Rua
Dr. Alberto Henriques de Araújo
Arruamento que liga o lugar do Calvário, na
freguesia do Estreito de Câmara de Lobos às Corticeiras, na freguesia
do Jardim da Serra, onde termina junto ao cruzamento constituído pela
Rua das Corticeiras, Estrada da Boca dos Namorados e Caminho de Santo
Isidro e Rua Dr. Alberto Henriques de Araújo.
Aberta em 1948, foi
por deliberação camarária de 18 de Maio de 1995, dado
a esta estrada o nome do advogado, político e jornalista,
Dr.
Alberto Henriques de Araújo.
A 31 de Janeiro de 1946,
o Eco do Funchal anunciava que a Câmara Municipal de Câmara
de Lobos iria proceder à construção de uma nova estrada
entre o sítio do Calvário e o Cabo do Podão, na freguesia
do Estreito de Câmara de Lobos, com uma largura de 5 metros e uma
extensão de 1.789 metros e que deveria ficar concluída em
1946, num projecto do Eng. António Ribeiro Pereira. Contudo, as
obras desta estrada que constitui a quase totalidade da extensão
da actual rua Dr. Alberto de Araújo, viria a sofrer alguns atrasos,
uma vez que só se iniciariam dois anos depois, em 1948.
Denominado de caminho
municipal entre o Calvário e o Estreitinho, ao longo do seu trajecto,
a estrada viria a cortar perpendicularmente por três vezes a antiga
estrada Real 25 que ligava o Funchal a São Vicente.
Na sua sessão de
4 de Setembro de 1946, a construção da primeira fase (terraplenagem)
desta estrada orçada globalmente em 487.809$52 é incluída
no plano de actividades da Câmara Municipal para o ano seguinte.
A inclusão desta obra é aliás reforçada por
indicação da Direcção Geral dos Serviços
de Urbanização da Junta Geral, ao fazer constá-la
dos seus planos de melhoramentos urbanos e rurais aprovados para 1947 e
cujo extracto é presente na sessão camarária de 30
de Dezembro de 1946.
Na sua sessão de
23 de Abril de 1947 a Câmara é informada de que o Estado havia
comparticipado a obra em 156 mil escudos, motivo porque coloca em concurso
a sua realização.
A abertura da rua
Apesar de ser terem realizado
concursos a 18 de Junho e 16 de Julho, só a 13 de Agosto de 1947
é que surge um candidato, João Azevedo de Nóbrega,
a quem é adjudicada a obra pelo valor de 240.500$00.
Contudo, ter-se-ão
registado algumas demoras no início dos trabalhos uma vez que, o
Eco do Funchal de 18 de Março de 1948, ainda anunciava que no plano
da Câmara Municipal de Câmara de Lobos para esse ano estava
prevista a construção dessa nova estrada entre o Calvário
e o Estreitinho, lugar situada a 300 metros das Corticeiras, obra que não
só permitiria maior facilidade de comunicação entre
as populações como permitiria o desenvolvimento turístico
da freguesia.
Recorde-se a este propósito
que esta via de comunicação iria permitir o trânsito
automóvel às proximidades quer da Boca da Corrida, quer da
Boca dos Namorados quer ainda ao Jardim da Serra, pontos de interesse turístico,
na altura muito procurados.
As obras de calcetamento
No dia 1 de Fevereiro
de 1951, depois de terem sido feitos três concursos para adjudicação
da 2ª fase - pavimentação da estrada - sem que tivessem
aparecido candidatos, é deliberado solicitar autorização
para que um novo concurso fosse aberto mas sem base de licitação,
o que vem a acontecer, conforme ofício do Director-Geral dos Serviços
de Urbanização, presente na sessão camarária
de 28 de Fevereiro de 1951.
O concurso desta 2ª
fase da estrada entre o Calvário e o Estreitinho, orçada
em 176.400$00, é então agendado, sem qualquer base de licitação,
para o dia 14 de Abril de 1951. A ele concorreriam Manuel Marques, natural
da freguesia do Estreito e a Empresa de Construção Civil
Lda., o primeiro pela quantia de 310.355$50 e o segundo pela quantia de
315.516$63.
Contudo, um parecer da
Direcção-Geral dos Serviços de Urbanização
recomenda a sua não aceitação por parte da Câmara,
por serem demasiado exageradas, em termos de preço, motivo porque
a Câmara na sua sessão de 23 de Maio de 1951 delibera não
fazer a sua adjudicação.
A 9 de Janeiro de 1952,
a Câmara aprova o programa e caderno de encargos referentes a esta
obra e anuncia o respectivo concurso, sendo de 260.161$00 o valor da base
de licitação, fixando o dia 6 de Fevereiro para o efeito.
Tendo concorrido dois
empreiteiros, a adjudicação da obra realizada, na sessão
de 20 de Fevereiro, seria dada à Empresa de Construção
Civil Lda., pelo valor de 229.709$00.
As obras correspondentes
a esta 2ª fase, ter-se-ão iniciado no mês de Março
de 1952, a avaliar pelo facto de na sessão camarária de 19
de Março ter sido presente um ofício da empresa concessionária
pedindo a interrupção do trânsito automóvel.
Nesse sentido, também um comunicado de um dos zeladores da Câmara
informava na sessão camarária de 30 de Abril de 1952 que
as obras, nesta altura já iam adiantadas e que por isso deveriam
ser visitadas pelo técnico responsável.
Na sessão camarária
de 14 de Maio de 1952 era autorizada a primeira liquidação
referente a esta obra.
A 13 de Agosto de 1952,
a estrada já estava calcetada, pelo que a Câmara considerando
a necessidade de zelar a sua conservação, delibera assalariar
a título eventual um indivíduo para o efeito.
A carreira de automóveis
Funchal-Corticeiras
Por outro lado, nesta
mesma sessão, é presente um ofício da Direcção
dos Serviços Industriais , Eléctricos e de Viação
remetendo um edital respeitante ao pedido de uma carreira de passageiros
entre o Funchal e as Corticeiras e perguntando se a Câmara via inconvenientes,
ao que a Câmara naturalmente respondeu que não.
A 14 de Outubro de 1953
era feita a liquidação final da obra, que no entanto em sessão
de 30 de Dezembro de 1953 é alvo de correcção, sendo
nesta mesma altura aprovado o auto de recepção.
A 10 de Março de
1954 em resposta a uma circular proveniente da Direcção-Geral
de Urbanização, esta entidade é informada, por parte
da Câmara, da possibilidade de poder ser esta estrada inaugurada
a 28 de Maio de 1954.
A atribuição
da denominação da rua
Na sua sessão de
18 de Maio de 1995, a Câmara Municipal de Câmara de Lobos,
atribui o nome do Dr. Alberto de Araújo, a este arruamento.
Ainda que não havendo,
infelizmente, qualquer justificação para essa opção
parece-nos plausível admitir que para além das suas capacidades
como advogado, jornalista e político terá pesado na sua decisão
camarária a relação do Dr. Alberto de Araújo
com o concelho de Câmara de Lobos, donde era natural seu pai e, em
particular, com a freguesia do Estreito, onde possuía propriedades,
das quais a mais importante é a chamada Quinta das Romeiras e onde
era também alvo da maior estima e respeito por parte da sua população.
Este facto terá
aliás feito com que tivesse sido um importante interlocutor junto
das instâncias superiores para resolução de algumas
das carências da freguesia do Estreito e do concelho de Câmara
de Lobos.
A Quinta das Romeiras
Neste arruamento situa-se
a Quinta das Romeiras, denominação decorrente do sítio
onde está implantada e que foi propriedade do Dr. Alberto de Araújo,
facto que segundo opinião de alguns terá acelerado a sua
abertura.
Com efeito, possuindo
o Dr. Alberto de Araújo esta propriedade, situada quase na extremidade
norte da rua que hoje ostenta o seu nome, e sendo ele deputado à
Assembleia Nacional, terá feito alguma pressão no sentido
da sua abertura, concretizando-se desta forma uma pretensão já
antiga de tornar acessível ao automóvel os pontos de maior
beleza da freguesia do Estreito de Câmara de Lobos, hoje integrados
na freguesia do Jardim da Serra.
Não sendo natural
da freguesia do Estreito, esta propriedade surge, muito provavelmente da
sua relação com a Quinta do Jardim da Serra, localizada nas
proximidades e na altura pertencente a familiares seus.
A casa de residência
terá sido construída na década de 40 segundo um projecto
da autoria do arquitecto Raul Lino autor do livro Casas Portuguesas.