facto ter sido no Estreito de Câmara de Lobos, o local onde a
espetada foi pela primeira vez introduzida na restauração
madeirense, dá a esta freguesia o estatuto de berço da espetada, o
que quererá dizer que visitar a ilha da Madeira e não comer uma
espetada no Estreito de Câmara de Lobos, é como ir a Roma e não
ver o Papa.
Ao ser criado, o
restaurante As Vides, esteve primeiramente instalado na margem da
actualmente denominada rua da Igreja, onde hoje se ergue o edifício
do centro comercial do Estreito e onde os clientes comiam dentro
barraquinhas construídas com ramos de louro. Posteriormente o
restaurante mudar-se-ia, para as instalações que hoje ocupa na rua
da Achada. Neste local, seguindo a velha tradição, também foram
construídas barraquinhas de louro, dotadas de mesas e cadeiras, onde
os clientes comiam. Um incêndio entretanto ocorrido que haveria de
destruir todas as barracas como o próprio restaurante, levaria o seu
proprietário, a na sua reconstrução, optar por outro tipo de
materiais.
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