Rua da Achada
Situa-se na freguesia
do Estreito de Câmara de Lobos, ligando a rua José Joaquim
da Costa à rua João Augusto de Ornelas. Ao longo do seu trajecto,
este arruamento atravessa o lugar da Achada, denominação
correspondente à zona central de uma área de terrenos limitada
pela rua Prof. José Joaquim da Costa desde o largo do Patim ao jogo
da Bola, pelo caminho entre o Jogo da Bola e a Ponte do Roque, pela ribeira
entre a Ponte do Roque e a Ponte do Gato, pela rua João Augusto
de Ornelas e pela rua da Igreja .
Uma achada define-se como
pequeno planalto encostado ao flanco de uma montanha ou à vertente
de um vale. No caso do lugar da Achada porque é conhecido uma
pequena área mais ou menos plana, situado nas proximidades da Igreja
paroquial de Nossa Senhora da Graça, na freguesia do Estreito de
Câmara de Lobos, a sua denominação parece corresponder
ao significado da palavra. Com efeito, apesar de se tratar de uma pequena
área ela apresenta-se como um planalto, como
um chão, situado
na vertente de um estreito vale defenido pelo leito da Ribeira Fernanda.
Para além deste
lugar, situado no sítio da Igreja, na freguesia do Estreito de Câmara
de Lobos, a denominação de Achada no concelho de Câmara
de Lobos, surge ainda na freguesia do Jardim da Serra e também no
Curral das Freiras.
A propriedade da Achada
Até 1 de Fevereiro
de 1923, a Achada pertenceu a José Fernandes de Azevedo, ou
melhor, a uma sociedade denominada de José Fernandes de Azevedo
e Filhos Lda., com um capital de 600 mil escudos e gerida por José
Fernandes de Azevedo. Era uma sociedade onde para além do terreno
da Achada, faziam parte outras propriedades na freguesia do Estreito e
no Funchal e constituída por José Fernandes de Azevedo e
seus filhos. Na freguesia do Estreito, esses terrenos para além
da Achada e vizinhança Leste da Igreja paroquial, estendiam-se,
ainda que interseptados por outros proprietários, para norte até
ao Estreitinho sensivelmente, entre a antiga estrada 25 (correspondendo
hoje à rua prof. José Joaquim da Costa, rua da Igreja, Rua
Dr. António Vitorino de Castro Jorge e caminho velho do Estreitinho)
e a ribeira denominada de Fernanda.
Hoje subdividida por vários
proprietários, a partir de 1 de Fevereiro de 1923, os terrenos que
constituem o lugasr da Achada, até então de José Fernandes
de Azevedo passaram para a posse de sua filha Maria Margarida Azevedo Carvão
Gome,mulher de João Eleutério
A 1 de Fevereiro de 1923,
a sociedade é desfeita e os terrenos da Achada, passam na sua maior
parte para a posse de uma das suas filhas, de nome Maria Margarida Azevedo
Carvão Gomes e marido João Eleutério Carvão
Gomes, cabendo também a uma outra sua filha, Eva Maria de Azevedo
Pereira Nunes, terrenos mais a norte, e abrangendo não só
a parte norte da Achada como também da parte leste vizinhança
da igreja.
Parte substancial destes
últimos terrenos seriam posteriormente, expropriados para construção
do troço inicial de estrada Estreito-Covão ou seja na maior
parte da extensão da rua João Augusto de Ornelas, para a
construção do primitivo mercado municipal do Estreito, do
Centro de Saúde do Estreito, da Escola Preparatória e Secundária
do Estreito e ainda Escola do 1º Ciclo Básico do Estreito.
Mais a norte, ainda, as propriedades agrícolas de José Fernandes
de Azevedo ficariam para Maria da Conceição Azevedo Pereira,
casada com Vasco Luís Pereira.
Relativamente aos terrenos
de João Eleutério Carvão Gomes, e que constituiam
a maior parte da Achada, estes viriam a ser posteriormente adquiridos por
Cândido Augusto da Silva, muito provavelmente no início dos
anos 40, uma vez que na sessão camarária de 10 de Outubro
de 1945 é presente um seu ofício solicitando que a renda
da sala da escola feminina, instalada na antiga casa de João Eleutério
Carvão Gomes, fosse averbada em seu nome, em virtude de a ter adquirido.
Cândido Augusto
da Silva posteriormente acabaria também por vender os terrenos a
vários indivíduos, uns, antigos colonos, outros, não
e a Achada acabaria por registar um surto de construção de
novas casas.
Os primórdios
da Rua
Inicialmente atravessada
por uma minúscula vereda particular, destinada praticamente ao acesso
aos terrenos e até dotada de um portão por forma a vedar
a entrada de estranhos, a venda dos terrenos verificada na década
de 50/60 e a crescente fixação de pessoas neste lugar viria
a condicionar a necessidade de a tornar acessível ao trânsito
automóvel. Este acesso aliás tem início por volta
de 1958, ao ser construído por Francisco da Silva Freitas um prédio
destinado a armazenagem de vinhos. Nesta altura, necessitando de fazer
transportar até ao local diversos materiais de construção
civil, terá solicitado, para o efeito, o alargamento da vereda,
facto que mereceu a concordância de Cândido da Silva, ficando
desta forma acessível ao trânsito automóvel os primeiros
50 a 60 metros do actual caminho da Achada, ou seja, entre a rua Prof.
José Joaquim da Costa e o actual portão da Escola Preparatória
e Secundária do Estreito.
Posteriormente, em 1978,
a construção da Escola Preparatória e Secundária
do Estreito, viria a contribuir para o alargamento de um segundo troço
desta vereda, numa extensão de aproximadamente 100 metros, alargamento
para que naturalmente também haveriam de contribuir edificações
entretanto levadas a efeito no lado oposto ao da escola.
A abertura da Rua
Impondo-se cada vez mais
a necessidade do prolongamento deste arruamento até à rua
João Augusto de Ornelas, não só como forma de servir
a população do local, como sobretudo de criar mais uma alternativa
em termos de escoamento de trânsito do centro da freguesia, esta
pretensão ganha novo fôlego depois de 1990, não só
através da intervenção dos responsáveis pela
Junta de Freguesia de então, como de alguns populares.
Assim, na sua sessão
de 29 de Abril de 1993, a Câmara Municipal de Câmara de Lobos,
não só aprova o caderno de encargos e programa de concurso
relativos a esta obra denominada de construção do troço
de caminho municipal entre o portão sul da escola preparatória
e a estrada municipal do Covão-Câmara de Lobos, como delibera
mandar abrir concurso público para adjudicação da
respectiva obra, sendo de 21.110.900$00 a respectiva base de licitação.
O concurso tem lugar a
23 de Julho de 1993, tendo sido a obra adjudicada a José Avelino
Pinto pelo valor de 19.540.900$00. Em Outubro de 1994 estava a obra concluída
e a 30 de Novembro de 1994, por proposta da Junta de Freguesia, a Câmara
Municipal delibera atribuir a esta rua a denominação de Rua
da Achada, nome porque era tradicionalmente conhecido o local.
No dia 7 de Dezembro de
1994, com a presença do Governo Regional da Madeira, tem lugar a
sua inauguração e descerramento das respectivas placas toponímicas.
A escola feminina e
pré-primária
Esta rua apesar das suas
reduzidas dimensões, pouco mais de 300 m, está associada
a algumas importantes referências que constituem marcas com algum
significado na vida da localidade.
Com efeito, no velho prédio
situado na sua margem esquerda, junto ao seu cruzamento com a rua Prof.
José Joaquim da Costa, e que ao que parece teria servido de residência,
pelo menos de campo, a João Eleutério Carvão Gomes,
esteve instalada no seu piso superior, durante muitos anos uma denominada
escola feminina do Estreito, e que paralelamente, chegou também
a servir de residência do respectivo professor. Em 1945 quando Cândido
Augusto da Silva a adquiriu, estava nela instalada uma escola primária.
Aliás, só
por volta de 1984 é que nestas instalações deixaram
definitivamente de serem utilizadas pelo ensino primário, uma vez
que a 14 de Novembro de 1982, a quando da inauguração da
hoje denominada Escola Básica do I Ciclo do Estreito, uma das 13
classes a serem transferidas para o novo edifício não o pôde
ser em virtude deste estar apenas dotado de 12 salas. Neste local
esteve instalada desde 1979 ou 1980 uma pré-primária, transferida
no fim do ano lectivo de 1989/90 para o edifício da Escola Básico
do 1ª Ciclo do Estreito.
A sede do CCRE Junta
e Casa do Povo
Para além de edifício
escolar, neste velho prédio, pertença da Câmara por
arrendamento, esteve instalado sensivelmente entre 1975 e 1976 um Centro
Cultural e Recreativo do Estreito.
Sem que alguma vez tivesse
tido estatutos, esta associação cultural surgira em consequência
do encerramento, ocorrido em finais de 1974, das antigas instalações
da organização católica de juventude JAC, anexas à
igreja paroquial, por forma a preencher a lacuna deixada em termos de espaço
cultural e de passagem de tempos livres, de um grupo de jovens na sua maior
parte estudantes.
Sensivelmente na mesma
altura em que este grupo de estudantes solicitava estas instalações,
o Dr. António Augusto de Gouveia, fazia o mesmo, mas com vista à
instalação de uma auto-proclamada comissão instaladora
para uma Junta de Freguesia, com o objectivo de substituir o então
regedor, pretensão para a qual não teve, no entanto, parecer
favorável.
A 27 de Janeiro de 1977
a Câmara, no entanto manda proceder à sua desocupação,
afim de aí instalar a Junta de Freguesia do Estreito, que ali realizou
a sua primeira reunião a 9 de Abril do mesmo ano.
Em Janeiro de 1990, encontrando-se
os restantes compartimentos desocupados, na sequência da transferência
da pré-primária verificada no ano anterior, a Junta acabaria
por ocupar todo o piso superior do edifício, cedendo contudo em
1990, uma sala para sede da Casa do Povo do Estreito, reactivada por iniciativa
da Junta de freguesia e em 1991 volta a ceder outra das salas à
Academia de Línguas da Madeira, a quem havia sido convidado para
se instalar do Estreito.
A 14 de Maio de 1996,
com a inauguração da nova sede da Junta de Freguesia e Casa
do Povo do Estreito, à rua Capitão Armando Pinto Correia,
e logo depois com a transferência da Academia de Línguas da
Madeira para as instalações da Fundação D.
Jacinta de Ornelas, o edifício acabaria por ser cedido ao respectivo
ao proprietário.
Como curiosidade refira-se
que no outro lado da rua, em frente deste edifício, chegou a Câmara,
por deliberação de 25 de Julho de 1991, a tomar de arrendamento
uma loja para aí instalar provisoriamente o posto de polícia
que na altura estava a ser criado, situação que acabaria
por não se verificar, tendo tal espaço funcionado durante
algum tempo como arrecadação da Junta de freguesia.
Do cinema às
Vides
A cerca de 50 metros deste
edifício, encontra-se as actuais instalações do restaurante
As Vides. Criado nos anos 50, nas proximidade da rua da Igreja, em 1983,
mudou-se para este local, funcionando no piso superior de um antigo armazém
de vinhos, tendo a 9 de Janeiro de 1987 sido alvo de um grande incêndio.
A propósito deste armazém, para além da sua construção
ter sido o factor desencadeante para o alargamento do primeiro troço
da actual rua da Achada, foi o seu terraço, no início dos
anos 60, sede durante algum tempo, de projecções públicas
de cinema ao ar livre.
A Escola Preparatória
e Secundária do Estreito, primitivamente denominada de Escola Preparatória
Gil Eanes, é outra das mais importantes referências deste
arruamento. Ainda que a sua entrada principal se situe na rua João
Augusto de Ornelas, possui esta escola uma entrada secundária, o
portão sul, com acesso através desta rua e destinada sobretudo
ao parque desportivo. Nele encontram-se implantadas um ringue de
patinagem e uma piscina construídas pelo Grupo Desportivo do Estreito
mediante protocolo com a Secretaria Regional da Educação
e Cultura e inauguradas respectivamente em 3 de Julho de 1996 e em 24 de
Maio de 1997.
Bibliografia:
Livro 170-B, Fls. 32 de
1 de Fevereiro de 1923, do 1º Cartório. Notário Frederico
Augusto de Freitas.
|