CÂMARA DE LOBOS - DICIONÁRIO COROGRÁFICO

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Serpa Pinto

 

 

Serpa Pinto

 

De seu nome completo, Alexandre Alberto da Rocha Serpa Pinto, era natural do sítio de Poldros, freguesia Santa Catarina de Tendães, concelho e comarca de Sinfãs, no distrito de Viseu, onde nasceu a 20 de Abril de 1846, tendo falecido a 28 de Dezembro 1900. Era filho do Dr. José da Rocha Miranda Figueiredo e de Carlota Cassilda de Serpa Pinto

Matriculou-se no Colégio Militar em 1858, e sentou praça em 13 de Agosto de 1863, no Regimento de Infantaria 7, sendo promovido a alferes em 19 de de Junho de 1864. Em Maio de 1860, sendo já tenente, alistou-se voluntariamente na coluna que, sob o comando de Tavares de Almeida ia atracar o célebre Bonga, nas margens do Zambéze. Comandando uma força de cipaios prestou ali importantes serviços, batendo-se com a maior valentia nos combates nos dias 23, 24 e 25 de Novembro, em que foi forçoso retirar do campo de Massangano. Foi o próprio Sr. Tavares de Almeida quem se encarregou de fazer o elogio do valente oficial, confessando que fôra ao valor e à dedicação deste que se devera a salvação de uma parte da força expedicionária.

Regressando a Portugal em 1871, serviu nos regimentos: de Infantaria 9 em Lamego, de caçadores 6 em Leiria, 10 em Angra e 12 no Funchal.

Não lhe sofrendo o ânimo, esforçado e empreendedora permanecer como que inactivo na vida dos quartéis regimentais, parte novamente, em 7 de Julho de 1877, com Brito Capelo e Roberto Ivens, para o continente africano, em viagem cientifica, cujo objectivo estudar as relações hidrográficas entre as bacias dos rios Zaire e Zambeze, bem como os países entre Angola e Moçambique, procurando ligar estas colónias por terra.

No final do século XIX, grande parte do continente africano era ainda mal conhecido. Os países europeus, visando alargar os seus domínios para além das colónias costeiras, enviavam homens como David Livingstone e Henry Stanley em viagens de exploração. Temendo perder o direito sobre algumas áreas, o Governo português votou um orçamento de 30 contos de réis para uma expedição ao interior da África Austral, que deveria partir de Lisboa a 5 de Julho de 1877. Alexandre de Serpa Pinto e os seus companheiros Hermenegildo Capelo e Roberto Ivens tinham por missão estudar as relações hidrográficas entre as bacias dos rios Zaire e Zambeze, bem como os países entre Angola e Moçambique, procurando ligar estas colónias por terra. Era o velho sonho do mapa cor-de-rosa, a que o ultimato de 1890 colocaria um fim dramático. Em Paris e em Londres, foram encomendados os artigos para a viagem, mas o explorador moderno não pode deixar de sorrir perante a bagagem acumulada no porto de Lisboa. "Só malas tínhamos 17!", lembrou Serpa Pinto no seu livro. "Uma era um toucador perfeito; outra continha um serviço de mesa e chá para três pessoas; e uma terceira o trem de cozinha." Levaram também armas, tendas, camas, mesas, cadeiras e até banheiras de cauchu. Um barco de borracha da casa Macintosh, em Londres, seria um precioso aliado na travessia de tantos rios. A 6 de Agosto de 1877 chegaram a Luanda. Dias depois, o grupo recebeu a notícia de que Stanley acabara de descer todo o curso do rio Zaire, cumprindo parte do propósito da expedição. Foi decidido então partir de Benguela, dali procurar o rio Cunene, e seguir até ao Zambeze. Em Benguela, encontraram Silva Porto, que com eles partilhou a sua experiência de 20 anos nos sertões africanos. Por fim, a 12 de Novembro, partiram, levando 69 carregadores, seis jumentos e os moleques de serviço. A 7 de Janeiro, chegaram a Caconda, "o ponto mais interior onde hoje, no distrito de Benguela, tremula a bandeira portuguesa", e ali encontraram o zoólogo José de Anchieta. A dificuldade em conseguir carregadores levou Serpa Pinto ao Huambo, deixando para trás Capelo e Ivens. Em Fevereiro, ao chegar à aldeia de Capoco, recebeu uma carta dos seus companheiros informando-o que partiam sem ele para NE. Desolado e com apenas dez homens, Serpa Pinto viu-se numa situação difícil, mas decidiu seguir avante. Cumprir a missão que lhe fora incumbida era uma questão de honra.
Foi oficial da Ordem da Torre e Espada e da Ordem de Cristo. Foi deputado às Cortes por Sinfães, tendo sido eleito pelo partido do Progresso.
 Foi-lhe concedido o título de Visconde de Serpa Pinto e exerceu o cargo de governador de Cabo Verde, aonde prestou a importantes serviços.

Na sua sessão de 6 de Fevereiro de 1890, a Câmara Municipal de Câmara de Lobos dá o seu nome a um arruamento existente no centro da cidade de Câmara de Lobos, estendendo-se desde a rua de Nossa Senhora da Conceição até ao cais.

A atribuição do nome de Serpa Pinto a esta rua verificou-se na sequência da onda de patriotismo e de idolatração dos heróis africanos, desencadeada pelo apresentação ultimato inglês a Portugal.


 

Bibliografia:

National Geographic Magazine.

In Diário Popular, 30 de Dezembro de 1900.

 

 

 

Câmara de Lobos

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Edição electrónica

Manuel Pedro Freitas

Câmara de Lobos, sua gente, história e cultura