Segundo o correspondente
de "O Jornal", num seu artigo publicado a 21 de Outubro de 1932 As festas
de Setembro eram aguardadas pelos crentes com tanto entusiasmo, como o
Natal do Menino Jesus; dias antes ninguém falava senão nos
preparativos materiais: uns querem estrear um fato, outros umas botas;
umas um vestido, outras uma mantilha, o modesto lenço vai passando
à história; os miúdos discutem sobre os foguetes que
vão apanhar, a roda manhosa que vai vir, a "electricidade"... As
donas de casa, essas preocupam-se com a lavagem das roupas, com o mandar
moer o trigo, para amassadura e quase sempre a água falta para esta
necessidade, pois não há freguesia que tão pouco tenha;
apoquentam-se com melhoria das refeições; a rez que se há-de
matar ou a carne que se deve comprar e o dinheiro é muito escasso
porque o bordado está mal pago e os homens com pouco trabalho e
nesses dias não se pode comer batatas.
Os exploradores a disputar
o lugar para as barracas forradas de louro, onde se há-de vender
a carne e as bebidas; a busca de tocos secos, para as fogueiras das espetadas...
Não sei se isto vai bem assim, porque há caturras, que entendem
que uma correspondência, deve ser no estilo lamentação
de germias.
Nos festreiros então
é que são elas, há noite que nem dormem e só
para pensarem na música, no fogo, nas varas, nas bandeiras, nas
flores, donde há-de vir tudo isto? E o pregador quem será?
Ora deve ser o Sr. Vigário, é verdade que sempre a mesma
cara, mas não se demora muito e assim gasta-se menos cera... E as
festeiras, essas o seu encargo, é mostrar a loiça e preparar
comida para os enfeitadores e os que vêm ajudar e que depois de comer
e beber se raspam... São estes geralmente os prelúdios da
festa no dizer de Trindade Coelho no seu livro de contos "Os Meus Amores".