RODRIGUES, Alfredo Guilherme
Alfredo Guilherme
Rodrigues era natural da freguesia do Estreito de Câmara de Lobos,
onde nasceu em 1861. Era filho de Manuel Rodrigues e de
Matilde Augusta de Freitas Serrão. Conjuntamente com dois dos seus
quatro irmãos (Henrique Augusto e João Anacleto) viria a se
distinguir na vida funchalense.
Faleceu no
Funchal, em 1942
Casa com Filomena Lopes. Sem descendentes.
Foi comerciante como seus irmãos. Tinha o seu estabelecimento no Largo
do Chafariz, com o nome de «Casa Portuguesa».
O
«Feiticeiro do Norte» nos seus versos «A Cidade do Funchal», faz
referência, no seu estilo muito peculiar, ao estabelecimento de
Alfredo Guilherme Rodrigues, nestes termos:
«(…)
O primeiro negociante
Que é um homem muito feliz,
Tem a sua casa em frente do Largo do Chafariz.
O nome deste senhor
Deste nobre cidadão, está escrito em sua casa
Num renque de guarnição
Sabemos na nossa ilha,
Sabem todos em geral,
Que é a «Casa Portuguesa»
A «Grandella» do Funchal.
(…)»
Alfredo Guilherme Rodrigues inicia nos princípios deste século a
construção da sua residência. Para o efeito, adquire na freguesia de
Nossa Senhora do Monte, a «Quinta Prazer».
Inspirado nos belos castelos franceses, Alfredo Guilherme transporta
para a freguesia do Monte os seus traços arquitectónicos, após a
visita à Exposição Internacional de Paris em 1900.
Edifício demasiado grande para residência, e a braços com algumas
dificuldades financeiras, acaba por transformá-lo num hotel de luxo.
No livro de Manuel Ferreira Pio, «O Monte
—
Santuário votivo da Madeira: retalhos históricos», é
descrito este hotel da seguinte maneira:
«(...) Tinha um magnífico parque com área aproximada de quinze
hectares, alamedas, jardins, nascentes de água, um lago com quedas de
água, repuxos «water chut», botes, jogando-se ali ténis (..) e outras
distracções e divertimentos. (...) diversas salas de jantar, de fumar
e restaurante, (...) câmara escura para fotografia e ainda artigos da
indústria madeirense para venda, completavam o recheio do hotel.
«Naquele hotel afamado há meio século, trabalhavam algumas pessoas do
Monte, algumas delas ainda vivas que recordam com saudade aqueles
tempos.» (pág. 127)
O
«Monte Pallace Hotel» encerra durante a Segunda Guerra Mundial, mais
tarde é vendido e actualmente está projectada a sua demolição, a fim
de
dar lugar a um novo edifício da indústria hoteleira.
Alfredo Guilherme Rodrigues, «A. G. R.» como ele próprio se designava,
era um verdadeiro «gentleman», de porte nobre e altivo. Tinha o culto
do relacionamento social promovendo grandes festas e banquetes. Na sua
faceta de hoteleiro, era conhecido pelo «Sr. Alfredo».
Helena Araújo,
in Diário de Notícias, 22 de Maio de 1983
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