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Rua João Ricardo Ferreira César
Denominação dada, por deliberação camarária de 22 de Maio de
1997, ao arruamento da freguesia de Câmara de Lobos, no sítio da
Ribeira de Alforra e Fonte Garcia, que partindo da estrada de Santa
Clara, na zona conhecida por Tabaibas, margina a igreja paroquial do
Carmo e termina no caminho das Preces, não sem antes dar acesso ao
caminho do Terço e ao nó da estrada da Liberdade, situado na zona do
Limoeiro.
A rua João Ricardo Ferreira César resultou do alargamento de parte de
um antigo caminho municipal de acesso ao lugar do Terço, na sua
extensão entre as Tabaibas e a Fajã das Freiras, caminho esse que
também já havia sido sujeito a um outro alargamento na década de 40 e,
da transformação em estrada, de uma vereda que ligava o caminho do
Terço, na zona da Fajã das Freiras, ao caminho das Preces e servindo
de passagem a uma levada que, desde a freguesia do Estreito,
transportava água para irrigar Câmara de Lobos.
O caminho
Fajã - Preces
As obras de construção do caminho entre a Fajã das Freiras e o caminho
das Preces, da iniciativa da Junta de Freguesia de Câmara de Lobos,
teve início por volta de 1983, prolongando-se depois por vários anos e
acabando também por permanecer durante muito tempo na fase de
terraplanagem.
Se foi com muita satisfação que a população cedeu os terrenos
necessários à obra e que assistiu à sua abertura, já o tempo durante o
qual a estrada esteve em terra, foi vivido com algum descontentamento,
dando desse facto testemunho, o Diário de Notícias, na sua edição de
20 de Março de 1992.
Posteriormente, a Câmara Municipal assumiria a responsabilidade pela
obra e, a 14 de Outubro de 1993, aprova o respectivo caderno de
encargos e programa de concurso e delibera abrir concurso público para
adjudicação da sua conclusão. A 6 de Janeiro de 1994 foi a obra
adjudicada à firma Gaspar de Andrade & Filho Lda, pelo valor de
30.894.000$00.
Em 1995, as obras que acabariam por atingirem 40 mil contos, seriam
concluídas, tendo a inauguração sido feita a 30 de Junho desse ano.
Se este troço da hoje rua João Ricardo Ferreira César, gerou, pela
demora verificada na sua conclusão, algum descontentamento, o troço
entre as Tabaibas e a Fajã das Freiras não lhe ficou atrás.
Caminho
Tabaibas - Fajã
O caminho que se estende entre a estrada de Santa Clara, no lugar
das Tabaibas e a Fajã das Freiras e que constitui o troço inicial da
rua João Ricardo Ferreira César, era um estreito caminho que se
continuava pelo hoje denominado caminho do Terço e nos anos 40 terá
sido alvo de um primeiro alargamento, por forma a permitir o
trânsito automóvel. Com a construção da igreja paroquial do Carmo,
alguns metros iniciais, situados na margem da igreja, voltam na
década de 60, a serem alargados, tendo sido as obras de beneficiação
e pavimentação deste ramal, ao que se supõe, pela da leitura da acta
camarária de 22 de Junho de 1978, incluídas na primeira fase da
construção do caminho municipal entre os sítios do Rancho e
Caldeira.
Posteriormente, em 1994, procedeu-se ao alargamento na restante
extensão até à sua ligação com o caminho Fajã das Freiras – caminho
das Preces, tendo as respectivas obras feito parte da empreitada de
construção deste mesmo caminho e inaugurado, tal como ele, a 30 de
Junho de 1995.
Em Abril de 1995, descontente com o mau estado do piso deste velho
caminho, decorrente tanto das obras necessárias ao alargamento, que em
determinada altura haviam parado, como em consequência da constante
passagem de camiões ao serviço das obras de construção da via rápida,
a população local unir-se-ia em protesto contra esta situação.
Um caminho
de protestos
Com efeito, cansada de esperar por um melhoramento que tardava a
chegar, foi-se pouco a pouco criando na população um sentimento de
descontentamento, aproveitado com alguma oportunidade, por activistas
políticos, alguns com ligações à CDU, que acabariam por conseguir
reunir a população em acções mediáticas, numa tentativa de resolverem
um problema que há muito se arrastava e que a via do diálogo não
parecia dar quaisquer resultados.
Assim, de acordo com o Diário de Notícias de 9 de Abril de 1995,
depois de uma promessa não concretizada pela Câmara no sentido de
minimizar o problema existente, a população acaba, por no dia 10 de
Abril, proceder durante algumas horas ao bloqueio da estrada, obtendo
com essa iniciativa o compromisso do presidente da edilidade em o
resolver, reiniciando-se as obras no dia seguinte.
Em comunicado publicado na imprensa do dia 12 de Abril, a Câmara diz
reconhecer os incómodos causados à população da zona em apreço,
provocada exclusivamente pelo inusitado movimento de camiões,
transportando terras das escavações da obra da via rápida,
adiantando ainda que por várias vezes havia pressionado o
adjudicatário da obra em causa, no sentido do mesmo proceder à
reposição do piso de modo a viabilizar o percurso automóvel em
condições minimamente aceitáveis. A este propósito, refere que no
início da semana anterior havia acertado com os técnicos da
empresa, a forma e o modo como se processaria a reposição do
pavimento. Nesse sentido, e com o objectivo de não prejudicar o bom
andamento da obra, foi acertado que o pavimento seria reposto, em
betão, no fim da tarde de sábado para que a secagem desse material se
processasse com naturalidade durante o fim de semana. Depois de
lamentar que, precisamente no dia em que tais obras se iriam iniciar,
é que surgiu o bloqueio da estrada, termina a Câmara este comunicado
referindo que não enjeitando as suas responsabilidades face aos
atrasos verificados na reparação, aproveita para repudiar a
atitude de alguns indivíduos, certamente instrumentalizados por
manobras politico-partidárias, veiculadas por agitadores sem quaisquer
escrúpulos, e que no fundo, apenas pretendem inviabilizar o
desenvolvimento e o progresso que, com apoio de todos continuaria
a promover.
A este propósito, em carta publicada na edição do Diário de Notícias
de 22 de Abril e assinada por um grupo de moradores, estes negam
qualquer envolvimento de pessoas ligadas às cúpulas de qualquer
partido político.
Referências
importantes
Como referências mais importantes desta rua haverá a salientar a
igreja paroquial do Carmo; a escola primária da Ribeira de Alforra e
Fonte Garcia, inaugurada a 10 de Abril de 1984; o primitivo Centro de
Saúde do Carmo e, naturalmente, o acesso à estrada da Liberdade,
através do nó do Limoeiro, inaugurado em 3 de Julho de 1998. Nesta rua
terá existido ainda uma cooperativa de consumo denominada de Unicarmo,
muito provavelmente constituída no decurso de 1975 e cujo recheio terá
sido destruído no dia 15 de Fevereiro de 1977
[1].
A Igreja
do Carmo
As obras que viriam a conduzir à edificação da igreja do Carmo,
iniciaram-se a 29 de Julho de 1962, com a construção da residência
paroquia. Posteriormente, seria então construída a igreja paroquial,
segundo um projecto concebido pelo Arquitecto Marcelo Costa, tendo a
sua bênção ocorrido a 13 de Dezembro de 1969 e a dedicação ao seu
orago, Nossa Senhora do Carmo, a 16 de Julho de 1986. Antes da sua
bênção, serviu de sede a esta paróquia a capela de Nossa Senhora das
Preces. Foi seu primeiro pároco, o padre António Alberto de Sousa.
O Centro de
Saúde do Carmo
Anexo à hoje rua João Ricardo Ferreira César funcionou, um Dispensário
Materno-Infantil, posteriormente denominado de Centro de Saúde.
Instalado no início da década de 60, provavelmente no decurso de 1963,
em instalações alugadas, viria a ser, em finais de 1970, princípios de
1971, transferido para um edifício construído para o efeito, na mesma
rua, pela igreja do Carmo, em terrenos pertencentes à respectiva
paróquia e onde permaneceu até 28 de Novembro de 1997, dia em que
novas instalações, já governamentais, são inauguradas no complexo
habitacional do Serrado do Mar e para lá transferido.
A propósito da instalação do Dispensário Materno-Infantil, haverá a
destacar o importante papel do padre António Alberto de Sousa, pároco
local e, desde a primeira hora, apoiante desta iniciativa e sobre quem
terá recaído a tarefa de negociar o arrendamento das suas primeiras
instalações. Em 1969, conforme refere o Padre António Alberto de Sousa
ao Jornal da Madeira de 11 de Dezembro desse ano, este dispensário
esteve na eminência de encerrar em virtude do proprietário do prédio
onde se encontrava instalado não o poder disponibilizar por mais tempo
e, não existir outro imóvel com as condições mínimas necessárias. Este
facto faz com que o padre António Alberto, num esforço de manter a
continuidade destes serviços na localidade, se tivesse substituído ao
governo e, juntamente com os seus paroquianos, tivesse construído em
terrenos da igreja, instalações destinadas a albergar o dispensário.
A homenagem
a João R. F. César
Por deliberação de 22 de Maio de 1997, a Câmara Municipal de Câmara de
Lobos, atribui o nome de João Ricardo Ferreira César à rua que se
estende entre a estrada de Santa Clara, no lugar das Tabaibas e o
caminho das Preces.
Ainda que, a exemplo do que tem vindo a acontecer em situações
semelhantes, não haja qualquer referência em acta, sobre as razões que
terão motivado esta homenagem, não se poderá deixar de referir o facto
do homenageado, durante vários anos, ter feito parte, como vereador da
Câmara Municipal de Câmara de Lobos e, fundamentalmente o facto de, ao
longo da sua vida, se ter revelado um incansável lutador pela
irrigação do concelho de Câmara de Lobos, nomeadamente através do
Sindicato Agrícola de Câmara de Lobos, de que foi um dos seus
principais impulsionadores. Este sindicato viria a estar na origem de
um projecto que pretendia transportar, desde o norte da ilha da
Madeira, água para rega aos concelhos da Ribeira Brava e Câmara de
Lobos, projecto esse que viria, no entanto, a claudicar perante as
dificuldades encontradas, mas que posteriormente, vem a ser
concretizado pela Comissão Administrativa dos Aproveitamentos
Hidráulicos da Madeira (C.A.A.H.M.), através da construção da levada
do Norte.
Informações
a propósito desta destruição vêm insertas nas edições do Diário de
Notícias de16, 17 de Fevereiro e de 22 de Fevereiro de 1977, sendo
publicado nesta última um breve historial da cooperativa. Ver
também notícia publicada no Jornal da Madeira de 20 de Fevereiro
de 1977.
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Câmara
de Lobos
Dicionário
Corográfico
Edição electrónica
Manuel
Pedro Freitas
Câmara de Lobos, sua gente, história e
cultura
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